O Fado foi considerado pela Unesco património da Humanidade.
Deixou, afinal, de ser apenas nosso, para se entregar, inteiro, a todos os homens e mulheres que, ao ouvi-lo ou canta-lo, estarão a partilhar algo que também lhes pertence.
Por norma, tal património é atribuído a locais, construções, peças, enfim algo corpóreo. Entre nós já contamos com alguns.
Por isso, esta distinção concedida a uma forma de canto única, a algo que se confunde, desde o início, com a alma nacional é, também, uma homenagem a todos nós portugueses. Que, assim, vemos reconhecida pelo mundo esta estranha forma de cantar a nossa vida.
HSC
6 comentários:
É um reconhecimento do valor e beleza do género mas que nestas horas de crise, más noticias e tristes perspectivas não me consegue quase afectar no sentido anímico positivo. Não fiquei mais feliz, quero dizer.
Foi um excelente trabalho no terreno dos fadistas e dos estudiosos do fado e, internacionalmente, da nossa diplomacia. Estão de parabéns todos. E que tenha resultados práticos, culturais e económicos.
Já agora, que seja também motivo e ocasião para que o fado se torne cada vez algo mais dinâmico e menos continuista e conservador. Como acontece com o flamenco e o tango, p ex.
Espero não dizer disparate para os puristas, mas que apareçam os astor piazzola e os gipsy kings do fado (i.e. o elaborado e o popular). O fado está vivo mas para dar o grande salto em frente e para o exterior necessita de algo mais e é este o momento.
Caríssima Senhora Helena Sacadura Cabral,
Nos tempos da Globalização e da uniformização de padrões culturais nada mais importante a este nível do que a protecção da diversidade cultural a que a Unesco se tem dedicado com estas prestigiantes Classificações. Esta candidatura do fado a Património Imaterial da Humanidade foi muito bem fundamentada e uniu os portugueses num sentimento salutar de pertença a uma identidade cultural comum. Estamos todos de parabéns com este reconhecimento internacional.
Saudações cordiais, Nuno Sotto Mayor Ferrão
www.cronicasdoprofessorferrao.blogs.sapo.pt
Não sendo purista, nem especialista ou artista, não percebo que salto inovador, ou renovador, poderia o Fado neste momento dar, caro Patrício Branco. O Fado é música tímida de estados de alma muito peculiares de gente lusitana. Este reconhecimento deve-se em grande parte a Amália que o divulgou literalmente por todo o mundo. Do Japão às Américas. Já ouvi Fado tocado em jazz, em pop, em rock e até em techno. Em piano, em flauta, em acordeão e até em harpa. Cantado em inglês, espanhol, alemão, japonês, francês e galês. De resto, esta eleição será sempre um começo, esse sim, de algo bem maior para quem já o canta, compõe e dá letra. Outros chegarão depois.
(Hoje, aqui entre nós)
Pego na minha guitarra
ansiosa por cantar
um pensamento profundo
o mundo recebe o fado
mas tem destino traçado
pró "nosso fado" no mundo
sim, uma estranha forma de ser canto tão peculiar como o povo que o canta.
Cara Helena:
Detesto bairrismos de toda a espécie como também detesto nacionalismos. O Fado é o Fado. Gosto muito. Acho que merece a distinção que lhe foi atribuída. Mas, caros comentadores, se me permite dirigir-me-lhes, Helena, não é Nacional, é lisboeta. Talvez o Matateu, o Eusébio e o Ronaldo sejam nacionais…
Raúl Mesquita
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