É hora do jantar e a televisão está ligada no noticiário da TVI
que nos brinda com mais uma acção de campanha.
A câmara capta dezenas de idosos que saem de uma camioneta e se
dirigem para um pavilhão onde iria ser servido um almoço e um comício.
O jornalista de serviço aproxima-se de um casal e pergunta porque razão eles estavam ali. Nenhum sabe responder apesar de
se dirigirem para um local amplamente engalanado com patrióticas
bandeiras bem esclarecedoras do regimento partidário que representavam.
A mulher ainda ensaia uma resposta do tipo “acho que é dos votos, ou qualquer coisa assim, fomos convidados e viemos”. O homem é mais claro: “a Junta convidou e viemos. Mas diga-me o senhor, que sabe mais: o que estamos aqui a fazer?”.
O jornalista nem piou e as imagens do interior do pavilhão encheram o pequeno ecrã com mulheres em pé de dança e um cantor pimba a animar umas centenas de velhotes sentados em cadeiras de plástico. No fim, o candidato discursa. Não interessa, sequer, dizer quem é o candidato. É um deles. Tanto faz.
A mulher ainda ensaia uma resposta do tipo “acho que é dos votos, ou qualquer coisa assim, fomos convidados e viemos”. O homem é mais claro: “a Junta convidou e viemos. Mas diga-me o senhor, que sabe mais: o que estamos aqui a fazer?”.
O jornalista nem piou e as imagens do interior do pavilhão encheram o pequeno ecrã com mulheres em pé de dança e um cantor pimba a animar umas centenas de velhotes sentados em cadeiras de plástico. No fim, o candidato discursa. Não interessa, sequer, dizer quem é o candidato. É um deles. Tanto faz.
Só sei que sinto uma profunda tristeza ao ver como a política se
pode transformar neste género de palhaçada que, sem vergonha, usa e explora a
fragilidade de alguns cidadãos, a troco de uma refeição gratuita.
E que lamentável comunicação social temos nós, que cobre estas
encenações sem um módico de seriedade.
HSC
8 comentários:
Isso sim, é palhaçada.
Não sabem ao que vão, estão lá porque os convidaram e aceitaram.
Usam e abusam de pessoas nestas circunstâncias.
E não, realmente não interessa saber qual a bandeira que os acolhia.
Comunicação social. Foi isso que disse, Helena?
Pois...
Não vi a peça de reportagem a que a Helena se refere... mas a minha mãe, senhora dos seus 86 lúcidos anos, veio-me contar esse episódio... profundamente incomodada.
Um abraço
Eu, fui convidada via telefone fixo, através de uma gravação do candidato (nem interessa qual). Ora, se o numero não vem na lista, porque eu tomei essa opção, como é que mesmo assim me incomodam na minha casa com estas coisas?
A "maltosa" gosta de brindes !!!
Melhores cumprimentos.
Repugnada também eu fico, mas em todas as campanhas eleitorais
se faz isso e todos os partidos (que têm dinheiro para tal.E
Câmaras Municipais envolvidas.
E andam com as pessoas em camionetas de um lado para o outro,
meu Deus a que ponto se chega...
Só um povo (que ainda tem muito de pobre a vários níveis,
alinha em tais coisas).
Campanhas para falar verdade e elucidar? Nem pensar!!!
Cumprimentos e bom fim de semana.
Irene Alves
É já um "habitué" nas nossas campanhas! Isto porque a Comunicação Social mede as vitórias pelos pavilhões estarem mais ou então menos cheios!
Sendo assim e porque as imagens da TV têm poder, há que encher para "ficar bem na fotografia"
Não admira que os partidos reclamem sempre dos dinheiros ( que são exorbitantes) atribuídos às campanhas eleitorais! Precisam dele para estas " fantochadas", desculpe-me o termo.
Bjs
Trabalhei durante um ano, numa junta de freguesia,na Educação de Adultos, ao abrigo do Centro de Emprego,quando fiquei desempregada, já lá vão uns anos. De vez em quando, o senhor presidente,futuro candidato à Cãmara, fazia seus discursos e convidava a televisão. Para aparecer muita gente na reportagem, angariava os idosos do centro de dia que passavam a tarde no bar da junta, eu também era convidada para fazer número, e lá aparecia a sala cheia. Um belo dia foram chamar-me porque o senhor presidente queria agradecer e entregar um donativo muito grande vindo
de uma associação muito importante. O donativo era: 5 cadeiras de rodas para crianças deficientes.
O senhor presidente tão empolgado que estava no discurso a elogiar a associação e os seus beneméritos membros que se sai a dizer o seguinte:
"Para acabar só desejamos que apareçam mais deficientes porque ainda temos mais 4 cadeiras para dar".
Claro que não foi de propósito que logo emendou o dito, mas é só para que se veja que o exagero dos elogios foi tão grande , que não se pensou o que se disse.
Quase rebentei a rir e saí porta fora.
Isto foi verdade.
Maria Isabel
Também vi e ouvi e em nada me espantou, porque há décadas que o método é usado por todos os partidos, com mais comunicação social ou sem ela.
A CS deveria ser isenta e neste caso, como noutro que já vi...leva-me a crer que há um propósito, mas lamento usarem os idosos como se fossem "lorpas" a troco de um almoço.
O dinheiro gasto deveria era ser aplicado em "explicações sobre vários temas políticos que ouvem nas televisões".
Uma tristeza!
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