quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Grândolas

O meu sentido do humor tem vindo a sofrer grandes alterações. Antes, ria-me do que tinha naturalmente graça. Porém, quando o dito passou a profissão remunerada, e a ser desempenhado pelas mais distintas figuras, comecei a afina-lo, a ser mais exigente. O que me permite, agora, olhar e não ver, ouvir e não entender e quase só rir comigo e com aquilo que alguns outros levam a sério, se é que isso ainda existe .
Depois de ouvir a Vila Morena acompanhar o falar de Passos Coelho, calar Relvas e tolher o Ministro da Saúde, perguntei a mim própria quando chegaria a vez do meu familiar. É que é sempre bom estar preparada para estas situações não vá o Diabo tece-las e o mesmo fiscal que me pede a factura, à saída da bica, me perguntar, em reportagem acidental, o que penso do uso da canção do Zeca Afonso.  
Costumo ter a resposta lépida nestas coisas e, como já pensei imenso neste magno e filosófico problema, creio que lhe responderia "olhe nem sei o que lhe diga. Gosto muito da Grândola, mas tem que ser bem ensaiada. Talvez optasse pelo hino nacional. Sempre era mais patriótico e abrangente".

HSC 

22 comentários:

rosaamarela disse...

Na minha humilde opinião, só teve impacto no lugar certo (Assembleia da Républica) com a pessoa certa PM.

Depois o que veio por arrasto, FUI...

Anónimo disse...

Helena,
Para o caso do seu familiar se ir habituando, vamos lá ensaiar em coro:
Grândola vila morena, terra da fraternidade, o povo é quem mais ordena,dentro de ti, ó cidade.
Pelo que conheço de si, se isto serviu para uma boa gargalhada cumpriu a função.
Quem melhor que a Helena sabe que os ministros passam e as Grândolas ficam?
Um grande abraço
José Manuel Correia

Dalma disse...

É tudo uma questão de imitação e moda,tal como nas roupas (acho que este ano calhou a vez às bolinhas)qualquer dia muda!
Mas considero que é desagradável ouvir Grândola Vila Morena de uma forma tão desafinada!

Anónimo disse...

É bem provavel que ambas as situações possam ocorrer, faz muito bem prevenir-se, então relativamente ao seu familiar, não deve faltar muito, é só ele aparecer num evento público!

Um abraço é uma delicia lê-la!
FL

Anónimo disse...

Estimada Helena,

De facto, o hino sería mais abrangente e patriótico , mas a "Grândola" restringe-se apenas ao povo,que é quem precísa cantar, para expantar seus males, para além disso,consegue transmitir com maior ênfase a mensagem pretendida pelo "coro" improvisado.
Com "A Portuguesa" poderiam arriscar-se a ser acompanhados pelos partidos mais conservadores e a Assembleia perdía ainda mais credibilidade, que já é minima.
Acho que a melhor conclusão que se pode tirar é que qualquer música é melhor que aquela que o governo nos dá.

HC



HC

Anónimo disse...

De facto, quanto aos manifestantes: Já podiam mudar de repertório e arranjar um professor de canto também que só de os ouvir os nosso ouvidos fica mais desafinados do que quando ouço falar em novo aumento de impostos! ;)

Anónimo disse...


Bem, quanto ao familiar.... já não deve faltar muito, a julgar pela chamada de capa do correio da manhã de hoje.

Desculpe a ousadia, querida Drª Helena e, se preferir, não publique este comentário que não é dos mais simpáticos que já lhe fiz. Repare que não é, também, uma crítica. É, antes, o alerta para uma notícia que me saltou aos olhos num relance rápido pelas capas dos jornais.

Um abraço apertadinho,
Vânia

Fatyly disse...

Alguém tem que se mostrar descontente com o estado de coma da Nação porque calar era fruto do tempo da outra senhora.

Gosto muito do hino nacional... mas nunca foi um símbolo de revolta e na conjuntura actual é tudo...menos abrangente!

Enquanto for assim estamos bem...mas são sinais para algo ainda pior o que temo e muito!

Quando chegar a vez do seu familiar logo verá.

Um abraço

Anónimo disse...

Pelos vistos, as sessões de vaias estão agendadas

"Vítor Gaspar também vai levar com o «Grândola» na quinta-feira!
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=616829

:/

Anónimo disse...

Este tipo de contestações é pura palhaçada, basta olhar para o ar de contentamento dos que estão na foto... e com um pouco de sorte, ainda, são beneficiários do RSI.

Já deixei de ver os noticiários para não levar com a "miséria fransciscana" em que o país está.

Para animar, vou comer um chocolate! :))

Isabel BP

DNO disse...

Eu por mim, já não posso com a bendita Grândola!...

Anónimo disse...

A questão de fundo é porque é que se canta Grândola Vila Morena de cada vez que um ministro deste governo se apresenta em público. E tudo indica que nenhum deverá escapar - por mais que o tente.
A contestação a este lamentável governo começou pelas inúmeras manifestações (para além das greves), sobretudo aquelas sem cariz partidário, como a de 15 de Setembro passado e entrou agora numa outra nova forma de expressão crítica, como esta que aqui refere.
A verdade é que, quer se queira ou não, este governo é, hoje, imensamente impopular. Existe uma cada vez maior repugnância pelo mesmo, uma enorme oposição, uma visceral distância entre o povo contribuinte, trabalhador e empresário, por quem nos governa.
A incompetência de alguns ministros chaves, a economia em retracção acentuada, o PIB em queda, o consumo privado a diminuir, o investimento interno a recuar , até as exportações apresentam uma baixa, o desemprego a aumentar, a receita fiscal a cair, as falências de empresas umas atrás das outras, a desigualdade social e económica a aumentar, a protecção do capital financeiro a continuar, a miséria a alastrar, etc, etc, tudo isto faz, ou explica (e justifica), a cada vez maior contestação a esta gente que nos governa.
Em boa verdade, nunca houve um governo tão impopular, tão mau e tão incompetente como este, desde o 25 de Abril.
Assim sendo, por mim, que se cante a Grândola, ou se manifestem nas ruas, tanto me faz. O importante é que tudo isso ajude a desgastar este inqualificável governo (que o é do ponto de vista da justiça social, económica e política).
P.Rufino

rmg disse...


Estão a matar o "símbolo" do 25 de Abril original , quando ainda não se sabia que ía ser o final .

Fica-me assim a dúvida se têem consciência que vão obter como resultado precisamente o oposto do que afirmam querer .
Mas quererão mesmo ?

RMG

Anónimo disse...

Gostava de ser mais ingénua e pensar que é uma canção carregada de significado a ser usada como hino de revolta. Mas penso que deve haver manipulação e agitadores-só-porque -sim no meio disto. O seu familiar tem andado discreto, mal se vê...não será o alvo mais óbvio...
~inês

zia disse...

A sua situação de mãe do ministro, de estado e dos negócios estrangeiros, não é agradável!
Terem cantado na AR Grândola é uma coisa, achei a propósito, mas usarem-na como forma de impedir de falar penso que vai contra a democracia...
Abraço,
lb/Zia

Anónimo disse...

O hino nacional?
Boa ideia. Assim saberemos se o nosso ministro sabe de cór a letra de Henrique Lopes de Mendonça ;)

Jorge Sousa

patricio branco disse...

foi patetico ver relvas a cantar o grandola vila morena, encarnado, contraido, suado, olhos entre o assustado e o não sei quê, com um riso que era quase um esgar, desafinado, com uma voz deformada, etc, como alguem que não sabe a letra num coro e de vez em quando repete uns segundos atrasados uma palavra que percebeu aos outros, etc.
sim, há que saber reagir nestas situações e assumir que serão cada vez mais frequentes, a não ser que os actos passem a ser à porta fechada. talvez ficar calado e esperar com ar digno e normal, sem rir nem chorar, nem fazer comentários engraçados depois, e se não o deixarem mesmo falar, que desista, dê a palavra ao seguinte e sente-se...

Anónimo disse...

Há largos anos atrás o Fernando Alves na sua crónica na TSF, com um domínio que a voz falada - a dele acima de todas - permite, discorria sobre aqueles momentos íntimos que todos nós no silêncio de uma das divisões da nossa casa (ou fora dela) passamos sentados com a nossa pele em contacto com a cerâmica. Discorria ele sobre como seriam esses momentos na figura do então Primeiro-Ministro Prof. Cavaco Silva, ajudando a desmistificar, para mim para sempre, a figura de todas as figuras públicas ou de autoridade .... Tudo para dizer que o exercício imaginativo de colocar cada um dos ministros a ouvir Grândola não deixa se ser um mesmo tipo de exercício mental, cá fica o meu….
O que já sabemos:
Primeiro Ministro - Em silêncio, com ar e gozo enquanto pensava numa resposta (e foi feliz) para desanuviar a situação.
Paulo Macedo - Em silêncio, com ar de estupefacção, aparentemente sem tempo para uma resposta à altura (comparar a mulher gorda para mim não me convém ou qualquer musica "tuneira" com Grândola foi pouco feliz), sereno o suficiente para cumprir com brio o seu trabalho.
A.Relvas - Infeliz nas duas situações, provou que as equivalências que teve como presidente de um grupo de folclore foram sobreavaliadas e que não fez como operacional o reconhecimento prévio ao caminho de fuga. Não teve também a coragem de se manter no seu lugar... (é só fumaça diria alguém com valor e coragem física). Continua a provar que é o paradigma que qualquer Lei de Murphy.
Exercício imaginativo:
Vitor Gaspar - Primeiro em silêncio, porque se começa a cantar vai fazê-lo com as rotações erradas, depois ao telefone com os inspectores de finanças para fazerem um “raid” de pedido de facturas … pelo espectáculo de ouvir Grândola pela voz de uns miúdos mal-educados.
Aguiar-Branco - Antes de chamar a tropa para por cobro à insurreição musical tentará, com a ajuda dos policiais ao seu serviço, multar todos os carros estacionados ao redor.
Miguel Macedo – Qual esfinge não saberá se deverá chamar a PSP, ou a GNR, ou a nova força policial que alguém idealiza e que ele desconhece.
Paula Teixeira da Cruz – Após procurar no meio dos manifestantes a figura do Marinho Pinto irá no seu tom autoritário dizer, sem qualquer tipo de filtro, tudo o que pensa.
Santos Pereira – Providenciará um pastel de nata aos “cantadeiros” e procurará criar uma nova tradição que substitua as “janeiras” que possa ser exportada.
Assunção Cristas – Convencida da sua infabilidade, procurará alterar a letra da música para algo do género “Terra da minha fecundidade, em cada rosto um despejado”.
Nuno Crato – Procurará alargar o horário dos professores de canto no Ministério da Educação, enquanto o Mário Nogueira ira organizar uma manifestação nacional pelo direito dos professores de canto não terem de ser julgados pela inaptidão dos seus alunos.
Pedro Mota Soares – Procurará passar uma norma em que a indeminização por assistir a tal espectáculo seja inferior à média comunitária.
Por fim... Drª HSC a probabilidade do seu familiar ser confrontado com a música é muito diminuta. Ou estará no estrangeiro (no cumprimento das suas funções – por vezes esquecem-se de o dizer-) ou chegará atrasado e perderá o espectáculo :) .

N371111

António Pedro Pereira disse...

Tenho para mim que este suscitar as manifestações por parte do governo não passa de gato escondido com rabo de fora.
O Relvas, depois de ter sido desmascarado na equivalência folclórica da Licenciatura, remeteu-se um pouco ao silêncio, quase desapareceu do palco.
Era ainda o tempo dos «amanhãs que cantariam» de Gaspar.
Agora, com os indicadores económicos quase todos de pantanas: queda do PIB (recessão continuada); aumento da dívida pública para 198 mil milhões; défice (qual Alfa & Ómega) aliviado pela Troika mas mesmo assim incumprido; desemprego galopante; iminência de desagregação do tecido empresarial das PME; iminência de desagregação social; emigração galopante, eis que o Relvas regressa em força à ribalta.
E ainda não chegou à economia o efeito da bomba atómica do tão desejado e salvítico corte dos 4 mil milhões.
É que assim, com todo este folclore dos boicotes, das cantorias da Grândola, se marca a agenda política e mediática.
Desaparecem ou são reduzidas ao mínimo as más notícias sobre a economia e as pessoas.
Não se fala dos antigos gestores (especialistas na vigarice) do BPN / SLN, que foram quase todos colocados na gestão das actuais sociedades-veículo dos activos tóxicos do BPN / SLN (a Parvalorem, a Parups e a Parparticipadas). Quem melhor conhece do assunto para dar «eficácia» à coisa?
Fala-se menos do senhor Salgado, que regularizou o seu esquecimento de 8,5 milhões de euros junto do DIAP e do Fisco… a seu pedido.
Fala-se menos dos 2/3 da pensão do senhor Jardim Gonçalves (de 175.000€ / por mês) que estão isentos da contribuição solidária.
Fala-se menos dos «preguiçosos» que começam a perder apoios (desempregados, RSI)… puxa, já não era sem tempo.
Fala-se menos do desemprego que cresce de forma galopante apesar da igualmente crescente emigração.
O regresso do parolo do Relvas não é inocente.
Há sempre um bobo da corte disposto a divertir o pessoal.
Acho estranho que os manifestantes, que têm legitimidade e razões para se manifestarem, não se apercebam de que com o folclore relvítico se está, ou pode estar, a voltar contra eles.
Só falta um murro no Relvas para se criar um novo caso Mário Soares na Marinha Grande.
Se calhar sou eu a delirar… sou muito dado a delírios.

patricio branco disse...

de acordo com a análise de p. rufino, subscrevo

anf disse...

Olá Helena, penso que é a primeira vez que comento no seu blog, de que gosto tanto, em relação a este assunto se a primeira vez achei que foi original, agora perdeu toda a "piada", quando chegar a vez do seu familiar sei que ele vai estar à altura uma vez que "ele" sabe sair deste tipo de situação.

Alain Demoustier disse...

resumindo...
O Marcelo diz, e bem, que o Governo não sabe explicar as coisas...
Outros, quea "cantar" desafinão, e muito...
conclusão a troica e os alemães sabem de musica, deveria financiar lições de canto, e o resto se verá ....
alain