quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Os armários da noite


"esperar que voltes é tão inútil como o
sorriso escancarado dos mortos na
necrologia do jornais

e no entanto    de cada vez que
a noite se rasga em barulhos no elevador e
um telefone de debruça de um sexto andar

sinto que ainda ficou uma palavra minha
esquecida na tua boca

e que vais voltar
para
devolver"

Este é o 12ª poema do I Livro de "Os armários da noite", que a Alice Vieira acaba de publicar e que ontém lançou numa Bucholz cheia de amigos.
Tudo o que Alice escreve é muito bom e como tenho por ela uma imensa e fraterna amizade, os seus sucessos enchem-me sempre de orgulho. 
A sua poesia não é fácil - aliás, como toda a boa poesia - porque nela está contida uma experiência pessoal e humana muito rica e complexa. Quando acabei a primeira leitura do livro, mandei-lhe um mail dizendo que alguns poemas me pareciam verdadeiras orações. No sentido religioso e profano. Porque são bocados da Alice que ali estão, mas são, também, pedaços da intimidade de todos nós.
O Mário Felipe a quem o livro é dedicado, merece-o bem. E a Alice merece tudo o que a vida, a prosa e a poesia ainda lhe vão trazer. Parabéns aos dois, portanto! 

HSC

3 comentários:

Ältere Leute disse...

Gostei muito. E partilhei com um amigo suíço...

Anónimo disse...

Bom dia Helena!
Bonito poema, fica sempre algo por dizer em todos nós...por isso hoje digo tudo, até demais!!!

Carla

Anónimo disse...

... religiosoe e ...

Gralhas