Sou uma mulher de afectos e gosto de pessoas muito diferentes. Tenho a sorte de possuir bons amigos à esquerda como à direita, se é que a política pode ser chamada para esta matéria. Mas hoje pode e já explico porquê.
Ontem à noite, no Jardim de Inverno do Teatro S. Luis, reuniram-se um punhado de amigos de Mario Castrim, para lhe prestarem homenagem. Com discrição, em família. Presentes o Presidente da República e o Ministro da Cultura, ambos na dupla qualidade de amigos e de representantes do país. Estava, também, Jerónimo de Sousa e muita gente dos mais diversos espectros da vida nacional. Seria entediante referi-los todos, mas vale a pena salientar que o antigo núcleo duro do bom jornalismo estava todo lá. Como estavam aqueles que pela pena afiado do Mário, aguentaram as suas críticas e se "fizeram", como o Goucha e o Zambujal, meus dois ótimos companheiros.
Os discursos dos "grandes" foram excelentes. Mario Castrim era um homem tão especial que reuniu Marcelo, Luis Castro Mendes e Jerónimo de Sousa de forma tão originalmente harmoniosa, que seria difícil dizer qual o discurso melhor.
Fiquei feliz de lá ter estado e de ter revisto muitas caras conhecidas, unidas pelo mesmo fio condutor. O que eu devo ao Mário só ele e eu sabemos. Mas algo posso dizer. É que nunca, mas nunca, teria chegado até aqui se não tivesse encontrado o Mario. Que, em herança, me deixou uma das minhas mais apreciadas amigas, a Alice Vieira, viúva que não quer e bem, que o nome do marido seja esquecido pelas novas gerações pelas quais ele tanto batalhou.
Cheguei a casa feliz. Mas esperava-me uma triste noticia. Tinha acabado de morrer a minha querida amiga Maria Helena Serras Gago. Fiquei de rastos. Acabava de louvar um amigo e de perder outro...
HSC