domingo, 27 de novembro de 2011

Esta estranha forma de canto


O Fado foi considerado pela Unesco património da Humanidade.
Deixou, afinal, de ser apenas nosso, para se entregar, inteiro, a todos os homens e mulheres que, ao ouvi-lo ou canta-lo, estarão a partilhar algo que também lhes pertence.
Por norma, tal património é atribuído a locais, construções, peças, enfim algo corpóreo. Entre nós já contamos com alguns.
Por isso, esta distinção concedida a uma forma de canto única, a algo que se confunde, desde o início, com a alma nacional é, também, uma homenagem a todos nós portugueses. Que, assim, vemos reconhecida pelo mundo esta estranha forma de cantar a nossa vida.

HSC

6 comentários:

patricio branco disse...

É um reconhecimento do valor e beleza do género mas que nestas horas de crise, más noticias e tristes perspectivas não me consegue quase afectar no sentido anímico positivo. Não fiquei mais feliz, quero dizer.
Foi um excelente trabalho no terreno dos fadistas e dos estudiosos do fado e, internacionalmente, da nossa diplomacia. Estão de parabéns todos. E que tenha resultados práticos, culturais e económicos.

Já agora, que seja também motivo e ocasião para que o fado se torne cada vez algo mais dinâmico e menos continuista e conservador. Como acontece com o flamenco e o tango, p ex.
Espero não dizer disparate para os puristas, mas que apareçam os astor piazzola e os gipsy kings do fado (i.e. o elaborado e o popular). O fado está vivo mas para dar o grande salto em frente e para o exterior necessita de algo mais e é este o momento.

Nuno Sotto Mayor Ferrao disse...

Caríssima Senhora Helena Sacadura Cabral,

Nos tempos da Globalização e da uniformização de padrões culturais nada mais importante a este nível do que a protecção da diversidade cultural a que a Unesco se tem dedicado com estas prestigiantes Classificações. Esta candidatura do fado a Património Imaterial da Humanidade foi muito bem fundamentada e uniu os portugueses num sentimento salutar de pertença a uma identidade cultural comum. Estamos todos de parabéns com este reconhecimento internacional.

Saudações cordiais, Nuno Sotto Mayor Ferrão
www.cronicasdoprofessorferrao.blogs.sapo.pt

Paulo Abreu e Lima disse...

Não sendo purista, nem especialista ou artista, não percebo que salto inovador, ou renovador, poderia o Fado neste momento dar, caro Patrício Branco. O Fado é música tímida de estados de alma muito peculiares de gente lusitana. Este reconhecimento deve-se em grande parte a Amália que o divulgou literalmente por todo o mundo. Do Japão às Américas. Já ouvi Fado tocado em jazz, em pop, em rock e até em techno. Em piano, em flauta, em acordeão e até em harpa. Cantado em inglês, espanhol, alemão, japonês, francês e galês. De resto, esta eleição será sempre um começo, esse sim, de algo bem maior para quem já o canta, compõe e dá letra. Outros chegarão depois.

ERA UMA VEZ disse...

(Hoje, aqui entre nós)

Pego na minha guitarra
ansiosa por cantar
um pensamento profundo

o mundo recebe o fado
mas tem destino traçado
pró "nosso fado" no mundo

Blondewithaphd disse...

sim, uma estranha forma de ser canto tão peculiar como o povo que o canta.

Raúl Mesquita disse...

Cara Helena:

Detesto bairrismos de toda a espécie como também detesto nacionalismos. O Fado é o Fado. Gosto muito. Acho que merece a distinção que lhe foi atribuída. Mas, caros comentadores, se me permite dirigir-me-lhes, Helena, não é Nacional, é lisboeta. Talvez o Matateu, o Eusébio e o Ronaldo sejam nacionais…

Raúl Mesquita