Não é a primeira vez que aqui falo do Embaixador Marcelo Mathias. Sou uma admiradora da forma como escreve, do domínio que tem da língua e, de certo modo, também, da forma como vê o mundo que o cerca.
Trago hoje, de novo, à baila o seu nome para vos aconselhar a leitura da entrevista que concedeu ao jornal Publico, em conversa com a jornalista Isabel Lucas.
É um diálogo que vale a pena ler porque se trata de uma visão muito particular da Europa e do país, numa altura em que para muitos de nós o Velho Continente parece aproximar-se de uma agonia antecipada.
Marcelo Mathias é um homem da minha geração. E embora as nossas mundivivências tenham sido diferentes, a sociedade que nos rodeou foi a mesma. Assim, é muito mais o que nos aproxima do que aquilo que nos poderá afastar.
Aliás, muitas vezes, ao lê-lo - em particular nos diários - tenho a sensação estranha de me sentir dentro das páginas que escreve. Ou, dito de outro modo, penso no prazer que me daria ter sido eu a escrever algumas delas.
Não tenho uma relação melancólica com a vida, mas percebo muito bem - tive um irmão na carreira - que um diplomata que vive uma parte importante da sua vida a defender o país fora dele, possa tê-la. Não por pessimismo, mas porque quando estamos longe, essa melancolia é uma forma de expressarmos o amor que temos à terra onde nascemos e à qual sentimos que pertencemos. De facto, uma entrevista a não perder!
HSC
4 comentários:
E se eu disser que já li a entrevista três vezes, será suficiente para dizer que estou totalmente de acordo com o que HSC escreveu ?
Melhores cumprimentos.
Meu caro João
Les bons esprits se rencontrent toujours...
Cada vez acredito mais nisto. Fui eu que apresentei o último livro dele perante o espanto de muita gente. Acredite que foi, talvez, a melhor apresentação da minha vida e muito se deve à admiração imensa que tenho pela pessoa e pela escrita.
E no meio de tudo gosto muito e sou amiga do filho Marcelo, também diplomata, e que é uma pessoa maravilhosa!
Quem sai aos seus não degenera...
Admirável a entrevista, sem dúvida !
Espírito aberto numa pessoa de elevado nível intelectual ( e não só ).
Li a entrevista com o Sr. Embaixador, achei-a muito pessimista, mas quando envelhecemos é natural que isso aconteça ,mais a uns do que a outros... afinal os horizontes vão-se estreitando.
Sem horizontes não há objetivos e a vida vai-se tornando cada vez menos interessante!
Enviar um comentário