sexta-feira, 29 de março de 2013

Sebastianismo

D. SEBASTIÃO, Rei de Portugal...

Louco, sim, louco, porque quis grandeza
Qual a Sorte a não dá.
Não coube em mim minha certeza;
Por isso onde o areal está
Ficou meu ser que houve, não o que há.

Minha loucura, outros que me a tomem
Com o que nela ia.
Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?


Nesta sexta feira da Paixão, cinzenta, chuvosa e fria deixo-vos este poema sempre tão pré monitório. De facto, todos nós vivemos à espera de que, um dia, D. Sebastião voltará para nos salvar. De nós mesmos!

HSC

1 comentário:

Anónimo disse...

No ocidente do ocidente, na encruzilhada da Europa, das Áfricas e das Américas, ao mesmo tempo mediterrânico e atlântico, Portugal é um país exótico para olhos estrangeiros.

Quando o sol se levanta são portuguesas as dez mil guitarras abandonadas nos areais de Alcácer-Quibir e D.Sebastião, o adolescente louro e imberbe, tão exótico como o rinoceronte, o bada que lhe trouxeram do Oriente como presente.

Permanece um horizonte místico e mítico, encoberto, enevoado, um desejo intercultural de tolerância, diálogo e compaixão.

Aos olhos de alguns portugueses elitistas, os seus conterrâneos, à força de hamburgers, coca-cola e chips, ficaram parecidos com os americanos, uns americanos mais pequenitos, mais atarracados e mais escurinhos. Com as suas mulheres pop carregadas de sacos de plástico.

Vivem hoje os portugueses, que nem gostam de política, nem de números, num regime de feudalismo financeiro que engendra monstros, novos adamastores.

E começam já a partir as naus rumo aos Novos Descobrimentos, que a necessidade aperta.
Temos de descobrir o fundo do mar português tão desconhecido como a superfície da lua.
Temos de descobrir as nossas florestas, mais ricas em biodiversidade do que as florestas nórdicas, mas invadidas pelo eucalipto australiano e destruídas pelos incêndios. Temos de descobrir Portugal.

Precisamos do cruzamento das ciências, das tecnologias, das artes.

Existe o português empreendedor e solidário, mas tb o 'Chato', personagem dos Contemporâneos, interpretada brilhantemente por Nuno Lopes. 'O Chato' tudo banaliza, tudo menoriza, tudo diminui, a tudo nega um sentido.

O Chato em 'Vai mas é trabalhar Fernando Pessoa'
www.youtube.com/watch?v=uCMAKIJzlbQ