Já aqui o tenho dito. Não sou uma avó tradicional. Não o fui como filha e tão pouco o fui como mãe. Fui, isso sim, o melhor que eu sabia, podia, queria ser.
Há dois dias, o meu neto mais velho veio almoçar aqui a casa. Já o não via há algum tempo porque os exames na Universidade o tinham monopolizado. E andava triste porque estes repastos são essenciais ao meu equilíbrio pessoal, num tempo em que o meu unico filho, só me abraça quando Passos Coelho permite...
Almoçámos calmamente e fomos para o terraço apanhar sol e beberricar o café. Foi nessa altura que decidi falar-lhe na morte do Pai, tema suspenso entre todos nós, desde 24 de Abril de 2012.
Confesso-vos que fiquei abalada. E se falo disto aqui, é porque muitos outros poderão já ter passado pela experiência da morte prematura de um pai, na adolescência dos filhos. Não sei se quando tinha a sua idade reagiria como ele, mas o que sei, é que esta conversa entre nós foi das mais importantes que tive na minha vida. E das mais belas lições de humanidade que recebi.
Onde quer que o Miguel esteja, não terá ficado menos surpreendido do que eu. Porque tudo o que ouvi foi muito para além daquilo que a família lhe transmitiu. Foi ele André, coração e cabeça próprios, que me mostrou como um jovem pode ultrapassar a perda de alguém muito querido sentindo que os afectos são o essencial da vida de todos nós.
Não pela educação recebida - que, acredito, terá sido boa -, mas porque ele soube escolher a melhor forma de se refazer. E, nessa espécie de renascimento, ter falado dos seus, em particular do tio e de mim, nos moldes em que o fez, comoveu-me.
Fico sempre maravilhada com este perpétuo contínuo da vida, quando ela não esquece e até valoriza, a importância dos que vieram antes de nós. Não terei feito nada de importante na minha existência. Mas deixar cá, quando partir, esta pequena semente, enche o meu coração!
HSC
Onde quer que o Miguel esteja, não terá ficado menos surpreendido do que eu. Porque tudo o que ouvi foi muito para além daquilo que a família lhe transmitiu. Foi ele André, coração e cabeça próprios, que me mostrou como um jovem pode ultrapassar a perda de alguém muito querido sentindo que os afectos são o essencial da vida de todos nós.
Não pela educação recebida - que, acredito, terá sido boa -, mas porque ele soube escolher a melhor forma de se refazer. E, nessa espécie de renascimento, ter falado dos seus, em particular do tio e de mim, nos moldes em que o fez, comoveu-me.
Fico sempre maravilhada com este perpétuo contínuo da vida, quando ela não esquece e até valoriza, a importância dos que vieram antes de nós. Não terei feito nada de importante na minha existência. Mas deixar cá, quando partir, esta pequena semente, enche o meu coração!
HSC