Em condições normais compete aos pais educar e proteger os filhos, dentro daquilo que são as suas capacidades e competências. E cabe ao Estado, através das instituições adequadas, instruir e formar. Nem a este, nem aos primeiros, compete "formatar", como muitas cabeças pensantes parecem defender. A sociedade é o terceiro pilar no qual assenta uma função muito respeitável, que deve ser a de nos ajudar a conviver apesar das nossas diferenças.
Estes três pilares não têm, ao longo da vida, sempre a mesma importância. Os filhos, uma vez adultos estarão, em principio, educados e instruídos, pelo que o papel do Estado e dos ascendentes diminuirá e a influencia da sociedade aumentará.
Em muitos casos, infelizmente, isto não acontece e nalguns, mesmo, os filhos viram pais dos seus, por necessidade destes últimos. As razões podem ser muito variadas mas, pessoalmente, julgo que esta situação será muito dolorosa para todos e não pode deixar de atormentar quem nela se incluir.
Mas tão lamentável quanto o quadro que acabo de descrever, é aquele que começa a surgir, nestes tempos de novas tecnologias, em que nem pais nem filhos sabem qual o seu papel. Sempre fui muito amiga dos meus filhos mas, antes disso, era e sou mãe deles e nunca admiti confusões nesta matéria. Nem antes, nem hoje. E se há algo que preservo, para além da intimidade é o respeito a que deles tenho direito e do qual não prescindo.
Se os pais incitam os filhos a comportar-se como vedetas televisivas, não estão a protege-los, nem podem, depois, vir censura-los pelas atitudes que tomem para atingir esses fins. Ora, cada vez mais, se assiste a uma "formatação" paterna que é uma transferencia para as crianças daquilo que os pais gostariam de ter sido, ou, pior, que entendem que os filhos devem ser.
Quando assisto, por acaso, a certos programas televisivos ou quando venho para casa mais tarde e vejo adolescentes, no fim de semana, a - "emborcarem" - é o termo , copos seguidos de cerveja, pergunto onde, raio, estarão os pais destas crianças e como é que podem dormir descansados!
Tentei dar aos meus a liberdade que considerava justa, mas vivi muitas vezes a angústia do que eles pudessem fazer com ela. E, também, algumas vezes, a minha liberdade foi cerceada por eles terem uma idade em que, eventualmente, não percebessem o uso que eu fizesse dela. Não me arrependo nada, porque ser pai e ser mãe, se impõe limitações, também ajuda a formar a identidade de cada um. E eu devo-lhes bastante!
HSC