domingo, 29 de agosto de 2010

Em descanso...

Por quinze dias andarei por outras bandas. África e Europa. Esquecida do mundo que me rodeia. Apenas pensando em mim...
Se nos recônditos lugares para onde vou, algo me fizer lembrar deste cantinho, então sim, aparecerei por aqui. Se não, estarei de volta em meados do mês que vem.
No blogue e-nada-o-vento-levou.blogspot.com, onde me conto em contos, aí sim, estarei mais presente. Nos dois de prosa poética também, talvez!


HSC

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Liberdade

“A liberdade de começar de novo é a maior de todas as liberdades. Se uma vida são muitas vidas, a da nossa Mãe começou de novo.
Ela é a mesma, só agarrou com as duas mãos a coragem que nunca lhe faltou. E meteu-se em brios e passou a prova do público. Descobriu que a vida também se escreve. Não tem ciência exacta sobre os sentimentos nem doutrina em forma sobre as emoções. Tem olhos para entender e ideias para explicar. Para nós não é novidade. A nossa Mãe escreve como sempre nos falou. São sermões laicos e dúvidas liberais. São interpretações de fé e códigos de carácter. São memórias ternas e contos de tristeza.
Ganhou-se a distância do que é pouco importante, escrevendo sobre o que está mais perto das pessoas. Nós só podemos recomendar a nossa Mãe com a autoridade dos conhecedores. E estar do lado da sua liberdade com a sinceridade dos admiradores”.

Este texto que aqui reproduzo foi o prefácio que os meus dois filhos, Miguel e Paulo Portas escreveram, em 1990, ao meu primeiro livro. Hoje, com doze já publicados e mais dois a sair brevemente, resolvi partilhar o quanto lhes devo, com aqueles que me lêm. Porque se é de liberdade que aqui se fala, o que está por detrás dela é, sobretudo, uma certa forma de amor!

HSC

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Orgulho e preconceito

O orgulho e o preconceito são atitudes que, apesar de velhas, têm vindo a vestir novas roupagens. Antes tinha-se orgulho na posição social, no nome de família, no título académico, ou no património próprio. O preconceito era o reverso, no plano prático, daqueles predicados. Ou seja, quem não tivesse os atributos motivadores de orgulho era visto como uma espécie de “ser de segunda”.
Os anos passaram, a monarquia foi-se, a república consolidou-se, e a revolução fez-se para que a democracia se instalasse. Pareceria, assim, que teriam desaparecidotodas as razões para que subsistisse o tal orgulho e preconceito.
Não é verdade. Curiosamente, hoje, qualquer deles persiste. Apenas mudaram de feição. Agora orgulhamo-nos do sucesso profissional, tantas vezes alcançado não pelo mérito, mas pela filiação partidária; orgulhamo-nos de ter subido a pulso na vida, como se o esforço não devesse ser a norma; orgulhamo-nos da pertencer à ideologia dominante, como se a liberdade depensar diferente não fosse um direito adquirido; enfim, mantemos uma certa forma de altivez pelo que fazemos ou por quem somos…E continuamos preconceituosos com quem não faz, não é ou não pensa como nós.
Mais permissivos? Só se for na capacidade de tolerar a asneira e de lhe chamar sucesso!

HSC

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Hei-de...

Sempre me incomodaram as expressões “tenho de” ou “tenho que”, por as considerar perpétuos falsos argumentos para nada fazer. O "hei-de"é igualmente mau!
Quando era estudante elas constituíam o intróito habitual usado pelos colegas que, não se tendo dado ao trabalho de tirar apontamentos, amaciavam a intenção de se servir daqueles que o haviam feito. Mais tarde e já na vida profissional, a expressão continuaria a ser usada para, de modo sistemático, explicar o que, devendo já ter sido realizado, por desleixo, ainda o não fora.
“Tenho de estudar”, “tenho de ir ao médico”, “tenho de parar de fumar”, “tenho de economizar”, enfim, tenho de, tenho de… Não foram poucas as vezes em que me enfureci com os meus filhos por causa desta malfadada atitude.
Quando se tem de actuar, só há uma coisa a fazer:tomar a decisão, agir, cumprir. De preferência sem pré-aviso, a fim de evitar desvios de rota. Ou então, se não se é capaz, aceitar a debilidade psicológica e ter a probidade de não prometer, de não dizer "hei-de". Apenas existem estes dois caminhos. Tudo o resto é fantasia.
Um familiar meu costuma afirmar, convicto, “tenho de me doutorar”. Há pelo menos dez anos que o oiço dizer isto, sem qualquer rebuço. Ora se ninguém lhe pergunta nada sobre o assunto, para que serve tal afirmação, que jamais foi cumprida? Quanto a mim, apenas para calar a má consciência. Até que alguém, nomeadamente eu, tenha a coragem de lhe dizer que… “porque não te calas?”!
HSC

A sedução


Sempre defendi que cada idade tem a sua sedução. O problema está em descobrir “qual” o tipo de encantamento possível em cada uma delas. Porque, nesta matéria, qualquer tentativa de fazer diferente, corre o maior dos riscos: o do ridículo.
Há dias, num consultório, ao folhear uma revista, dei de caras com uma senhora cuja antiguidade a situa no grupo das “idosas”, que envergava um vestido lindo bem acima dos joelhos. Alguma coisa estava, ali, evidentemente errado.
Hoje, e na sequência do que escrevi recentemente, mas numa outra ótica, vi a dita senhora, que encontrei, passeando à beira rio numa bela toillette desportiva, mas que seria mais apropriada a neta que a acompanhava...
Muitas mulheres no afã de parecerem tão jovens quanto os filhos - aqui arriscaria dizer, quanto as netas - esquece que a sedução está justamente no contrário, nessa imensa sabedoria de se aceitar e perceber que cada ruga e cada cabelo branco representam uma parte da vida que se não pode nem deve renegar. Até porque os filhos e os netos que eventualmente tenhamos, atestam de modo irrefutável o lugar que ocupamos na pirâmide etária à qual pertencemos!
A menos que queiramos correr o risco de parecermos ter tido um passado algo pedófilo...
Porque será que para tanta gente é tão difícil admitir a idade e tentar encontrar, a essa escala, aquilo que mais se adequa e mais valoriza o aspecto exterior. Que não é, certamente, numa mulher de mais de sessenta anos, pôr em evidencia as rótulas ou os seios…
HSC

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Celebridades

Num destes dias, ao fazer zapping, passei por um daqueles programas televisivos nos quais a pequenada constitui o tema principal.
Falava uma garota que não teria mais de dez a doze anos. Que dizia ser aquele o dia mais feliz da sua vida. Parei uns instantes para perceber a razão de tanta felicidade. Ei-la.
A entrevistadora de serviço explicava que o canal pretendera dar aquelas crianças o que elas mais queriam. Dentro do realizável, claro. E o que é que fora, sempre, o sonho desta garota? Resposta imediata: “ser uma celebridade”.
Claro que a “pivot” nem sequer lhe perguntou o que significava, para ela, aquela expressão, nem tão pouco a razão de tal desejo. Isso, era evidente, não interessava a ninguém. O que era realmente importante era a menina vir à televisão e ter, enfim, a impressão de que este era o meio pelo qual as pessoas se tornavam célebres…
Triste país o nosso que nem as oportunidades de ensinar alguma coisa, aproveita. E triste menina, esta, a quem ninguém soube esclarecer que os actos pelos quais alguém se torna célebre, ficam muito além duma ida à televisão!

HSC

Sonhar

"Meta a gente busca,
Caminho a gente acha,
Desafio a gente enfrenta,
Vida a gente inventa,
Saudade a gente mata,
Sonho…a gente realiza."


Estes versos são bem velhinhos e, julgo, terão já mesmo servido de letra a uma canção. Mas, para mim, eles continuam a ser um verdadeiro lema de vida. Que, aliás, muito influenciou a minha forma de encarar o mundo que me rodeia.
Quantos de nós, à medida que vamos envelhecendo, continuam a acreditar nesta verdade? Creio que muito poucos…
Recebi-os da mão de um grande amigo e tentei, ao longo da minha existência, não esquecer o precioso ensinamento que contêm. Espero que, um dia, quando eu já cá não estiver,os que cá deixo possam por sua vez dar-lhes continuidade!

HSC

domingo, 22 de agosto de 2010

E nada o vento levou...

Talvez tenha chegado a hora de confessar que para além da ousadia de manter, com alguma regularidade, dois blogues de prosa poética a que aqui, um dia, já me referi em duas-ou-tres-coisas-que-eu-ja-sei.blogspot.com e duasoutrescoisasquejulgosaber.blogspot.com iniciei o e-nada-o-vento-levou.blogspot.com que dedico, em exclusivo, a pequenas "estórias", mais ou menos sarcásticas, sobre o tema do amor ou, melhor dizendo, sobre as dificuldades da vida afectiva. Tem cerca de dois meses. Não escrevo sempre. Apenas quando sinto necessidade. Quem estiver interessado é só aparecer. Será bem recebido.
A uns dá-lhe para fazer disparates. A mim dá-me para escrever...

HSC

sábado, 21 de agosto de 2010

Help! Socorro!


Esbodegada com o calor insano, decidi ir almoçar às Amoreiras, já que tinha de abastecer o frigorífico que estava uma miséria. Instalei-me com um amigo numa mesa de onde se via quase tudo. Nunca esta expressão " ver quase tudo" foi tão verdadeira. Com efeito, pelos meus olhos passearam-se donzelas em maillot, senhoras em duas peças que deixavam a terceira toda à mostra, velhinhas que, esquecidas dos anos, mostravam estômago e rótulas, homens que de chinela passeavam a sua rotunda e imensa barriga de felicidade, rapazes vestidos de negro tão profundo e completo que pareciam "emburqados", velhos de calça pela anca numa tentativa de seduzir donzelas da mesma idade que restaram donzelas, enfim, uma galeria de horrores massificados que me tiraram a vontade de chegar ao café.
O que é que aconteceu ao país, às suas gentes, aos seus neurónios e, sobretudo, ao seu bom senso? Será que nem o sentido estético nos acode? Plastificam-se nos cirurgiões plásticos e depois vêm expôr-se deste modo?
Socorro! Help! Começo a compreender as vantagens da burqa e o pundonor que o seu uso representa...

HSC

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

A sociedade civil

Já aqui o tenho dito. Prefiro os movimentos nascidos da vontade de muitos, da chamada sociedade civil, aos partidos políticos cuja origem reside, quase sempre, em originais estrangeiros importados duma Europa caduca à qual orgulhosamente pertencemos e que é efectivamente quem nos comanda.
Em Portugal, à excepção de umas ONG's, não são muito comuns este tipo de associações. A última de que me lembro e da qual fiz parte, nasceu quando se referendou a regionalização e acabou, como previsto, quando foi tornado público o resultado desse referendo.
No entanto, em tempos mais recentes, certas classes profissionais começaram a mexer-se. Refiro-me em particular aos documentos saídos do Projecto Farol, Mudar de Vida, e ao do Forum de Administradores de Empresas. Qualquer deles faz análises curiosas do Portugal de hoje e cuja leitura merece ponderação.
O problema é que nestes movimentos as vozes são quase todas do mesmo foro profissional e o que eu julgo necessário é que haja diversidade de pontos de vista e que as pessoas ou grupos de pessoas tenham experiências diferentes e pensamentos distintos.
Na actualidade não tenho muitas dúvidas de que os partidos se têm vindo a adulterar e a fugir de algo que os devia unir: o melhor para Portugal. Ao contrário, aqui como na restante Europa, o diálogo construtivo foi substituído pela agressão pessoal e substancial, tornando impossível governar um país sem ser com maioria absoluta, ou seja com a ditadura de um só partido...
Não é isto que a democracia pretende como mal menor. Nem a isto se chama democracia. Daí que eu gostasse de ver multiplicada a acção da sociedade civil que se move por objectivos e não por ideologias que envelhecem mais depressa que um qualquer de nós!

HSC

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Riscos




O risco da dívida portuguesa creceu mais de 2,5% depos de ter sido revelado o crescimento de 0,2% no PIB nacional. Assim, os nossos CDS ou Credit Default Swaps - títulos que protegem os investidores dos eventuais riscos da dívida - passaram para 275,8 pontos. O que quer dizer que
para segurar a dívida pública portuguesa no valor de 10 milhões de euros, a cinco anos, os investidores irão pagar um seguro anual que ronda os 275,83 mil euros.
Nas maiores subidas encontram-se os CDS de Espanha - com um crescimento do PIB de 0,2%, idêntico ao nosso - só ultrapassados pelos da Venezuela.
Portugal ocupa hoje, em termos absolutos, a décima posição na tabela de maior risco de incumprimento dos títulos de dívida soberana, onde a Grécia ocupa o terceiro lugar.
Apesar disto, a nossa posição já foi pior, em Maio passado, quando os juros da dívida a cinco anos se situavam em 6,053% . Agora já se situam nos 3,097%.
O prémio que os investidores pedem para comprar a nossa dívida 260,8 pontos base - e não a de referência, que é a alemã, ainda é elevado e refecte as suas reticências acerca da nossa economia. Mas é menor do que já foi antes, quando aquela diferença atingiu os 400 pontos base.
Porém, os quadros publicados acima revelam bem a dificuldade da nossa situação. Sem pessimismos. Apenas com números. Que para serem entendidos não carecem de licenciatura específica. Basta olhá-los com atenção e esperar que futuro nos preparam os nossos governantes!

HSC

domingo, 15 de agosto de 2010

Amar Portugal

Escolhi, há mais de três décadas, ficar em Portugal, quando muitos progressitas que conheci optaram por se ir valorizar por outra bandas, julgando que o país não poderia oferecer-lhes aquilo que as suas qualidades profissionais pediam. Fi-lo com alguma dor, porque o que no estrangeiro me ofereceram no tempo em que lá vivi, nunca se comparará ao que aqui tive.
Se a minha opção tivesse sido outra, muito possivelmente, a única mágoa que guardo na vida - ter os meus dois filhos na política - nunca me teria assomado, visto que a carreira de ambos se teria desenrolado por outras áreas.
A razão maior da minha preferência foi o amor que tenho à minha pátria, aquilo que me liga indissoluvelmente a ela, defeitos e qualidades incluídas. Não é, por isso, apenas a família que aqui tenho - também tenho muita no exterior -, o que determina que aqui viva.
Tenho orgulho de ser portuguesa, tenho orgulho no nosso passado histórico, tenho orgulho no que somos capazes de fazer quando uma desgraça nos atinge. Mas dói-me no mais profundo do meu ser a hipocrisia, a obsessão partidária, a luta sem sentido em que se ocupam. Enfim, dói-me imenso ver o preço que nos custou a liberdade, quando esse preço se reveste de incompetência e de falta à verdade. Como se a alguém com uma maleita grave, os médicos dissessem que a sua saúde estava ótima.
O que pretendo para o meu país é a verdade, a solidariedade para com aqueles que não têm voz, as medidas - por mais duras que sejam - para sairmos do buraco em que caímos.
E, quando aqui como em outros locais me indigno com o que nos escondem - como se qualquer de nós não fosse capaz de aguentar uma verdade reservada a alguns elitistas -, é ainda por amor a Portugal que entendo dever fazê-lo. E porque o facto de não ter filiação partidária me dá uma liberdade opinativa da qual apenas eu sou responsável. E da qual não abdico!

HSC


sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Os pessimistas e...os otimistas!

Um bloguista que muito aprecio indignava-se, há dias, no seu blogue, com o pessimismo de certos comentadores, que nunca teciam qualquer elogio sobre o que quer que fosse. Como se referir o que está mal desse grande prazer a quem o faz...
Hoje, à hora do almoço, abri a televisão para ver o noticiário. Na SIC grassavam os fogos e as opiniões de populares sobre os mesmos. Mudei de canal. Perorava o nosso PM, que com o PR havia interrompido as férias para, suponho, fazerem ambos uma visita ao Centro de Controle de Fogos. Julgo que o nome era este, mas não tenho a certeza.
E que dizia, então, o Engenheiro Sócrates? Dizia que tinhamos crescido 0,2% e que as exportações haviam aumentado. O que lhe dava grande satisfação.
Quando ouvi isto lembrei-me do post que havia lido. É que, ao contrário do seu autor, aquilo com que eu me insurjo é com o otimismo inveterado dos nossos governantes. Ou com a sua memória selectiva, pois, no caso vertente, o PM esqueceu-se de mencionar que as importações também haviam crescido. Mais...
Assim, não sei o que é pior para o país: se o pessimismo de alguns se o otimismo dos restantes!

HSC

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Este Calor!

Não sou de grandes queixumes. Cá vou aceitando o que a vida me dá, umas vezes mais contente, outras vezes menos satisfeita. Mas nada que dê origem a grandes perturbações.
Até agora. Até chegar este calor desalmado, que me faz parecer uma criatura fugida de um qualquer goulag e que seca os poucos neurónios que ainda mantenho.
Há anos que o aguento. Há anos que suporto, estoicamente, as consequências de viver no último andar de um edifício virado para o mar. Mais concretamente num andar com quatro devassadoras janelas viradas a sul. Acopladas a um terraço onde se poderiam grelhar ditadores da América do Sul sem que se desse por isso.
Há anos que luto para não colocar ar condicionado, receando os efeitos maléficos do mesmo nesta carcassa que está longe de ser nova.
Pois bem, este calor, este capacete cinzento sobre a minha cabeça, este ar irrespirável que se apoderou do país faz com que pela primeira vez me queixe e reclame dum clima que se diz temperado.
Temperado, uma figa, digo eu que ainda permaneço com um resquício de educação! Basta de tempero. Venha o destempero, venha a chuva, mesmo sem ter ido ainda para férias...

HSC

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Notícias? Crise?

Uma passagem pelos jornais diários, permitiu ficar com uma tormentosa noção do que aqui se vai passando, além dos fogos que nos devoram. Escolhi:
D.NOTÍCIAS - No ano 2009/2010 foram abertos processos disciplinares a 17.649 alunos, o que representa em relação ao ano anterior um aumento de mais de 15%. A situação preocupa Pais e Professores. O Ministério da Educação afirma que se trata de "uma maior atenção e rigor nas escolas"...
PÚBLICO - Cerca de 40% das empresas portuguesas apresentaram prejuízos em todos os exercícios que se desenrolaram ao longo do período 1997/2007, último para o qual há estatísticas oficiais. Antes, entre 1989/1996 os prejuízos acumulados somavam 35 mil milhões de euros. Agora, entre 1997/2007 aquele montante situa-se em cerca de 100 mil milhões de euros! Um "pequeno acréscimo" como se vê...
Neste mesmo jornal afirma-se que ninguem sabe exactamente quantas Fundações existem nem tão pouco quanto recebem do Estado aquelas às quais é reconhecida utilidade pública. Em 2009 os dados disponíveis apontavam para 306 instituições a receberem do erário público algo como 166,5 milhões de euros. Um pequena migalha sem qualquer importância...
JORNAL i - A OCDE prevê, num seu estudo, que a retoma de certos países que a integram está parada. No caso português a situação é bastante complicada, porque regista a terceira pior marca do euro. Será que nos especializámos em ser "os piores"?!
Podemos dizer que o panorama não é, de facto, animador. Mas, em compensação os festivais de música e as festas algarvias, vão de vento em pôpa e ninguem se queixa do preço dos bilhetes...

HSC


domingo, 8 de agosto de 2010

Um Domingo simples!

Tenho alguns amigos especiais. Hoje passei o Domingo na casa de dois deles. Com cerca de mais quarenta outros. Não, não era uma festa especial. Tudo bem mais simples do que isso. Trata-se de uma quinta na Ericeira, cujos donos abrem o Verão recebendo os amigos todos os Domingos. Faz-se uma grande almoçarada, levam-se coisas e compram-se outras. No fim, somam-se os gastos e divide-se pelo numero de convivas.
A Quinta dos Leitões que, aliás, também serve para eventos, pertence a um casal que há anos mantém esta tradição, recebida dos bisavôs, de partilhar o seu espaço de descanso, com todos aqueles que os estimam e apreciam a simplicidade com que vivem.
A Teresa e o marido ficam felizes rodeados dos seus e dos dilectos. As gerações vão-se sucedendo, mas o ritual mantem-se com as pequenas alterações que a modernidade consente.
À vinda para Lisboa trazia o coração cheio. De ternura, de alegria, de sossego interior. E, mais uma vez confirmei que, além da família, os amigos têm sido, ao longo da minha vida, o esteio da minha força!
HSC

sábado, 7 de agosto de 2010

Cada vez pior!

Algo de verdadeiramente surrealista atravessa este país. Antes nacionalizámos o que era privado, na sequência de uma revolução. Agora vendemos as jóias, já que os dedos não interessam a ninguém. Porquê?
Confesso que, por mais que me esforce, não consigo deixar de ficar triste. EDP, GALP, CTT, ANA, TAP, VIVO, o que faltará alienar mais? Entretanto e a ajudar, a solução encontrada para a privatização do BPN, até me causa arrepios. É mais dinheiro, nosso, dos contribuintes sem qualquer garantia de retorno. Será que tudo isto, que vai acontecendo nas nossas costas - ou na nossa frente, tanto faz -, não carece de uma explicação cabal de "como", "porquê", "quando"?
Se este é o exemplo da nossa democracia, em que "o povo" só existe para votar e no restante é tratado como débil mental, eu pergunto: onde está a vantagem do sistema?!

HSC

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Chumbos...

Hoje em dia já ninguém sabe que termos usar. Entre o novo Acordo Ortográfico, a escrita utilizada nos telemóveis, os programas de computação em inglês e a desejada integração de novos "termos étnicos"na nossa língua, deixei de ter certezas. De como se diz, ou de como se escreve. O que é grave, na a minha actividade profissional.
A situação chega a ser tão bizarra que tenho alunos, na Universidade, a dizerem-me que "deletaram" completamente uma matéria, ou colegas a darem-me o conselho de "linkar" para tal "site" onde encontro os "files" de que preciso... Alguém entende tal conversa, quando há termos portugueses para todas estas expressões? Devemos aceitá-las? Porquê?!
Hoje ao almoço Francisco Assis - felizmente um homem inteligente - na Sic Notícias recusava o uso do termo técnico "repetências" e mantinha o comum "repetição". Fiquei feliz!
Todavia, apesar disso, continuei sem perceber patavina do que se pretende com o fim dos "chumbos", se é que a expressão ainda está em uso. Será que se quer acabar com ela, por ser feia? Será para efeitos estatísticos? Será porque o ensino e os estudantes são tão bons, que já não se justifica o vocábulo?
Mas então se as repetências existem, não é porque houve chumbos?
Não será normal e desejável que quem não está apto no conteúdo duma matéria chumbe e repita a dita?
O defeito deve ser meu. De facto, não consigo perceber o que se pretende com esta eliminação que me parece uma tremenda via de ajuda à desqualificação escolar...

HSC

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Bettencourt Resendes

Faleceu esta madrugada um homem a quem pessoalmente muito devo. Trata-se de Mário Bettencourt Resendes, que conheci quando comecei a escrever na Máxima.
Anos mais tarde, pela sua mão, entraria no Diário de Notícias para ocupar o espaço deixado vago por Emídio Rangel. Seria a última página do jornal e, por cima de mim - salvas sejam as más interpretações -, perorava à época, Vasco Pulido Valente.
Jamais esquecerei a urbanidade e simpatia com que me disse " pode escrever sobre o que quiser", em resposta às minhas dúvidas em aceitar tão honroso convite. Julgo que na base de tal proposta terá estado a mão de Fernanda Mestrinho, que era e é, muito minha amiga.
O certo é que os anos que lá permaneci - e foram vários - marcaram para sempre a minha ligação aos jornais e muito em particular ao DN daquela altura, onde ainda guardo bons e saudosos amigos.
Atravessei quatro direcções diferentes. À excepção da última, todas me trataram de modo impecável, não questionando jamais a escolha feita por Resendes. Por isso, a morte deste homem entristece-me profundamente e só tenho pena se não chegar a Lisboa a tempo de lhe prestar uma última homenagem!

HSC

domingo, 1 de agosto de 2010

Inusitadamente, ao Domingo!

De repente, na sexta feira, duas das minhas editoras resolveram mandar-me as provas de dois livros para corrigir. Uma hecatombe para quem ainda se não refez do calor e do corte do cabelo.
De um lado, esperavam-me 240 páginas da vida de nove mulheres. Do outro, 320 folhas de gostosas receitas familiares.
Por onde começar era a minha questão filosófica básica sabendo, à partida, que o que me apetecia mesmo era ir tomar uma banhoca à piscina de uns amigos. Porém, para completar o quadro desesperante, no sofá sorriam-me dois pares de calças para apertar - sim, sou muito prendada, cozinho e coso razoavelmente - e, confesso, a vontade de lhes mexer também não era muita.
Comecei por elas, nem eu própria sei porquê, visto que enquanto as arranjava, sentia que devia estar a tratar dos livros. Incongruências femininas!
Terminado o problema do vestuário, persistia o profissional. Finalmente decidi. Veria alternadamente 20 folhas de cada um dos montes que estavam à minha frente.
Uma aventura. A certa altura já misturava rabanadas com a pesquisa de plutónio, aletria com as golas Chanel, bifes à café com os amores de Gala Dali. Parei. O que se adivinhava a este ritmo era dantesco... E, ainda outra vez, tomei a opção mais insólita. Vim escrever este post!

HSC