Anos mais tarde, pela sua mão, entraria no Diário de Notícias para ocupar o espaço deixado vago por Emídio Rangel. Seria a última página do jornal e, por cima de mim - salvas sejam as más interpretações -, perorava à época, Vasco Pulido Valente.
Jamais esquecerei a urbanidade e simpatia com que me disse " pode escrever sobre o que quiser", em resposta às minhas dúvidas em aceitar tão honroso convite. Julgo que na base de tal proposta terá estado a mão de Fernanda Mestrinho, que era e é, muito minha amiga.
O certo é que os anos que lá permaneci - e foram vários - marcaram para sempre a minha ligação aos jornais e muito em particular ao DN daquela altura, onde ainda guardo bons e saudosos amigos.
Atravessei quatro direcções diferentes. À excepção da última, todas me trataram de modo impecável, não questionando jamais a escolha feita por Resendes. Por isso, a morte deste homem entristece-me profundamente e só tenho pena se não chegar a Lisboa a tempo de lhe prestar uma última homenagem!
HSC
7 comentários:
Helena
Não foi uma « mão» mas sim os critérios editoriais do Mário que a levaram a escrever anos no «DN».
Escolheu bem.
Sabe que nasci no mesmo dia e ano do Mário? Assim como o José Pedro Castanheira. Brincávamos sempre com esse « clube».
Morreu um jornalista decente, o que não é pouco nos tempos que correm.
Fernanda Mestrinho
Minha querida Fernanda
A sua amizade nunca falha e já lá vão anos que a conheço.
Morreu de facto um homem decente. E isso hoje é raro. Como a gratidão por quem nos ajuda. Que tambem escasseia!
Tenho saudades das nossas gargalhadas!
Caríssima Senhora Drª Helena Sacadura Cabral,
Junto a minha homenagem à saudosa memória de Mário Bettencourt Resendes que foi um lúcido e ponderado jornalista.
No período em que Mário Bettencourt Resendes dirigiu o "Diário de Notícias" soube garantir uma qualidade jornalística invulgar. Já como comentador político o seu timbre sereno fazia eco em nós e, ao mesmo tempo, as suas análises perspicazes abriam normalmente os debates com interpretações sensatas que ganhavam força pela sua capacidade de persuasão pedagógica.
Mário Bettencourt Resendes foi um dos fundadores do blogue "Bichos Carpinteiros" que se tornou uma das primeiras referências da blogosfera nacional.
Em conclusão, o jornalismo português está bastante mais pobre, porque perdeu um dos paladinos de uma imprensa séria ao serviço da verdade. Assim, Mário Bettencourt Resendes notabilizou-se com uma postura deontológica impoluta que hoje se afigura invulgar no panorama geral, visto o jornalismo contemporâneo estar marcado pelo critério sensacionalista...
Saudações cordiais, Nuno Sotto Mayor Ferrão
www.cronicasdoprofessorferrao.blogs.sapo.pt
Falta dizer que era uma pessoa que irradiava serenidade.
Um homem bonito, com um sotaquezinho delicioso, que parecia o que todos afirmam que foi: um homem bom.
Tocou-me especialmente o seu desaparecimento; imagino àqueles que o conheceram deveras...
Srª Dona Helena S.C. segui as seua textos no Correio da Manhã : Lembra-se?
E posso dizer com toda a convicção : a Senhora está muitíssimo longe de ser uma cronista. E sabe porquê?
Simple. a Senhora não teve nunca uma vida da qual se possa extrair coisas relevantes, ou mesmo curiosas. NADA.
Me estou recordando de uma dessas crónicas (de uma coluna!) em que referiu aí por umas 5 vezes que tomou UMA BICA! Formidável e relevante decisão a de V. Excia !!!
Saiba uma coisa, esta sem importãncia : nasci exactamente no ano em que V.Excia viu pela primeira vez a luz do sol, 1934,
portanto tenho obrigação de saber o que é um bom repórter .
Ser mãe de Paulo e Miguel vem curta recomendação . . .
Mas estou errado: por um instante esqueci que estamos em Portugal, desculpe . . .
Anónimo
Nunca escrevi no Correio da Manhã.
E se pretendeu dizer DN e, com a raiva se enganou, sempre lhe digo que tinha bom remédio: era não ler!
Estimada Dra. Helena,
Tocou-me muito ler o que escreveu sobre o Dr. Mário Bettencourt Resendes. Tive o previlégio de ser sua colega até há pouco tempo, quando infelizmente nos deixou. Tal como li aqui, considerei-o sempre como um Homem como há realmente muito poucos, dono de uma ternura e bondade que transpareciam naqueles grandes olhos azuis, sempre pronto a ajudar os outros e a ensinar os mais novos, que é o meu caso, pois nasci em 1977 e tive realmente o prazer e a honra de conhecer o Dr. Mário, aliás, o Mário, pois nunca me permitiu tratá-lo de outra forma, recordando-me sempre que eu era sua colega...eu que tão pouco sabia e sei ainda,em relação a tamanho senhor.
Guardo-o com um carinho imenso e dedicar-lhe-ei sempre a mesma admiração, pois acredito que a sua vida foi imortalizada pelo seu trabalho, pela sua forma de ver o mundo e de tocar as camadas mais jovens, que o conheciam mesmo quando estavam alheios à dita realidade: política, social ou económica do país. Ainda hoje muitas gerações sabem quem é e acredito que o recordarão.
Onde quer que esteja, o Mário de certo lhe diria, quanto a este "anónimo" cobarde o suficiente para não assinar o comentário que faz e que faz uso do tão pouco que conhece sobre a Sra., que Vozes de burro não chegam aos céus e que as acções são mesmo para quem as pratica e...Dra. Helena, o seu valor e profissionalismo, são uma inspiração. Bem Haja!
Um beijinho,
Margarida
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