O Padre Tolentino de Mendonça acabou de
publicar um novo livro - o segundo num ano -, intitulado O Pequeno Caminho das Grandes Perguntas que foi apresentado sob forma de conversa entre Guilherme de Oliveira Martins e o autor, moderados pelo
jornalista José Pedro Frazão.
Desta vez não pude, com grande pena minha,
estar presente. Todavia mão amiga fez chegar às minhas a obra, que no Domingo comecei a ler.
Não posso, para já, emitir qualquer opinião.
Mas do que folheei, a perceção que tenho é a de que as perguntas essenciais da
Humanidade não variam muito. As respostas, essas, é que são o âmago da questão, neste nosso quotidiano atravessado de interrogações.
Tolentino diz-nos que vivemos
numa sociedade que acredita que são os sonhos e as utopias que nos movem, mas
frequentemente o ponto fundamental para iniciar um caminho são distopias. De
facto, com a decepção, podemos ser mais autênticos porque partimos de uma
realidade que permite um recomeço. Sem ela, esse recomeço não existe.
O embrião desta obra ficou a
dever-se ao convite feito por um jornal italiano, o Avvenire, para que Tolentino
escrevesse diariamente durante os primeiros três meses deste ano. Todavia, depois,
o processo de escrita havia de continuar e, assim, nasceram as micro-narrativas deste livro, que são um género desafiador dado que se aproximam
muito da nossa experiência do quotidiano, sem um fio narrativo longo, mas com
uma breve respiração .
Quem conhece o padre Tolentino
sabe o quanto lhe interessa a religião expressa de forma não-religiosa. São
suas, as palavras em que afirma que aprende muito com os não-religiosos,
ateus e indiferentes, pois os que não crêem fazem perguntas aos que crêem e é
importante que estes as escutem e aprendam.
Acredito, diz, que a
crença é um laboratório de descrença e que dentro de um crente há sempre um não
crente. Mesmo quem vê Deus por todo o lado, faz a experiência de que Ele não
está em sítio algum e o contrário também é verdade.
‘O Pequeno
Caminho das Grandes Perguntas’ é, afinal, uma longa conversa onde se cruzam
cinema, literatura e memórias, como pretexto para uma aproximação mais espiritual
às questões fundamentais”. Só posso aconselhar a sua leitura!
HSC