segunda-feira, 25 de maio de 2009

Solidão

"Solidão não é falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo. Isso é carência.
Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar. Isso é saudade.
Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos. Isso é equilibrio.
Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsivamente para que revejamos a nossa vida... Isso é um pricípio da natureza.
Solidão não é o vazio da gente ao nosso lado. Isso é circuntância.
Solidão é muito mais que tudo isto. Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão a nossa alma".

(Frase atribuída a Chico Buarque da Holanda)

Ora nem mais. Está tudo aqui. Pode estar-se sozinho ou solitário. Mas só quando "somos sós" é que a solidão se apodera, realmente, de nós.
Gosto muito de estar sozinha, porque sei que estou acompanhada. Sou, muitas vezes, solitária porque, de repente, o mundo à minha volta toma conta de mim e eu preciso de espaço e de silêncio para existir.
Mas sentir uma solidão imensa, até hoje, apenas aconteceu quando perdi a minha mãe e não pude despedir-me dela. Aí, sim, não deve ter havido ninguém no mundo mais desamparado do que eu. Totalmente perdida. Foram os piores momentos da minha vida.
E, desde essa longínqua noite de Natal, nem nos mais dolorosos baques por que passei, alguma vez senti a solidão tomar conta da minha alma...

H.S.C


7 comentários:

margarida disse...

Muito oportuno, este 'post' Milady...

Aliás, consigo vislumbrar as suas asas diáfanas...

Abraço.

Pedro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Pedro disse...

[estas escritas têm disto, apago o registo anterior e reenvio corrigido]

ando a preparar-me, a tentar preparar-me para o drama
se parecer tétrico não é: penso que tento evitar-me perdido, nisso contido, e a cada dia tento vivê-la, à vida, à mãe, como vou, posso e consigo

e um dia ela vai-se
a mãe
a vida
a vida da mãe
a mãe da vida
e eu fico
espero que não órfão de mim

(ou se parecer frio, também não é, comovi-me ao ler o seu post; eu não quero, não gostaria, de sofrer para lá de uma possível perdição absoluta; é calculismo? talvez seja preservação, a minha, saber aceitar, aceitar a vida como é: morrer também é viver?)

forte abraço
Pedro

Helena Sacadura Cabral disse...

Pedro, o comentário foi eliminado, mas era lindo. Eu ainda o li...

Abraço da Helena

Pedro disse...

mas reenviei corrigido :-)
abraços

Anónimo disse...

Despe d ida
Não é permit ida
Entre a Mãe v ida
E a filha quer ida

Ambas são a alma
Eterna perpétua
E viva de qualquer vida...

Só para dizer que me sensibilizou, ao retratar uma das dimensões mais puras de solidão a impotência da perda.
Isabel Seixas

Rita Roquette de Vasconcellos disse...

Belo texto
Abraço
Rita V.