Ando numa fase em que não me apetece falar da crise, da Angela, do Pedro, do Paulo, do Aníbal, do Vítor.
Só me interessam coisas leves. Talvez por isso, os meus outros três blogues tenham andado cheios de animação. Versejo e conto histórias, tento ler, oiço muita música e cozinho. O que me parece, aliás, meio caminho andado para mudar de profissão e pôr-me a cozinhar para fora. Não é nada em que não tenha já pensado. E agradeço diariamente à minha santa avó Joana ter-se imposto fazer de mim uma fada do lar.
Na verdade, como economista, quando aconselho clientes, vejo o olhar deles e a pergunta é sempre a mesma: "mas valerá a pena?". A continuar com este quadro, os economistas têm os dias contados...
Como escrevinhadora não ganharei a vida, porque sempre o fiz por prazer. Ora, como se sabe, são poucos os prazeres que dão dinheiro. E com a crise nem prosa nem poesia podem garantir subsistência a alguém.
Como cozinheira - toda a gente precisa de comer - talvez me safe. A gastronomia portuguesa adapta-se perfeitamente a tempos de crise e o meu último livro "Coma Comigo" é um bom exemplo disso.
Assim, os dois infantes ainda se arriscam a ter em mim uma fonte de rendimento mais segura que o ordenado deles...
Enfim, a vida nunca está acabada profissionalmente e eu só digo a palavra "nunca", com segurança, à política!
HSC
18 comentários:
Helena,
Será que precisa de uma ajudante?
Não é nada de que me não tenha lembrado.
Não terei os seus dotes mas também me ajeito muito benzinho e gostava muito de associar os saberes da avó Joana aos saberes da avó Zélia, que era a minha e uma afamada cozinheira.
Não há impossíveis...
Teresa
Cara tété
Olhe que ainda fazemos sociedade!
eu sou mais do tipo vegetariana, cozinhar é sp uma boa coisa: comemos o q gsotamos. e já agora encontrei esta s2 frases q talvez goste: "Quem julga as pessoas não tem tempo para amá-las."
- Madre Teresa de Calcutá
"Com muita sabedoria, estudando muito, pensando muito, procurando compreender tudo e todos, um homem consegue, depois de mais ou menos quarenta anos de vida, aprender a ficar calado."
- Millôr Fernandes
O cacau puro, biológico, cru, é um alimento 'dos deuses', além de muito saudável. Com ele fazemos em tertúlia, os nossos chocolatinhos, presentes de Natal.
Rapa o Tacho
Tenho acompanhado os contos do e-nada-o-vento-levou.blogspot.com que aconselho efusivamente! A poesia nasceu cedo comigo, mas também cedo me arredei dela - ou ela de mim. Leva-me à sonoridade e, com ela, à música. E apesar de saber tocar piano já não lhe tiro o pó há muito tempo.
Bem, tudo isto para lhe dizer que também eu me ofereço como ajudante. Dizem que sou bom nos risottos, mas acho que sou muito razoável em tudo (menos pastelaria) - uma amiga comum nossa pede-me amiúde receitas diferentes, mais exóticas, para jantares especiais. Dou-lhas, mas sugiro primeiro consultar os livros da Helena. Ah, pico salsa, coentros, alhos, cebolas e outros a uma velocidade vertiginosa. Eu e a faca damo-nos bem.
:)
Dois ou três amigos (em geral, duas amigas e um amigo)procuramos, com muita irregularidade, saber o que se produz em Portugal.
Desde que esse 'projecto' começou apercebi-me de que era muito ignorante(ainda sou) sobre o que de N a S se cultiva em Portugal.
A Feira da Castanha em Vila Velha Rodão (1 Nov., já foi), a Semana do Açafrão (Alter do Chão, anualmente, pela Páscoa), O festival da Batata Doce em Aljezur (de 1 a 4 Dez.2011, ainda a tempo), etc.etc.
Espanha fez do cultivo e uso do açafrão, para além da cozinha tradicional,uma culinária experimental de grande requinte e inovação.
Tantas iniciativas em Portugal e continuamos a não consumir produtos portugueses! Só pode ser por ignorância como a minha.
AT
Cara Helena
Ao que todos chegamos. Olho para o lado e só vejo desempregados, putativos emigrantes para lado nenhum, gente desesperada, triste, desmotivada. Como gestor em banho Maria pergunto-me: como se motiva um país? Com a Troika? Com a destruição criativa? Podemos sempre pedir à Troika, reverentemente, que nos deixe cultivar os jardins das cidades, que enchamos os espaços públicos de vasinhos com alfaces e tudo o que nos lembrarmos e fazer grandes churrascos alimentados com os compendios económicos acompanhados com a salada da cidade. O que me preocupava era onde ia-mos buscar os franguinhos: talvez a enormes galinheiros que pudéssemos fazer nos parques de estacionamento municipais...o pior era se aparecia a EMEL a cobrar-nos ao minuto e a ASAE a passar coimas por alfaces avariadas!
Helena,
E o que temos nós aqui na frigideira? É obra sua? Tem ar de ser coisa apaladada.
Os tempos estão mesmo assim, para nos afastarmos daquilo que não podemos controlar ou influenciar. Eu nos últimos dias também tenho andado pelas danças, músicas, etc, mas estou aqui a ferver para me permitir uma recaída.
Mas agora estou aqui para lavrar um protesto, ou melhor, para fazer um alerta. Se a Helena reparar, aí à sua esquerda, tem a lista dos seus bloges (no bloco designado 'Acerca de mim') mas um, creio que o do meio, não vai dar ao seu. O outro sim. Mas o do vento não consta. (Apenas se chega lá, consultando o seu 'perfil').
Um beijinho e continue assim inspirada, quer nas letras, quer nos 'comes'.
Cara Helena,
Como parece que ajudante ja tem, se necessitar alguem para lavar tachos e panelas pois eu ofereco-me. E se a Tete algum dia nao puder ajudar, eu ca sou meia Maria de Lurdes Modesto. Por falar nela, que saudades que tenho.
Cozinhar ee uma boa terapia, deixe la a Angela, ela que se Merkle.
Grande Abraco
Caros comentadores, quando mudar de ramo venho cobrar as ofertas agora feitas. E, ao contrário da maioria das mulheres, gosto de ter homens na cozinha!
Jeitinho manso
Este prato é o frango cerejado, que na época das cerejas é uma boa e agradável escolha!
Cara Helena,
Hoje, comecei pelo blog do Senhor Embaixador e foram só novidades - o seu novo visual que já elogiei por lá e a minha mãe e a mãe da Júlia terem sido colegas. Esta descoberta deveu-se ao episódio de uma tal assistente operacional que descascava favas na hora de expediente :)
Já tenho o "Coma Comigo" e comecei pela minha sobremesa de eleição - o arroz-doce... Divinal e muito parecido com o da minha avó materna.
Embora, ande com um ritmo alucinante no trabalho, vou fazer tudo por tudo para a conhecer pessoalmente e que o meu livro fique, ainda, mais enriquecido com o seu autógrafo.
Isabel BP
Eheheheh!!! ;)
Viva a Vida, Dr.Helena!
Mas houve um comentário sobre o cacau, puro e biológico, que com certeza é um alimento óptimo, mas é preciso averiguar de onde vem, pois esta indústria está muito ligada a mão de obra infantil e trabalho quase escravo.
Assim, mais conscientes do que comemos, não contribuiremos para este tipo de negócio.
Se nós consumidores, contactarmos empresas pouco éticas e referirmos que não concordámos com os seus métodos (claro que temos que pensar que cada um de nós conta para sermos muitos), poderão reflectir melhor sobre o assunto.
Nós somos a razão da existência das empresas.
Algumas pessoas poderão achar que sou negativa por pensar nisto, mas acho que sou positiva, pois ainda acredito que as pessoas com o conhecimento se importem e façam o que estiver ao alcance (reclamação por exemplo) para não cooperarem com este tipo de empresas.
Desculpem-me, a intenção não foi a de "amargar" este post cheio de boa energia...
Resposta a NaTureza
Essa importante preocupação com as empresas éticas e a mão de obra infantil, aplica-se muito mais aos chocolates que se vendem por todo o lado, e que todos comem sem preocupações éticas nenhumas.
Esses chocolates 'do comércio', não biológicos, são em geral feitos com cacau de má qualidade e proveniência não ética, a que se juntam muito açúcar e gorduras, para obtenção do maior lucro possível.
Os chocolates suíços e belgas, paradigma do chocolate e 'adorados' por todos, têm tudo menos preocupações éticas, pode ter a certeza. Apostam num conceito de luxo, da embalagem, da campanha publicitária, da qualidade tb, mas não da ética.
É justamente a cultura biológica do cacau e a produção artesanal de chocolates (em vários países já)que tem maiores preocupações éticas e de recuperação da 'verdade' histórica e da qualidade do chocolate.
É toda uma filosofia ética, isso sim. O que não significa que não exista muita coisa que se diz biológica e não é.
Rapa o Tacho
Cara Helena:
Das coisas mais interessantes dos comentários nos Blogues são, sem dúvida, os pontos do "post" que nos agarram. A palavra "nunca" foi a que me agarrou. Ainda ontem (acho que foi ontem) disse aqui que "nunca" desisto, mesmo tendo passado por "longas e horríveis noites." Concordo em absoluto: A vida nunca está acabada profissionalmente.
Raúl.
Obrigada por compor melhor o que eu queria dizer.
E o ponto que faltava, é mesmo esse.
Não é possível haver produtos baratos, com qualidade e ética.
Portanto, menos e melhor qualidade do que consumimos.
É esta a premissa, se é que queremos ser eticamente mais correctos e nos mantermos com melhor saúde.
Já agora, segundo o CIRC (Centro Internacional de Investigação do cancro), uma agência da Organização Mundial de Saúde, 80 a 90% dos cancros são devidos ao nosso modo de vida e meio ambiente.
Por isso, cuidado com a qualidade do que comemos! è sempre preferível menos e melhor, como disse.
Mas quem quiser perceber a realidade do que normalmente se consome a nível da alimentação, deixo aqui um video verdadeiro e esclarecedor:
http://rutube.ru/tracks/4942131.html?v=ea30eede6dd64571840274bc775660f4&autoStart=true&bmstart=1000
Helena, se precisar de mais uma ajudante,estou aqui. Também eu, todos os dia penso em mudar de vida. Gosto muito da minha profissão, mas estou a precisar de uma lufada de ar fresco.
A cozinha é uma opção mas comecei com outra, que pode ver no meu blog: http://ideiassemfim.blogspot.com/.
Por agora dedico-me de corpo e alma e pela noite dentro e fins de semana, à realização de trabalhos de costura e não só, para mimar as nossas crianças,mas cozinhar está também nos meus horizontes.
Na minha modesta opinião, a crise de que tanto se fala e que foi provocada por todos aqueles que tão bem sabemos não é, de todo bem vinda, mas também, confesso, que nos despertar e crescer.
Mais uma vez lhe digo, conte comigo para sua ajudante.
Bjs
Rosa Vouga
Cara Helena:
Há dias em que, seja qual for o motivo, somos apressados, provavelmente por querer ver o que desejamos.
Ontem ao fim da tarde quando descia a Avenida, no meu passeio privado, quase diário, lembrei-me que tinha escrito "nunca" a corroborar a Helena, esquecendo-me do seu jocoso "à política!" O sentido do meu comentário, como pode ler-se, tem menos graça do que o seu, é o do prosaico NUNCA.
Raúl.
Helena,
Gosto muito dessa sua ideia e revejo-me nela!!
Sou arquitecta de formação, mas dada a conjuntura actual, não é com a arquitectura que me safo!! :)
Virei-me para a doçaria, e em boa hora o fim!!
Se quiser dar uma vista de olhos aqui está o resultado do que faço:
umdocedecasa.blog.com
espero que goste!
Beijinhos,
Maria Leonor
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