Portugal e a crise
“Que fazer? Que esperar? Portugal tem
atravessado crises igualmente más: - mas
nelas nunca nos faltaram nem homens de
valor e carácter, nem dinheiro ou crédito.
Hoje crédito não temos, dinheiro também
não - pelo menos o Estado não tem: - e
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homens não os há, ou os raros que há são
postos na sombra pela política. De sorte que
esta crise me parece a pior - e sem cura.”
Eça de Queirós, in “Correspondência” (1891)
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3 comentários:
A história repete-se... é cíclica, infelizmente!
E o Eça sempre foi um homem carregado de razão, daí ser intemporal!
A brincar com as palavras e com as ideias:
Dizemos nossos governantes, nossos ministros, nosso governo, o pronome possessivo está a mais, o país é nosso é a nossa pátria, os governantes, são os piores de nós. Sinto, como quase toda a gente a desesperança e o desalento de um futuro diferente do que perspectivei. Não partilho, no entanto desse baixar de braços, em que se acha que ou são estes ou é ainda pior, eu acredito piamente, que estes são mesmos os piores de nós. Tenho orgulho (nestes dias um pouco nebuloso) do povo que somos e recuso-me a acreditar que não somos melhor que isto (ministros e demais bando).
A tragédia do desemprego atinge 1.000.000 de portugueses, jovens a quem lhes recusam o direito ao trabalho após a promessa de "estuda e tira um curso é o mais seguro" , sei que traí os meus filhos e é isso o que mais fere o meu ser...mas quem vive o desemprego sabe que está numa situação limite, desesperada e desumana, mas e, quem trabalha? ganha para se sustentar? quem trabalha não pode ser pobre. Quem trabalho fá-lo por uma questão de honra e dignidade e o trabalho, o valor do trabalho tem de cumprir essa função, alimentar, vestir, pagar a habitação e educação, as minhas doze horas de trabalho não estão a cumprir essa função não será também uma tragédia?
Estou em choque com a situação do Chipre, alguem acredita que isto não poderá passar-se aqui? e, mesmo acreditando, que gente somos que ficamos em silêncio quando acontece aos outros? Quem troca a Liberdade pela Segurança não merece nem uma nem outra.
Eu também penso como o Eça! Não queria pensar e gostaria de ter esperança! Mas não consigo...
É tudo mau demais, muito mau!
Maria
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