Análise séria e acutilante, humorada ou entristecida, do Portugal dos nossos dias, da cidadania nacional e do modo como somos governados e conduzidos. Mas também, um local onde se faz o retrato do mundo em que vivemos e que muitos bem gostariam que fosse melhor!
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
Mas o que é que lhes deu?!
Andei o dia todo num virote, alheada das coisas importantes da vida - o mundo, a Grécia e nós - e dedicando-me, apenas, ao novo programa Moeda de Troika em que vou participar na RTP Informação.
Cheguei a casa já mais morta que viva, liguei a caixa mágica e, de supetão, sai-me uma voz conhecida, num inflamado discurso em francês. Cansada como estava, ainda pensei que seria algo sobre DSK, que continua a ser tema para todas as inflamações.
Nada disso. Era o nosso "cherne" de águas profundas, que emergira e se transformara num Neptuno armado de Tridente.
Não queria acreditar. Só podia ser um clone, a quem haviam encarregado de incarnar o reverso do discurso habitual, cujo tom sereno reflecte a tranquilidade dos que têm o futuro assegurado.
Mas o pasmo não ficou por aqui. Portugal mostrava-se ao mundo, no mesmo dia, no discurso de Cavaco Silva. Ou melhor, na lição de economia e finanças, proferida pelo Professor, que aqui e ali, foi esclarecendo aquilo que, para nossa surpresa, disse não ter sabido a tempo. O que é estranho, porque algumas delas eu sabia, que sou colega de ofício, mas de menor nível. Confesso, apesar de tudo, que como primeiro discurso institucional do segundo mandato, ainda deu alguns recados. Não os que eu gostaria de lhe ouvir, mas os que ele entendeu deviam ser dados.
Quando o fim da noite se aproximava e os meus olhos pesavam, a voz de Passos Coelho arrebitou-me um pouco, mas o que proferiu já me apanhou a ir para os braços do Morfeu. Pareceu-me, todavia, que se recriminava por, no passado, ter falado demais. Não garanto, mas fiquei com esta ideia que, em política, não é propriamente nova.
E, já meio ensonada, pensei que esta semana teria sido a ideal para a estreia da Moeda de Troika, com tanto palreio para nos entreter...
HSC
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12 comentários:
[Mudam-se os tempos, mudam-se as verdades...]
Um abraço,
LB
O resumo do discurso do Sr. Silva é curto e básico:
A Troika foi/está a ser muito dura para com a Banca Nacional.
Quanto à MANADA tem que fazer os sacrifícios todos e mais algum porque o país está em grave situação...
Quem o escolheu, escolheu muito bem... é o próximo candidato a presidente. Não da República mas da Associação Portuguesa de Bancos...
Os portugueses nem desta se apercebem o que é o Bloco Central? Está a doer-lhes nos bolsos? Pois... continuem a votar nos mesmos ou então a abster-se.
Nós minorias, estamos bem entregues, não haja dúvida...
A mim dói-me seguir a política nacional. Prefiro a internacional, para dar em doida mais lentamente. Tenho vergonha de ser portuguesa e ter esses mafiosos como representantes e governantes.
Sem explicação.
Cara Helena:
As minhas palavras vão ser diferentes das habituais (uma lufada de ar - não sei se fresco…, mas gostava que fosse!)
Três homens do mesmo partido - três cargos! Dois com um ar aborrecidíssimo, um esperançoso! Devo dizer que as fotografias estão muito bem escolhidas, não porque conotem a preocupação pátria e "um raio de luz europeu" lá ao fundo, mas porque, na minha opinião, as duas primeiras personalidades não vêem nada para além da neo-liberal teoria da privatização, que, uma vez posta a funcionar, dever deixar uma vazio enorme nas cabeças e no coração; o outro, apesar de partilhar das mesmas ideias, com mais mundo, com uns anos de Europa em cima, aprendeu outras coisas, por exemplo o que é o Estado, logo, tem mais umas coisas na cabeça: pode sorrir.
Por agora é tudo…
Raúl.
Cara Fada
Vergonha de ser portuguesa é que eu não tenho. Pelo contrário, tenho muito orgulho e não trocava o meu país por nenhum outro.
Já fomos governados por várias forças políticas nestes 37 anos do que chamam democracia. Já fui governada 40 anos pelo que chamam de ditadura.
Bem ou mal progredimos e hoje vive-se com uma qualidade que não existia quando eu nasci.
A Fada acredita, creio, em certos regimes. Eu nem isso. Acredito em Deus e chega-me. E acredito em certos homens que nunca quiseram fazer política.
Cara drª Helena,
Não creio em certos Regimes, creio na Verdade e em Deus também.
Será que as pessoas se perguntam porque é que esses certos homens não querem fazer política? Porque sabem na trama diabólica em que se vão meter.
A mentira a controlar os Media como poderemos ver nesta notícia do Público, TSF e Diário Económico:
"Passos Coelho é o líder político com maior índice de popularidade e o PSD apresenta o dobro das intenções de voto do PS. Apesar das medidas de austeridade, o primeiro-ministro e os sociais-democratas vêem a sua popularidade em alta no mais recente barómetro TSF/Diário Económico."
o selo de aprovação dos meios de comunicação respeitáveis que já dizem que o apoio a este governo é entusiástico. Fiquei com sérias dúvidas sobre onde terá sido realizada esta sondagem, porque tenho um círculo de contactos ainda alargado e tirando pessoas filiadas nos partidos de governo, não conheço ninguém que dê sequer uma nota positiva ao que estão a fazer, quanto mais que votasse, ou voltasse a votar, neles. Não corresponde de todo à minha experiência quotidiana. Mas se vem noticiado é porque sem dúvida é verdade e os portugueses não só estão a adorar isto como ainda estão mais entusiasmados que antes, quase parece que cada corte no seu poder compra e na sua dignidade como cidadãos os excita ainda mais. Afinal parece que somos um povo de masoquistas.
Tería orgulho em ser portuguesa se tivessem tido a coragem de ser como os islandeses, aquele povo corajoso e justo de que ninguém fala na comunicação social. Um mau exemplo para os povos que se querem levar por lorpas. Sim é capaz de ser esse o Regime em que eu creio, o da ISLÂNDIA!
Querida Helena,
"cujo tom sereno reflecte a tranquilidade dos que têm o futuro assegurado".
Só gostava que alguém me ajudasse a perceber "como é que se sai de um tom inquieto que reflete a intranquilidade dos que não têm o futuro assegurado?"
O que é que se diz e se aconselha a um filho, pai de filho, licenciado, mestrado, doutorado e agora "at last" mas se calhar "not least" a fazer ainda o curso de medicina?
E quando esse filho quer trabalhar em simultaneo e nem no ensino consegue uma colocação que lhe permita viver uma vida digna?
Minha querida amiga, não tenho saudades do tempo da ditadura, mas se calhar nesse tempo o Sr. Professor Doutor era uma figura de destaque neste país.
Grande abraço.
Teresa
Acredito que Portugal, esteja padecendo do mesmo mal que nós brasileiros, falta de credibilidade nas insituições, que por sua vez nada fazem para melhorar esta perspectiva.
Augusto Alexandre
@augustodriver
"Governar com mentiras"
Foi bem dito !
Mentir é uma arte!
A mentira fica sempre no fundo tapada por pequenas verdades!
Uma mentira sozinha é fácilmente detectável. Por isso mesmo é que os politicos tem sempre aquele ar solene, a que muitos chamam eufemisticamente, sentido de estado !
A Fada refere-se a Portugal com mágoa , mas o sistema é global e nos outros paises passa-se a mesma coisa, porque a cartilha é a mesma!
Todos estes politicos pertencem a organizações transnacionais de orientação global !!!
Não foi por acaso que os Portugueses foram os percurssores da globalização, com a empreitada dos descobrimentos!
Dizer que hoje se vive melhor que à 40 anos atrás, também não sei se é tão liquido assim !
Depende da prespectiva de vida que se têm !
Antes os jovens sem formação fugiam para a França, enquanto os que tinham formação fugiam para a Suécia e Inglaterra!
Hoje, os que têm formação vão para Angola e os com pouca formação vão para a Europa, baterem-se com os Romenos, Eslavos e Russos!
Para os Jovens não vejo onde está a diferença !!!!
Onde eu vejo diferença, é onde a Dra Helena vê !É comparar a vida de um jovem na ditadura com a vida de um jovem idoso com uma boa reforma nos dias de hoje !! Ai sim a diferença é abismal !
Dra. Maria Helena:
A senhora não tem papas na língua. Admiro o seu poder de análise e a sua frontalidade. É cá das minhas.
Teresa Botelho Moniz
Sra Doutora,
Há em Portugal alguns que querem fazer coisas válidas por este país, mas este povo que tanto se queixa o que fez nos anos de democracia? Votou sempre nos mesmos, que esperança se pode ter? Nenhuma.De que se queixam os Portugueses, se elegem para 1ª figura da nação alguém conotado com o maior escandalo financeiro do país?Dizem que quem mqndq no governo é Miguel Relvas,que Alvaro Pereira é uma anedota, que Relvas se reune amiude com Dias Loureiro. Será isto verdade?Nem quero crer.Como é possivel que o seu filho não seja ainda ministro deste país? O Miguel é claro, porque o Paulo já é, mas vai mal acompanhado e pagará certamente muito caro este desmando.A ultima experiencia não lhe serviu de emenda?
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