Julgo que estes actos devem servir para esclarecimento público dos programas de cada candidato e não para tornar público o lado privado da vida de cada um deles, sobretudo em domínios de pura intimidade. De facto, a coberto do direito à transparência, o voyeurismo nacional tem-se refinado em pormenores de uma insanidade assustadora.
Tamanha falta de qualidade justifica amplamente a enorme abstenção prevista. Se cada povo tem os políticos que merece... quem seremos nós, meu Deus, para merecer tais representantes!
Felizmente que "a coisa" - nem consigo encontrar palavra mais adequada - está mesmo a acabar...
HSC
8 comentários:
Cara Helena,
Vejo neste seu Post muito pessimismo. Por mim, não acredito em massivas abstenções. Haverá, sem dúvida, um número relativamente grande, mas, não creio que venha a ser superior ao habitual, 35%, 45%.
Os eleitores sabem o que querem e o que não querem. Não quer isto dizer que percebam o que lhes está a ser transmitido, em termos de oferta política. Mas também noutros países esse tipo de reacção é semelhante (os EUA são um exemplo penoso e flagrante).
Por outro lado, nenhum candidato, em momento nenhum, apresentou um programa eleitoral, nem tão pouco tinha de o fazer. O PR não governa e ainda bem! A Constituição reserva-lhe um papel diferente. Aqui trata-se de saber qual a postura e posição que o futuro PR irá ter perante o que nos está destinado e o que daí mais virá! E estamos todos, mais coisa menos coisa, esclarecidos.
E depois, dia 24, se verá. Ou 3 semanas mais tarde. Tanto faz.
Não penso que haja drama. Nem durante a campanha, nem após os seus resultados. “O povo é sereno”, já dizia o Almirante, em 76! Já somos – felizmente! – um Estado suficientemente Democrático para digerir qualquer cenário eleitoral, que daqui venha a resultar. Apesar de certos apelos à catástrofe, tipo ou eu ou eles.
Por mim, durmo tranquilo. Preocupa-me muito mais o papel, sabujo, dos sabotadores internacionais à nossa economia. Isso sim, é que é de tirar o sono, mesmo aos mais desprevenidos. Ou incautos.
P.Rufino
A minha opinião não difere da sua!
Cumprimentos
M.O.
O que é triste é que podíamos ser todos felizes se cada um se deixasse de vaidades, se respeitasse a opinião e o espaço dos outros, se cada um tentasse ser feliz à sua maneira.
Recorrente e já possivel insanamente, ponho-me a pensar como seria feliz autarcicamente isolado, com uma pequena horta, não agredindo nem o vizinho, nem o colega, consumindo apenas o essencial, não agredindo diária e insustentavelmente a natureza, usando o poder da minha palavra e do gesto da minha mão direita para afagar um animal de companhia e carregando sempre um livro na mão esquerda.
Que povo este e que humanidade esta?
Meu caro P. Rufino
Eu também sei que o PR não governa. Mas chefia as Forças Armadas e tem poder de desfazer a A.República. Tudo, para além do poder de influência.
Na actual situação de crise o segundo mandato de C. Silva será seguramente mais interventivo, até porque de economia e de finanças, ele sabe de facto.
Se ganhar Alegre, preparemo-nos, porque afiambrado entre o PS e o BE - qualquer deles mais envergonhado do que o outro, por apoiarem o mesmo candidato -,vai fazer da Presidência a utopia!
Logo não é dispiciendo o papel do novo eleito, no quadro de profunda crise em que estamos. No fim de Janeiro, quando os portugueses começarem a perceber o que lhes está a ser retirado, podemos começar a ter algumas surpresas!
Hoje, pelo menos, alguns funcionários públicos já tiveram um embate com a realidade que os espera nos próximos tempos (ou, de acordo com o ministro Teixeira dos Santos, para sempre).
Trabalho desde 1991 e garanto que nunca controlei o recibo porque sempre soube o que me esperava.
Hoje, pela primeira vez, saí de uma reunião e fui de imediato ao multibanco para confirmar o valor real do corte salarial.
É muito injusto apenas alguns portugueses pagarem a factura das sucessivas asneiras governativas.
A título de exemplo, não seria mais fácil, os fiscais das finanças porem "pés ao caminho" e controlarem os comerciantes e empresários adeptos da fuga ao fisco.
Este fim-de-semana fui ao cinema do Corte Ingles e pedi factura. Deram-me um simples papel fotocopiado com preenchimento manual e sem número sequencial. Em contrapartida, pediram o meu nº de contribuinte porque era obrigatório.
Peço factura em todo lado e fico "à beira de um ataque de nervos" quando me perguntam "quer recibo?".
Há tempos, fui comprar uma bateria para o telemóvel, para além da tradicional frase, ainda, disseram esta pérola - "este artigo não entra no IRS".
Em que país vivemos? Num país civilizado da UE ou nos confins do continente europeu com um pé no africano?
Vou votar no domingo porque não quero engrossar o nº da abstenção!
Isabel BP
Cara Dra Helena,
Nem de propósito, ontem, após enviar o meu comentário anterior, recebi este e-mail:
"Outros tempos e outros governantes...
Era oriundo de famílias aristocráticas e descendente de flamengos.
O pai deixou de lhe pagar os estudos e deserdou-o.
Trabalhou, dando lições de inglês para poder continuar o curso.
Formou-se em Direito.
Foi advogado, professor, escritor, político e deputado.
Foi também vereador da Câmara Municipal de Lisboa.
Foi reitor da Universidade de Coimbra.
Foi Procurador-Geral da República.
Passou cinquenta anos da sua vida a defender uma sociedade mais justa.
Com 71 anos foi eleito Presidente da República.
Disse na tomada de posse: "Estou aqui para servir o país.
Seria incapaz de alguma vez me servir dele..."
Recusou viver no Palácio de Belém, tendo escolhido uma modesta casa anexa a este.
Pagou a renda da residência oficial e todo mobiliário do seu bolso.
Recusou ajudas de custo, prescindiu do dinheiro para transportes, não quis secretário, nem protocolo e nem sequer Conselho de Estado.
Foi aconselhado a comprar um automóvel para as deslocações, mas fez questão de o pagar também do seu bolso.
Este SENHOR era Manuel de Arriaga e foi o primeiro Presidente da República Portuguesa.
Parece-me muito dificil encontrar hoje na politica alguém com estes princípios."
Afinal, Portugal já teve políticos com nobreza de princípios!
Isabel BP
Pois parece que já, Isabel BP, e é também por isso que não deixo de votar, mesmo quando a qualidade dos políticos pode ser posta em causa. É pelo direito de voto, pela cidadania que não desisto... e admito, voto quase sempre no contra, só ganhei uma vez - quando votei em Jorge Sampaio.
Mas concordo com a Dra Helena quando fala da pobreza desta campanha eleitoral. É triste ver, como alguém dizia, este Portugal a entristecer.
Toca a sair do quentinho e ir colocar o Coelho na cartola!
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