quarta-feira, 6 de maio de 2009

A banda desenhada

Aprendi muito com o Vasco Granja. Nem sempre me empolgava com as suas escolhas. Mas elas foram-me, sempre, imensamente didáticas.
Gosto muito, e há muitos anos, de banda desenhada. Corto Maltese e Lucky Luck - tão diversos - são os meus heróis. Com este último consigo, mesmo, sentir-me uma Calamity Jane...
Transmiti este gosto aos filhos e aos netos que, aliás, me ultrapassaram em conhecimentos.
A morte de Vasco Granja é também a pequena morte de uma parte das nossa vidas. Fica, enquanto cá estivermos, a sua suave lembrança.


H.S.C

4 comentários:

Pedro disse...

é
vero

entrei no cinema por causa do Vasco Granja; animação; ele passava aqueles filmes do Office National du Filme du Canada, didácticos, ensinavam como se fazia,
e eu comecei a fazer,
para (na altura!) desespero dos meus pais
não parei :-)

fiz nas técnicas todas, menos em vidro e em tela de alfinetes (os filmes passaram na RTP2 , num programa que se chamava Ecrã Mágico :-)

anos passados, feita a engenharia, comecei a brincar e fiz a minha tela de alfinetes digital por computador, e com isso doutorei-me, não é giro?! :-)
"culpa" do Vasco Granja :-)

Anónimo disse...

O Lucky Luck! Se bem me lembro! Li inúmeras das histórias dele. Aqueles Daltons eram únicos! Quanto mais alto o mano, mais burro! E sempre com azar nas maldades que faziam. Aquelas fatiotas ás riscas! E o nosso herói, sempre com o tal cigarro ao canto da boca (agora parece que o querem efeminado, com uma flor, em vez do cigarro!), conseguia disparar mais rápido do que o vento, mesmo a fumar. Aquela indumentária dele, camisinha vermelha e chapéu de cowboy. Figura magricela, que divertido. E os habitantes nos seus trajes, com as suas fisionomias, as barrigas de alguns, os lenços atados nas cabeças das mulheres. Aquele cavalo dele! Aquilo eram histórias em banda desenhada que nunca mais esquecem. Lucky, se não erro, era puritano. Nunca teve namorada, nem beijou, ou disse uma frase bonita a uma mulher. Estava ali a virtude, ainda que com ar informal. Aqui, acho que o nosso Luck falhou. Agora, com a idade que já deve ter, é tarde, coitado.
Mais a sério, fez-me bem recordar esses tempos com esse tipo de banda desenhada.
Quanto ao Vasco Granja, subscrevo o que aqui diz. E era também, para além de outras muitas qualidades que possuía, uma pessoa que transmitia uma simpatia imensa. Era, por essas razões, era um homem doce. Bom.
P.Rufino

António Conceição disse...

O Pedro Lopes é a primeira pessoa (das centenas que escreveram na blogosfera sobre a morte de Vasco Granja)que encontro e que parece dever-lhe, de facto, alguma coisa.
Todas as outras que li fizeram posts que invariavelmente começavam pela palavra "Koniec" e a seguir citavam os filmes da Pantera, de Fritz Freeling, de Tex Avery e, agora, a banda desenhada do Lucky Luck.
Quer dizer, toda a gente associa Vasco Granja à intragável animação experimental do leste e do National Film Board of Canada, mas toda a gente acaba a falar dos filmes americanos que ele ocasionalmente passou, mas que não introduziu em Portugal e que teriam passado de qualquer maneira, mesmo que ele não tivesse tido programa algum na televisão. Não há ninguém (pelo menos, entre os não especialistas que da área fazem profissão) que seja capaz citar um único filme ou um único realizador daqueles que só passaram em Portugal, porque existiu Vasco Granja.
Isto parece-me provar definitivamente que a influência de Vasco Granja foi nula ou, em todo o caso, muito pouca, porque, como descobri hoje, há o Pedro Lopes.
Tanto quanto me lembro, Vasco Granja era um tipo simpático e a sua morte, como quase todas, é lamentável. Mas, sinceramente, a sua vida e a sua obra (tanto quanto as conheço e tanto quanto as conhecem a generalidade das pessoas que sobre ele redigiram posts) não me parecem justificar o festival que se armou em torno dessa triste defunção. Compare-se, por exemplo, com a também recente morte de Aventino Teixeira que passou completamente despercebida.

Isabel F. disse...

Reduzir a vida de uma pessoa a meia dúzias de nomes parece-me uma completa idiotice. A importancia do Vasco Granja foi o mundo que ele nos trouxe, caro Funes, o mundo!