sábado, 26 de setembro de 2015

Acção de campanha

É hora do jantar e a televisão está ligada no noticiário da TVI que nos brinda com mais uma acção de campanha.
A câmara capta dezenas de idosos que saem de uma camioneta e se dirigem para um pavilhão onde iria ser servido um almoço e um comício.
O jornalista de serviço aproxima-se de um casal e pergunta porque razão eles estavam ali. Nenhum sabe responder apesar de  se dirigirem para um local amplamente engalanado com patrióticas bandeiras bem esclarecedoras do regimento partidário que representavam.
A mulher ainda ensaia uma resposta do tipo “acho que é dos votos, ou qualquer coisa assim, fomos convidados e viemos”. O homem é mais claro: “a Junta convidou e viemos. Mas diga-me o senhor, que sabe mais: o que estamos aqui a fazer?”.
O jornalista nem piou e as imagens do interior do pavilhão encheram o pequeno ecrã com mulheres em pé de dança e um cantor pimba a animar umas centenas de velhotes sentados em cadeiras de plástico. No fim, o candidato discursa. Não interessa, sequer, dizer quem é o candidato. É um deles. Tanto faz.
Só sei que sinto uma profunda tristeza ao ver como a política se pode transformar neste género de palhaçada que, sem vergonha, usa e explora a fragilidade de alguns cidadãos, a troco de uma refeição gratuita.
E que lamentável comunicação social temos nós, que cobre estas encenações sem um módico de seriedade.


HSC

8 comentários:

Anónimo disse...

Isso sim, é palhaçada.
Não sabem ao que vão, estão lá porque os convidaram e aceitaram.
Usam e abusam de pessoas nestas circunstâncias.
E não, realmente não interessa saber qual a bandeira que os acolhia.
Comunicação social. Foi isso que disse, Helena?
Pois...

Afrodite disse...

Não vi a peça de reportagem a que a Helena se refere... mas a minha mãe, senhora dos seus 86 lúcidos anos, veio-me contar esse episódio... profundamente incomodada.

Um abraço

Escrever Fotografar Sonhar disse...

Eu, fui convidada via telefone fixo, através de uma gravação do candidato (nem interessa qual). Ora, se o numero não vem na lista, porque eu tomei essa opção, como é que mesmo assim me incomodam na minha casa com estas coisas?

João Menéres disse...

A "maltosa" gosta de brindes !!!


Melhores cumprimentos.

irene alves disse...

Repugnada também eu fico, mas em todas as campanhas eleitorais
se faz isso e todos os partidos (que têm dinheiro para tal.E
Câmaras Municipais envolvidas.

E andam com as pessoas em camionetas de um lado para o outro,
meu Deus a que ponto se chega...

Só um povo (que ainda tem muito de pobre a vários níveis,

alinha em tais coisas).

Campanhas para falar verdade e elucidar? Nem pensar!!!

Cumprimentos e bom fim de semana.

Irene Alves

Maria do Porto disse...

É já um "habitué" nas nossas campanhas! Isto porque a Comunicação Social mede as vitórias pelos pavilhões estarem mais ou então menos cheios!
Sendo assim e porque as imagens da TV têm poder, há que encher para "ficar bem na fotografia"
Não admira que os partidos reclamem sempre dos dinheiros ( que são exorbitantes) atribuídos às campanhas eleitorais! Precisam dele para estas " fantochadas", desculpe-me o termo.
Bjs

maria isabel disse...

Trabalhei durante um ano, numa junta de freguesia,na Educação de Adultos, ao abrigo do Centro de Emprego,quando fiquei desempregada, já lá vão uns anos. De vez em quando, o senhor presidente,futuro candidato à Cãmara, fazia seus discursos e convidava a televisão. Para aparecer muita gente na reportagem, angariava os idosos do centro de dia que passavam a tarde no bar da junta, eu também era convidada para fazer número, e lá aparecia a sala cheia. Um belo dia foram chamar-me porque o senhor presidente queria agradecer e entregar um donativo muito grande vindo
de uma associação muito importante. O donativo era: 5 cadeiras de rodas para crianças deficientes.
O senhor presidente tão empolgado que estava no discurso a elogiar a associação e os seus beneméritos membros que se sai a dizer o seguinte:
"Para acabar só desejamos que apareçam mais deficientes porque ainda temos mais 4 cadeiras para dar".
Claro que não foi de propósito que logo emendou o dito, mas é só para que se veja que o exagero dos elogios foi tão grande , que não se pensou o que se disse.
Quase rebentei a rir e saí porta fora.
Isto foi verdade.

Maria Isabel

Fatyly disse...

Também vi e ouvi e em nada me espantou, porque há décadas que o método é usado por todos os partidos, com mais comunicação social ou sem ela.

A CS deveria ser isenta e neste caso, como noutro que já vi...leva-me a crer que há um propósito, mas lamento usarem os idosos como se fossem "lorpas" a troco de um almoço.
O dinheiro gasto deveria era ser aplicado em "explicações sobre vários temas políticos que ouvem nas televisões".

Uma tristeza!