domingo, 31 de março de 2013

A importância do nome

Não, não é do apelido que falo. Esse, no meu caso, às vezes, pesa mais do que devia...
Falo do nome próprio. A mim chamaram-me Helena. Não Maria Helena, felizmente. Gosto muito de Maria quando usado em exclusivo. Quando acompanhado não gosto nada.
Este post nasce porque, uma vez, confessei no blogue Um Jeito Manso que gostava de me chamar Bárbara. A sua autora, a partir daí, passou a manifestar-me a sua ternura, juntando os dois nomes. Que começam até, já, a fazer-me sentido.
Na minha gente materna, os nomes foram os da época. A minha mãe chamava-se Ivone e a minha querida avó era Joana, outro nome que muito aprecio. Do lado paterno a coisa complica-se, porque o meu Pai chamava-se Zeferino, que, mesmo para uma boa filha, não é louvável. 
Quando me casei, o marido tinha um nome lindo, Nuno Rodrigo. Mas já a minha sogra chamava-se Umbelina, nome horrível, a contrastar com o encanto de pessoa que ela era. Felizmente o meu sogro, que eu adorava, era um belo homem e chamava-se Leopoldo, de que gosto muitíssimo.
Quando o meu primeiro filho nasceu eu queria que ele se chamasse Gonçalo. O pai opôs-se terminantemente, por causa do ministro Correia de Oliveira. A tolerância dos católicos progressistas dava uma saga que, um dia, ainda escrevo. Propôs, então, que fosse Pedro. Era evidente que eu ia recusar. Assim, do compromisso, nasceu Miguel. E nasceu bem.
Voltando ao meu gosto por Barbara. Ele nasce da preferência que tenho por nomes grandes e fortes.
Leopoldo, Rodrigo, Alexandre, Francisco, Gonçalo e Afonso são os meus preferidos para o sexo oposto. Barbara, Micaela, Vitória, Francisca, Joana, Marcela, e Laura para as mulheres.
Não sei se como Barbara a minha história teria sido diferente. Mas dá-me imenso prazer pensar que sim!

HSC

A minha Páscoa

Tempo houve em que, na semana santa, se visitavam as Igrejas, todas de roxo vestidas. E depois na missa de sábado da Aleluia, à meia-noite, no adro, lançava-se uma pomba branca, sinónimo de paz. Recordo estes cerimoniais que encantavam os olhos da criança que eu então era. E, confesso, nesta época, tenho alguma saudade dessa urbe tão rural.
Hoje muito desta tradição está perdida e a que ainda existe é apenas praticada pelas pessoas mais velhas. Por mim, consegui felizmente, uma missa pascal lindíssima sábado à noite!
Neste Domingo almocei com a Família num restaurante onde há vinte anos o fazemos. E lá encontrei conhecidos que há muito têm o mesmo hábito.
Era um dos locais de eleição do meu filho Miguel, contrariando um pouco a ideologia. Mas como era eu que pagava a consciência política ficava queda e muda...
Hoje o meu outro filho decidiu que lá deveríamos voltar numa espécie de homenagem póstuma ao irmão. Primeiro hesitei, mas depois compreendi e desta vez foi ele a convidar e a querer que o meu sobrinho e a minha cunhada Paula também estivessem connosco, uma vez que o meu mano mais novo teve de prolongar a estadia em Moçambique, essa terra onde nasceu e onde se sente sempre em casa.
Foi tudo muito agradável e de algum modo constituiu também uma espécie de compensação pelo próximo dia 24, data da morte do Miguel e o início de uma via sacra que só eu e Deus conhecemos!

HSC

sábado, 30 de março de 2013

Da dignidade

Carta aberta ao ministro das Finanças alemão
"O Senhor Ministro afirmou que há países da União Europeia que têm inveja da Alemanha. A primeira observação que quero fazer, Senhor Ministro, é que as relações entre Estados não se regem por sentimentos da natureza que referiu. As relações entre Estados pautam-se por interesses.
Queria dizer-lhe também, Senhor Ministro, que comparar a atitude de alguns Estados a miúdos que na escola têm inveja dos melhores alunos é, no mínimo, ofensivo para milhões de europeus que têm feito sacrifícios brutais nos últimos anos, com redução muito significativa do seu poder de compra, que sofrem com uma recessão económica que já conduziu ao encerramento de muitas empresas, a volumes de desemprego inaceitáveis e a uma perda de esperança no futuro.
E acrescentou o Senhor Ministro: “Os outros países sabem muito bem que assumimos as nossas responsabilidades…”. Fiquei a saber que a nova forma de qualificar o conceito de poder é chamar-lhe responsabilidade!
E disse mais o Senhor Ministro: “Cada um tem de pôr o seu orçamento em ordem, cada um tem de ser economicamente competitivo”. A este respeito gostaria de o informar que já tínhamos percebido, estamos a fazê-lo com muito sacrifício, sem tergiversar e segundo as regras que foram impostas.
Quando o ministro das Finanças do mais poderoso Estado da União Europeia faz afirmações deste jaez, passa a ser um dos responsáveis para que o projeto europeu esteja cada vez mais perto do fim.
Passo a explicar. O grande objetivo do projeto europeu foi garantir a paz na Europa e como escreveu um antigo e muito prestigiado deputado europeu, Francisco Lucas Pires, “… essa paz não foi conquistada pelas armas mas sim através de uma atitude de vontade e inteligência e não como um produto de uma simples necessidade ou automatismo…”. A paz e a prosperidade na Europa só foram possíveis porque no desenvolvimento do projeto político de integração europeia teve-se em conta a grande diversidade de interesses, as diferentes culturas e tradições e os diferentes olhares sobre o mundo. Procurou-se sempre conjugar todas essas variedades, tons e diferenças dos Estados-membros numa matriz de valores comuns.
Esta declaração de Vossa Excelência põe tudo isto em causa, ao apontar o sentimento da inveja como o determinante nas relações entre Estados-membros da União Europeia. Quero dizer-lhe, Senhor Ministro, que o sentimento da inveja anda normalmente associado a uma cultura de confrontação e não tem nada a ver com uma outra cultura, a de cooperação.
Com esta declaração, Vossa Excelência quer de forma subtil remeter para outros Estados a responsabilidade pela confrontação que se anuncia. Essa atitude é revoltante, inaceitável e deve ser denunciada.
A declaração de Vossa Excelência, para além de revelar uma grande ironia, própria dos que se sentem superiores aos outros, não é de todo compatível com a cultura de compromisso que tem sido a matriz essencial da construção do sonho europeu dos últimos 60 anos.
Vossa Excelência, ao expressar-se da forma como o fez, identificando a inveja de outros Estados-membros perante o “sucesso” da Alemanha, está de forma objetiva a contribuir para desvalorizar e até aniquilar todos os progressos feitos na Europa com vista à consolidação da paz e da prosperidade, em liberdade e em solidariedade. Com esta declaração, Vossa Excelência mostra que o espírito europeu para si já não existe.
Eu sei que a unificação alemã veio alterar de forma muito profunda as relações de poder na União Europeia. Mas o que não deveria acontecer é que esse poder acrescido viesse pôr em causa o método comunitário assente na permanente busca de compromissos entre variados e diferentes interesses e que foi adotado com sucesso durante décadas. O caminho que ultimamente vem sendo seguido é o oposto, é errado e terá consequências dramáticas para toda a Europa. Basta ler a história não muito longínqua para o perceber.
Não será boa ideia que as alterações políticas e institucionais necessárias à Europa venham a ser feitas baseadas, quase exclusivamente, nos interesses da Alemanha. Isso seria a negação do espírito europeu. Da mesma forma, também não será do interesse europeu o desenvolvimento de sentimentos anti-Alemanha.
Tenho a perceção de que a distância entre estas duas visões está a aumentar de forma que parece ser cada vez mais rápida e, por isso, são necessários urgentes esforços, visíveis aos olhos da opinião pública, de que a União Europeia só poderá sobreviver se as modificações inadiáveis, especialmente na zona euro, possam garantir que nos próximos anos haverá convergência entre as economias dos diferentes Estados-membros.
As declarações de Vossa Excelência vão no sentido de cavar ainda mais aquele fosso e, por isso, como referiu recentemente Jean-Claude Juncker a uma revista do seu país, os fantasmas da guerra que pensávamos estar definitivamente enterrados, pelos vistos só estão adormecidos. Com esta declaração, Vossa Excelência parece querer despertá-los.
José da Silva Peneda
Presidente do Conselho Económico e Social"


São atitudes destas que se esperam de políticos responsáveis. Silva Peneda merece todo o nosso respeito!


HSC

sexta-feira, 29 de março de 2013

Mensagem

NEVOEIRO

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer –
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo - fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quer,
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

É a hora!

Fernando Pessoa

Que cada um possa da leitura que lhe proponho, tirar as conclusões que entender por mais justas!

HSC


Sebastianismo

D. SEBASTIÃO, Rei de Portugal...

Louco, sim, louco, porque quis grandeza
Qual a Sorte a não dá.
Não coube em mim minha certeza;
Por isso onde o areal está
Ficou meu ser que houve, não o que há.

Minha loucura, outros que me a tomem
Com o que nela ia.
Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?


Nesta sexta feira da Paixão, cinzenta, chuvosa e fria deixo-vos este poema sempre tão pré monitório. De facto, todos nós vivemos à espera de que, um dia, D. Sebastião voltará para nos salvar. De nós mesmos!

HSC

quinta-feira, 28 de março de 2013

Embustes e narrativas...

"A las nueve in punto de la noche" estive a ver a série "A good wife", um pequena delícia neste marasmo televisivo. Mas gravei a entrevista. Vi-a há pouco.
1. Socrates vinha com um belo casaco dark blue, que me pareceu de veludo. Lindo o casco, embora o dono, mais magro, também não estivesse nada mal com um cabelo todo branco e muito bem cortado. Enfim, para aluno, pareceu-me mais um professor.
2. Confirmou tudo aquilo que eu admiti, em post anterior, que abordaria, incluindo o empréstimo bancário para estudar. Não haveria, talvez, necessidade de o referir. Nem de caminho, aproveitar para dizer que comprara a sua casa do mesmo modo. Só se fosse burro é que a pagava a pronto, estando na política. Elementar meu caro Socrates...
3. Limitou-se a falar de embustes e narrativas quer pessoais quer profissionais, desfechando machadadas mortais no actual Presidente da Republica e no Correio da Manhã. Surpreendente que, face ao acusatório, não tivesse movido as respectivas acções judiciais. Sendo um homem de coragem na palavra, deveria te-lo feito. Julgo eu.
4. Está igual ao que sempre foi: um animal feroz como ele próprio se definiu. As culpas não foram dele e ele nada deve ao país. Muito menos desculpas.
5. Passaram dois anos e o homem que vimos na entrevista continua ferido de morte. E irá, semanalmente, fazer a sua catarse no canal público. Teremos todas as semanas a sua dose de amargura, a juntar àquela que já nos habita. Pro bono ou não, o certo é que ele conseguiu a sua tribuna própria. Seguro que se acautele, porque o apelido já não é garantia. De sobrevivência!
6. Parabéns ao Presidente da RTP e ao Ministro Relvas que estão por detrás deste convite. Conseguiram, de uma só penada, dar dois tiros em quatro pés*. Na melhor das hipóteses!

HSC

Nota: nada de conclusões maldosas. Não falo senão de pés. Dois do Presidente da RTP e dois do ministro Relvas.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Machistas...uni-vos!


Obama acaba de nomear Julie Pierson para chefiar os Serviços Secretos norte-americanos. A sua responsabilidade principal é a de proteger o Presidente e combater a fraude e a contrafacção.
Segundo o Washington Post, parte das razões para esta tal escolha prendem-se com o objectivo de dar um forte abanão na cultura machista normalmente associada a tais Serviços.
Pierson tem 53 anos e uma carreira brilhante. Nasceu em Orlando e desempenha há já trinta anos funções deste tipo. Com efeito começou a sua carreira como agente dos Serviços Secretos em Miami, chefiando mais tarde uma delegação na Florida.
Tornar-se-ia ainda vice-directora do Gabinete de Recursos Humanos e Treino e é a agente com a patente mais elevada nos Serviços Secretos.
A nomeação para este cargo não está sujeita a confirmação pelo Senado, esperando-se que a notícia seja dada por Obama na próxima terça-feira.
Para as mulheres é um motivo de congratulação!

HSC 


A las nueve in punto de la noche

O país vai parar para ouvir "a las nueve in punto de la noche" o ex PM falar. Estou hesitante entre Socrates e as series da Fox que, gravadas, esperam por mim. 
De facto o que é que Socrates pode dizer que eu não saiba já? 
Que o actual governo é mau? Já todos sabemos. 
Que ele não fez o que dizem dele? Pode ser, mas há quem não acredite. 
Que pediu dinheiro ao banco para estudar em Paris? A quem é que o assunto interessa, além dele e da instituição credora?
Que representa a Octopharma porque  precisa de trabalhar? A quem é que isso respeita para além da empresa, dele, e dos que comprem produtos farmacêuticos?
Que tem direito a explicar-se? Tem certamente. Mas é preciso que haja ouvintes interessados.
Que não vai ganhar dinheiro? Parece tolice, porque todos os outros ganham e o trabalho deve ser remunerado, nem que seja por troca de utilidades, que até fogem a imposto
Enfim, trata-se de um reboliço organizado, sabiamente pensado, com objectivos bem definidos. Quem quiser apoiar os ditos liga para a RTP. Quem não quiser, opta por outros canais e vê séries, que as há muito boas.
Pessoalmente, interessa-me mais o espião que foi para a Ongoing e agora volta para PCM para um lugar criado especialmente para ele e do qual ainda vai receber retroactivos apesar de ter pedido licença sem vencimento. E tudo legal com uma lei de José Socrates!

HSC

terça-feira, 26 de março de 2013

A nossa família

“Se não fosse o NHS — o sistema de saúde do Reino Unido, onde nasceram, muito prematuramente, as minhas filhas — elas não teriam sobrevivido. Elas devem a vida ao NHS. E eu devo-lhe o amor e a alegria de conhecer a Sara e a Tristana, para não falar no meu neto, António, igualmente devedor, mais as netas e netos que aí vêm. Se não fosse o SNS (Serviço Nacional de Saúde) eu teria morrido em 2005, com uma hepatite alcoólica causada unicamente por culpa minha. Seria também coxo, quando me deram uma prótese para anca. E, sobretudo, teria morrido, se o SNS não me tivesse dado o antibiótico caríssimo (Linozelid) que me salvou do MRSA assassino que me infectou durante a operação.
Se não fosse o SNS, a Maria João, o meu amor, estaria morta.
Se não fossem o IPO e o Hospital de Santa Maria, pagos pelo SNS, ela não estaria viva por duas vezes.
Sem a NHS e o SNS, eu seria um morto, sem mulher, filhas ou netos. Estaríamos todos mortos ou condenados à inexistência.
Não é difícil chegar à conclusão, atingida desde os meus dezanove anos, de que as melhores ideias de todas são a social democracia e o Estado-providência: não tanto no sentido ideológico como na prática.
A nossa família e as nossas famílias só existem e podem existir se não tiverem morrido. Damos graças aos serviços nacionais de saúde — a esse empenho ideológico e caríssimo — que nos tratam como se fizéssemos parte deles.
Devemos as nossas vidas a decisões políticas tomadas por outros.”
  
in Jornal Público 23/03/2013

Tenho, do tempo do velho Independente, três amigos do peito. Não os vejo tanto como gostaria, mas estão no meu coração sempre da mesma forma. Falo do Miguel Esteves Cardoso, do Carlos Quevedo e do Pedro Rolo Duarte. E sei que eles gostam de mim. Ao grupo inicial haveria de juntar-se a Carla Hilário, que se casou com o segundo e que é a verdadeira bomba inteligente. Faço esta menção porque sigo, atenta, tudo o que se passa com eles.
O texto que acima reproduzo é do MEC e aborda o Serviço Nacional de Saúde que é um tema muito importante. Eu própria já tive de ir, às tantas da madrugada, a uma urgência de oftalmologia a S. José,  onde fui muito bem medicada. Não só pela médica de serviço, como pela enfermeira e pelo pessoal de triagem. Mas, sobretudo, fui tratada com carinho que, esse, não está sujeito a taxa moderadora. 
O mesmo poderia dizer do Centro Clínico da Rua de S.Ciro, onde, numa emergência, me salvaram um dedo que podia ter desaparecido e me dispensaram todos os cuidados.
Em ambos os casos tive competência e afecto. Que não esqueço. 
Como não esqueço o IPO, Instituto Português de Oncologia de Lisboa, onde o meu filho mais velho foi operado e cuidado de forma exemplar do ponto de vista clínico e afectivo.
Por tudo isto, julgo que vale a pena ler o texto do Miguel com toda a atenção. Os portugueses podem perder muita coisa secundária. Não podem perder o seu SNS, que é de todos, mesmo que isso custe muito aos que dele nem sequer se servem.

HSC

segunda-feira, 25 de março de 2013

Maio Maduro Maio

Gosto da frescura desta canção num tempo em que, apesar do frio e do vento, Maio se aproxima.

HSC

Estados d'alma

Não sou muito dada a estados d'alma, como acontece com alguns nossos cronistas. Deve ter sido da educação que recebi e, sobretudo, do sentido do humor que tenho sobre mim própria. Daí que, em quase tudo na minha vida, tente ver a garrafa meia cheia em detrimento da garrafa meia vazia.
Mas compreendo que a crise e o fado tão nosso, vivam, hoje mais do que nunca, desses estados metafísicos. A minha alma é que anda quase sempre por locais bem mais terrenos e, por isso, na sua rota, raramente poisa em tais apeadeiros.
Assim, a autora deste blogue, sempre que pode, lança mão da audácia e do sentido lúdico para falar do seu quotidiano. E não se importa nada de ir contra as convenções estabelecidas. Até gosta. É uma questão de feitio!

HSC

Chipre, nós e o Eurogrupo


"O modelo seguido para o resgate de Chipre poderá passar a ser exemplo para futuras intervenções em países da zona euro com situações de risco no seu sector financeiro, disse o presidente do Eurogrupo em entrevista ao Financial Times e à Reuters, depois da reunião de esta madrugada. As declarações de Jeroen Dijsselbloem são tidas como a revelação da nova estratégia do Eurogrupo para as crises de dívida. Recorde-se que em 15 de março, em anterior reunião do Eurogrupo, o modelo de resgate defendido recorrendo a um imposto extraordinário sobre depósitos foi defendido como uma "solução única" para o Chipre.
O novo "modelo" implica que depositantes, credores seniores e juniores e acionistas passarão a arcar com a fatura do resgate dos bancos em situação crítica, pois os mecanismos europeus deixarão de financiar recapitalizações bancárias. O que seria, também, orientação para o Mecanismo Europeu de Estabilidade (ESM, na sigla em inglês). O presidente do Eurogrupo deixou nas entrelinhas que esse novo fundo nunca será usado para a recapitalização bancária. "Devemos apontar para uma situação em que nunca seja preciso considerar sequer uma recapitalização direta", afirmou.
Recorde-se que, esta madrugada, o Eurogrupo decidiu envolver os depositantes acima de 100 mil euros (considerados não garantidos) e os credores e acionistas na reestruturação dos dois principais bancos cipriotas, definindo que o envelope de resgate da troika até 10 mil milhões de euros não será aplicado na recapitalização do sector financeiro cipriota".

 "... Perguntado sobre a implicação do "modelo cipriota" para outros países da zona euro com rácios de sectores financeiros em relação ao PIB muito mais elevados do que Chipre, como são o caso do Luxemburgo e Malta, Dijsselbloem respondeu: "Significa - lidem com o problema antes de entrarem em sarilhos", e conclui: "A resposta não será mais automaticamente -'nós entramos e vamos resolver os vossos problemas'". O problema poderá também colocar-se à Eslovénia, com problemas graves no seu sector bancário.