A vida política da Guiné, nos últimos trinta e cinco anos, nunca foi estável. Com efeito, desde 1973, ano em que o PAIGC declara unilateralmente a independência do país e em que Luis Cabral se torna presidente, os acontecimentos violentos foram-se sucedendo.
Em 1980, o golpe de Vieira derruba Cabral e em 1994 aquele torna-se Presidente, nas primeiras eleições livres ali realizadas. Cinco anos mais tarde, será o chefe do Estado Maior Ansumane Mané, que irá derrubar Nino. Um ano depois aquele é assassinado e Kumba Ialá será feito Presidente. Em 2003 o novo Chefe de Estado Maior, Veríssimo Seabra, irá destitui-lo para, um ano depois, ser ele próprio assassinado por militares. Em 2005 Vieira sairá do exílio em Portugal para vencer as eleições. Três anos depois, em 2008, sobrevive a uma tentativa de golpe militar. E ontém, quer Nino quer o chefe de Estado Maior, Tagmé Na Waié, serão mortos. Basta a descrição destas três décadas e meia, para se ter a idéia do que terá sido a violência na ex colónia. Com um PIB per capita de 200 dolares e uma meia dúzia de etnias, o território tornou-se a placa giratória do narcotráfico e os seus problemas estão muito longe de ter solução à vista.
A pergunta que me ocorre é se a morte destas duas figuras, num quadro como o que acabo de descrever, não poderá ser, afinal, uma oportunidade para a reparação de um Estado de direito. Não falo em democracia porque, entendida esta em termos ocidentais, vejo difícil a sua aplicação num país africano como a Guiné.
H.S.C
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