"Dez anos de tempo perdido" é o resumo que muitos economistas não políticos - entre os quais se coloca a autora deste post - fazem acerca da última década em Portugal.
Deles destaco dois que este fim de semana são referidos no Confidencial do Semanário O SOL. Trata-se de Ernâni Lopes e de Campos e Cunha. Deste último falarei mais tarde.
Reporto-me agora, apenas, a algumas afirmações do primeiro. Que, para já, tem dúvidas sobre se os sinais positivos de retoma da actividade económica correspondem a uma recuperação sustentada e fica surpreendido quando os responsáveis se animam muito pelo facto de uma quebra passar de 4,5% para 4%. É que a "quebra" continua, infelizmente, a existir...
E alerta para o facto de termos passado de uma crise no sistema financeiro para uma crise na economia, onde os ajustamentos, por se encontrarem longe de estar concluidos, vão arrastar-se por mais tempo na política e na sociedade. Por isso, o país demorará a sair da crise.
Com efeito, o nível de destruição da riqueza e da empregabilidade verificado nos últimos anos atingiu tais níveis que, ao falar-se de emprego e questões sociais, não há recuperação à vista. São suas as palavras que se seguem:
"Esta década revelou-se um registo muito pobre da vida portuguesa. É uma década sem garra, sem ideias, sem verdade, sem força, sem lucidez, sem substância, sem densidade política.
(...)Mostrou uma percepção materialista da sociedade portuguesa, sem rasgo para o futuro e sem verdade, numa atitude vulgar e interesseira, vazia e sem horizontes. (...) Mais do que uma década perdida é uma década historicamente esvaziada".
Podem os governantes clamar que isto é bota baixismo. Podem até encolher os ombros. Mas o que não podem é negar a capacidade profissional de Ernâni Lopes - talvez o nosso melhor Ministro das Finanças -, ou o seu arreigado amor a Portugal. É que a dedicação à pátria não constitui exclusivo dos políticos que nos comandam. Pelo contrário...
H.S.C
3 comentários:
Pois receio que a crise, seja ainda a ponta do Iceberg.
O que é certo, é que as maiorias gostam... talvez um lado masoquista do povo português. Penso que iremos a breve trecho passar imensa fome. Os "grandes" parasitas, no poder há décadas, aproveitaram a crise, apenas para se bastecerem. Mas o povo colocou-os no poder, espero que estejam contentes e como diz, estamos à beira do fim.
Quanto à dedicação à Pátria, dos nossos governantes, não resisto a deixar aqui um excerto de uma crítica de Teresa Sá Couto, ao livro "A Morte de Portugal" de Miguel Real:
«em nome de um orçamento metafísico e de uma canina imitação do pior da Europa, terão sido eliminados por este os curtos direitos ganhos pelas populações desde o 25 de Abril de 1974 (ter escola na sua terra, ter maternidade na sua terra, ter assistência hospitalar na sua terra, ter dinheiro suficiente para ir ao dentista, ter reforma garantida). É um Portugal solto, desregrado, cheirando alarvemente a dinheiro, os ricos por o terem, os pobres por o desejarem, todos por nas “Índias” o espreitarem, isto é, na mirífica Europa.».
«títeres janotas que transfiguram a nobre arte da política numa cinzenta cadeia técnica de raciocínios casuais», «uma nova geração de engenheiros e economistas totalmente desprovida de espírito histórico», escreve o ensaísta:
português, que a segue como “bom aluno”.
Por fim, o do CANIBALISMO CULTURAL, o complexo canibalista, «que alimenta o desejo de cada pai de família portuguesa de se tornar súbdito do chefe ou do patrão, “familiar” do Tribunal da Inquisição, sicofanta da Intendência-Geral de Pina Manique, “informador” de qualquer uma das várias polícias políticas, carreirista do Estado, devoto acrítico da Igreja, histrião da claque de um clube de futebol, bisbilhoteiro do interior da casa dos vizinhos, denunciador ao supremo hierárquico», aludindo-se, na actualidade, à «perseguição a funcionários públicos rebeldes pelos poderes partidários instituídos pelo governo de José Sócrates/Cavaco Silva.».
Resta aos homens de bem virarem as costas a esta nova elite tecnocrática que assaltou e se apoderou do Estado português (..) e, se puderem, emigrarem.
A «”morte de Portugal” não significa que Portugal desapareça (Portugal “dura”, escrevia Eça de Queirós durante a crise do Ultimatum; é, aliás, a sua grande virtude, não dar felicidade ao seu povo, mas durar, sobreviver, existir por existir, criando contínuas mitologias que justifiquem a sua existência)», diz Miguel Real .A morte de Portugal residirá, então, no desaparecimento de toda a originalidade portuguesa substituída pela vertigem estrangeira por uma «ditadura tecnocrática» instituída por «técnicos medíocres» para quem só conta «primeiro, a contabilidade das estatísticas, e, segundo, o sentido europeu das estatísticas». Acrescenta Miguel Real. Editado em 2007
Vê-se também, que fomos pioneiros na normativa europeia de pagar taxa pelo uso de cartão multibanco.
Paga Zé povo, que entretanto eles "engordam".
http//:www.youtube.com/watch?v=IA2MdbWakwk
E pelos vistos, não somos só nós que continuamos á espera de nós próprios... está aí nesse filme, um apelo para que o estadunienses e não só, acordem.
Querida Helena enganei-me no endereço do filme e fui colocar o de que falou de Guaicapuro...
Era a este que me referia, assim fica sem sentido...
http://www.youtube.com/watch?v=jeYscnFpEyA
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