Diz hoje o Correio da Manhã que, de acordo com um estudo da Intrum Justitia, se a Administração Pública cumprisse os prazos legais de pagamentos a que está obrigada, isso corresponderia para a economia real a uma injeção de cerca de 3,2 mil milhões de euros.
O prazo de pagamento em Portugal situa-se nos 92 dias, quando a média europeia é de 57 dias.
Em termos globais europeus, se todas as administrações públicas pagassem a tempo, só esse facto significaria uma entrada na economia real de 65 mil milhões de euros.
Numa época em que se fala permanentemente da necessidade do Estado reduzir a despesa para estimular o exemplo e quando cerca de 90% das empresas, devido à crise, recebe dos clientes com muito atrazo, já não seria mau que, entre nós, a imagem da pessoa de bem viesse de cima. Talvez essa atitude fosse mais eficaz do que, subrepticiamente, aumentar taxas e impostos!
H.S.C
2 comentários:
Houve, em tempos, um Primeiro-Ministro, se não erro António Guterres, que um dia disse aquilo que todos “já desconfiávamos há muito” (não sei se antes de ganhar as eleições, se no início do seu mandato), que o “Estado não era pessoa de bem”, precisamente por estas razões.
Pelos vistos, assim continua. Tenho familiares e amigos a quem o Estado deve (muito) dinheiro, atrasando os pagamentos, sendo que, em alguns casos, já chegaram a esperar…2 anos!!! Pois! Todavia, é este mesmo Estado que - imoralmente! - exige das empresas o imposto “devido” após cada contrato de venda, mesmo não tendo ainda recebido qualquer pagamento!
O meu avô do Douro, sempre irreverente para com a política de então (só tinha consideração por um político - “aquele”, apontando para um retrato de Churchill - um episódio relacionado com o Vinho do Porto, que aquele meu saudoso avô era produtor e um dia fizera questão de enviar e oferecer àquele Estadista britânico umas garrafas de Porto da sua melhor lavra, tendo o ilustre PM inglês agradecido, em carta por ele mesmo manuscrita e assinada, que ele, meu avô, só em determinadas circunstâncias e a determinadas pessoas mostrava. “Malandros que apoiam isto, nunca!” dizia. “Isto” era o Estado Novo. Ainda hoje, Helena, possuo, eu e meus irmãos, garrafas com rótulo pessoal dele e com a assinatura dele: “Joaquim Rufino”, de 1906, 1910, 1916, naturalmente colheitas antes dele, mas que, uma vez engarrafadas, ele numerava à mão, assinava e “explicava”, isto se eram colheitas realmente especiais! Notável. Ficam para “um dia”, como costumo dizer.) sempre nos aconselhou “a nunca levar este Estado a sério”, como gostava de frisar e depois acrescentava, com humor sarcástico: “é um país patusco, este em que vivemos e assim será sempre, para nossa infelicidade!” Lá tinha as suas razões! Olá se não tinha!
P.Rufino
Como eu o percebo bem! A minha opinião acerca do Estado não difere muito da dos meus antepassados. O aviador, irmão mais velho de meu pai, receando que os políticos se "servissem" da travessia aérea do Atlântico Sul, entendeu dever esclarecer publicamente que o "feito" era para os portugueses e para o país. Não era para o governo!
Na família dizem que tenho grandes semelhanças com ele. E eu fico muito satisfeita...mesmo que sejam os defeitos. É que o meu tio dizia que fizera o esclarecimento porque o Estado não era pessoa de bem. Nem hoje, nem então!
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