Nesta época do ano era habitual o país entrar em notícias rendilhadas, ou seja, falava-se de tudo menos do que seria importante. Os interesses centravam-se nos amores recentes, nas trocas dos antigos, nos vestidos e penteados, nas festas daqui, dali e d'alem mar, enfim abordavam-se toda a espécie de trivialidades. E era muito descansativo!
Agora, tudo isso se perdeu sob o manto diáfano da seriedade e do rigor. Já não há silly season. Quando muito, teremos que nos contentar com as notícias da Lux ou da Caras, dado que a Hola, com os problemas internos da Espanha, perdeu muito do seu fulgor. Mas mesmo as referidas nacionais, a que com alguma boa vontade se poderão acrescentar a Vip ou a Flash, mesmo essas, não conseguem dar conta do serviço por falta de material.
Exceptuando o Cristiano e a Irina que ainda despertam os portugueses da letargia em que vivem, o que é certo é que já não há jardins da Parada ou betinhos que nos valham. A globalização fez desaparecer o beautiful people e, os resquícios que ainda subsistem, não dão para mais de duas paginas com fotos e texto escassos.
A crise é, nos nossos dias, pasme-se, o tema central das revistas cor de rosa que assim se tingem de um cinzento outonal. Que pena. Que falta nos fazem aqueles floreados da época!
HSC
16 comentários:
Ora, estava todo convencido que a silly season tinha começado em grande com uma missiva de Gaspar e umas swaps de Maria Luís. Assevero que ouvi foguetes e tiros ao ar. Os jornais já deixaram de ser rosa...? Não notei.
Como não sou leitor dessa elevada literatura atada a fio do norte, nem sabia...
Melhores cumprimentos.
Engraçado! Não sabia que as revistas "cor de rosa" agora também falam na crise... Tinha na minha cabeça que elas (essas revistas) só lidavam (falavam) com gente que não tinham problemas financeiros, excluindo os sentimentais, que esses sim, as alimentavam, mas tudo na maior. Mas é a crise, que não chega a todos ao mesmo tempo...
Cumprimentos,
Cara Helena,
"A tradição já não é o que era"...
Até a Hola (que, antigamente, muitos liam como IHola, à conta do ponto de exclamação ao contrário) deixou de ter o glamour de outrora e recorre também à "brigada do croquete" lá do burgo.
Isabel BP
Tem razão, querida Drª Helena:
A crise invadiu-nos, melhor: cercou-nos e agora estamos rodeados por ela.
Seja nas revistas cor-de-rosa, seja nos programas de entretenimento que começam frequentemente por "esqueça a crise..." como querem eles que a esqueçamos se estão sempre a lembrar-nos dela!
Por mim, já há muito que deixei de ler as chamadas revistas cor-de-rosa e mesmo os programas de entretenimento são poucos os que vejo. Nem Internet ligo muito... de manhã vou ao e-mail, ver se tenho correspondência (depois de quase 500 currículos enviados não vá eu perder a oportunidade que alguém me contacte. Apesar de já ter trabalho em Setembro, porque o infantário este mês está de férias, finalmente arranjei trabalho - ainda por cima a fazer o que gosto mas claro se surgirem oportunidades melhores há que as considerar), mas voltando ao que eu dizia há pouco: vou ao e-mail,venho até aqui "desfrutar da sua companhia" e desligo o computador. Atualmente não o uso mais de meia hora por dia, sensivelmente.
Não vou para férias pelos motivos que todo o país conhece, mas aproveito para dar umas voltas de bicicleta, conversar (de tudo e de nada) com alguns verdadeiros amigos, faço umas asneiritas gastronómicas, aproveito para descansar um pouco, distrair-me com um gatinho que nasceu no meu quintal e a mãe o abandonou.
Enfim, a partir de hoje e até ao próximo dia 31 só faço o que me dá prazer.
Boas férias,
um beijinho
Vânia Baptista
Paulo
Jornais rosa...só o Financial Times!
A crise nas revistas ainda vá que não vá... o pior ainda é a crise na nossa casa, na nossa conta, no nosso emprego e na nossa bolsa.
Pois é querida amiga.
Às tantas éramos mais ignorantes mas mais felizes...
Enquanto secretamente cresciam monstros como o BPN, se faziam contratos ruinosos com as PPP, e os governos de há vinte e anos para cá, mais coisa menos coisa, atafulhados em dinheiros da Comunidade decidiam barbaridades, o poveco, onde me incluo, comprava o seu andarzinho, visitava o IKEA, fazia projectos de férias, ia jantar fora, e na praia percebia-se bem que era quarta feira, tal a quantidade de Caras presente...
Mas esse mesmo poveco era capaz se pôr os filhos na Universidade, privar-se de excessos, porque tinha aprendido que a cultura e um curso superior garantem(?) o futuro.
A vida é feita de sonhos.Sem eles não tem graça, não há incentivo. Claro que foram sonhos a mais.
Mas o que verdadeiramente deu cabo disto não foi esse modo de viver o dia a dia.
Porque, apesar de tudo, essas superficialidades faziam mexer a economia e o trabalho.
A questão mais grave vem de quem devia ter gerido o País com cabeça, com sentido de Estado, devia ter passado a mensagem certa,e pelos vistos, bocejava na secretária do poder e entre dois cafés( e muito tédio) perguntava:
Já saiu a CARAS???
Caro Anónimo das 11:00
Tem razão. Mas a crise nas revistas - algumas vão fechar porque já não têm compradores - também aumenta o desemprego. Porque aqueles que lá trabalham também fazem os seus descontos...
Verdade é que não leio "revistas cor-de-rosa" pois nunca senti necessidade de "viver vidas glamorosas" pretensa de outros quaisquer. Porém também reconheço que a "silly season" estará durante estes tempos mais próximos fora as revistas que dela se alimentavam em épocas de veraneio! Não porque ache que as/os protagonistas desta tenham desaparecido com a crise mas, talvez porque tenham algum pejo em alimenta- lá!
Cara Dalma
Pois eu nas raras vezes de ida ao cabeleireiro bem me divertia a lê-las... E, confesso, até comprei algumas Holas.
E esta hein?! Mas eu não sou intelectual e gosto de ver casas bonitas e trapos bem desenhados. Olá se gosto!
Eu também é no cabeleireiro que me ponho a par dessas leituras. Não sei, mas não me imagino no cabeleireiro a ler um livro... :D
Beijinho
Isabel Mouzinho
Cara Helena,
Não creio que a crise do "socialite pink" seja apenas uma consequência da crise.
O impacto que as redes sociais provocaram nas nossas vidas fez com que a vida dos outros deixasse de ser interessante aos nossos olhos.
Hoje as notícias de suplementos cor de rosa resume-se ao republicar do que celebridade C partilhou no seu blog/rede social/instagram/(ponha aqui o seu método de partilha imediata).
Mas aqui está o real problema-Quando esta notícia chega às bancas já não o é pois já faz parte do passado, embora recente, já é bastante longínquo.
Na era da informação em tempo real, a unidade do tempo deixou de ser o minuto e passou a ser o segundo. Com a velocidade vertiginosa com que muitos vivem as suas múltiplas vivas (entenda-se pessoal e online), a unidade de tempo com que estas se regem já não é o segundo mas o cagagésimo-segundo os entendidos, a unidade mais pequena de tempo.
Temos todos de meditar seriamente se é isto que queremos para as nossas vidas.
Um abraço amigo
Nelson
Meu caro Nelson
Tem toda a razão. Por isso é que a leitura das ditas podia distender quem as lesse.
Era uma espécie de máquina do tempo virada para o passado!
Como lá diz o povo “quem não caça com cão caça com gato”.. Adequamos as situações de modo a arranjar outros interesses “descansativos”. Começando por ler este seu post e, desde os foguetes, até aos cagagésimos de segundo da maquina do tempo virada ao passado, tenho a dizer-lhe que consegui “rir a bandeiras despregadas”...
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