sexta-feira, 29 de maio de 2015

Os dias contigo


"Os dias contigo são dias inteiros que passam num instante. Tenho saudades de ti quando acordo, antes de perceber que já estás ali ao meu lado. Tenho saudades de ti de manhã enquanto espero que desças do banho. Fico bem a ler enquanto te espero, mas leio melhor quando estás ao pé de mim, quando já não me apetece ler.
Hoje foi mais um dia contigo e, mais uma vez, dou comigo aqui à noite, separado de ti, para escrever sobre o dia que se passou. E a coisa principal que aconteceu foi ter saudades de ti outra vez.
Bem sei que sei onde estás e que eu estou aqui a cinco passos de ti. Mas a maior certeza que tenho é que, apesar disso tudo, não estou contigo nem tu estás comigo. É o que me basta para ter saudades de ti. Não preciso de mais: se mais tivesse, morreria.
É verdade que estive contigo durante uma pequena parte do dia: aquela a que as pessoas tristes e habituadas chamam vida. Mas estava tão apaixonado e tão feliz que nem dei por isso.
Pensei apenas: "Conseguimos! Conseguimos estar juntos! Nem acredito!" E o tempo nunca é suficiente para me convencer que conseguimos mesmo estarmos juntos e, ao mesmo tempo, estarmos juntos o tempo suficiente para deixarmos de nos preocuparmos (e sofrermos) com isso.
Continuo a sofrer, todos os dias, às mesmas horas em que não estou contigo, da saudade de quando estive. Os dias contigo são os bocadinhos de manhã, tarde e noite que são avaramente permitidos aos mais felizes.
E apaixonados. E ingratos."

Teria sido fácil pensar que um texto destes fora escrito por uma mulher. Não foi. Saíu da pena do nosso Miguel Esteves Cardoso para o jornal Público. É uma verdadeira elegia ao amor como só o Miguel sabe fazer e viver. Mais do que tudo enche-me de ternura que ainda haja quem possa amar assim, porque eu, uma vez na vida, tive a enorme dádiva de viver algo semelhante!


HSC

12 comentários:

ÓDIABO disse...

Ah, morrer de Amor é bom mas vivê-lo é ainda melhor.
Todos os textos do MEC são 'ridículos' de tanto amor que carregam. AMO

Clarisse Castro

Anónimo disse...


Lindo viver um amor assim, parece-me um pouco romanciado o texto. Na realidade creio, que existem poucos amores vividos dessa forma.
Quem o vive, ou viveu é um felizardo.

Carla

Helena Sacadura Cabral disse...

Conheço o Miguel e garanto-lhe que aquele seu amor pela sua Maria João não tem igual. A mim parece-me sublime não só existir um amor assim, como um homem dar prova pública dele!

Anónimo disse...

Para mim é sufocante, só espero que a outra pessoa esteja realmente no mesmo registo do MEC.
AC

Anónimo disse...

🌹🌹🌹

Anónimo disse...

Caramba, já não há pachorra para ouvir o MEC falar da Maria João. E essa permanente presença de outra pessoa ao lado deve ser insustentável. E pensará ele, de quem muito gosto aliás, que os seus leitores têm paciência para essa lamechice contínua? Que a guarde para ele, que se cale. Tanta exibição até dá para desconfiar de falta de assunto, mas quem é obrigado a uma crónica diária ...

Helena Sacadura Cabral disse...

Caros comentadores
Como se vê os sentimentos não são padronizados...

Anónimo disse...

A coisa mais bonita que li hoje! Identifico-me quase totalmente com este texto do MEC. Quem não sabe do que se trata devia evitar rótulos como "lamechice". Ainda bem que há quem consiga escrever com tanta lucidez sobre os sentimentos que nós, pessoas comuns, experimentamos , mas não conseguimos expressar.
Obrigada por divulgar HSC.
.

Anónimo disse...

Se bastasse una fiori per vederte felice... http://youtu.be/sK0GuKQPfRk Sei Speciale Signora.Buona notte.
Alessandro

Silenciosamente ouvindo... disse...

O Miguel Esteves Cardoso não tem medo
de falar de sentimentos. De amor.
É pena que muitos outros não o
sintam ou não o consigam transmitir.
Cumprimentos.

Assunção disse...

Como o compreendo... Quando se ama, sente-se saudade!

Maria Júlia Sobrinho disse...

Abençoado Miguel Esteves Cardoso! Consegue deliciar nos com o Porquê das Coisas, incluindo o Amor! Como dizem os antigos, é por isso que o mundo não tomba. Se todos gostassem do amarelo, o que se fazia ao azul? Boa Feira Do Livro! Bjinho