sexta-feira, 18 de maio de 2012

Um nome algo insólito!

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Qualquer língua, mesmo que tenha uma raiz comum, pode constituir um obstáculo ao diálogo. Deve ter sido este o embaraço sentido nas redacções do Médio Oriente, quando François Hollande nomeou Jean-Marc Ayrault, para a chefia do seu Governo. 
É que a leitura do seu apelido é semelhante a “Ayru”, o que, em árabe literário, tem o significado fálico.

Aliás, quando a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein
recusaram, em 2010, a acreditação do diplomata Akbar Zeb como embaixador do 
Paquistão foi justamente porque o seu nome completo tinha uma tradução inaceitavel.

O árabe é uma língua fonética em que as letras são pronunciadas, sem consoantes mudas, como o L e o T de Ayrault. 
“Ao lerem o nome do primeiro-ministro francês como ‘Airut’, os árabes seguem a pronúncia e tendem a respeitar, na escrita, a transliteração original”, esclareceu um especialista.

Certamente para não correr riscos, o diário “Al Hayat”, uma referência em todo o mundo árabe com sede em Londres, modificou o nome de Ayrault para “Aro”. 
E uma das estações de televisão dos Emirados Árabes Unidos enviou um memorando aos seus jornalistas, aconselhando a que o político que substituiu François Fillon fosse identificado com “Aygho”. 
No Dubai, o jornal “Al Bayam”, propriedade da família real, optou por excluir o apelido, e titulou em primeira página: “Hollande inaugura o seu mandato nomeando Jean-Marc como primeiro-ministro.”
 

Temos que convir que até os nomes que usamos se podem virar contra nós...


HSC


2 comentários:

Raúl Mesquita disse...

Cara Helena:

O "politicamente correcto", coisa já velha, anglo-saxónica (o que inclui os EUA, evidentemente) abriu um caminho a atitudes insuportáveis. Chego a ter nojo do mundo em que vivo. Suportam-se ditaduras desde que o mundo seja aparentemente limpo (leia-se: sem palavrões, sem "inuendos", tão importantes na literatura e no bom cinema - o antigo…)

Apetece-me gritar: "chega, chega, chega!" Mas não vale a pena. Não gosto de ser derrotado em nada, sou um lutador, mas seria estúpido se não me desse por vencido nesta batalha. Haverá outras talvez…

Raúl.

Anónimo disse...

Estimada Helena,
Estas coisas, dos nomes e seus significados noutras culturas e países, são por vezes muito complicados, ou melhor, delicados.
Há uns (bons) anos atrás, tinhamos uma amiga, ou conhecida, chamada Ana Buceta. Que, estamos em crer, por razões que tinham a ver com a situação que se vivia então, no Portugal do final dos anos 70, acabou por ir (viver) para o Brasil. Não sabemos se ainda hoje lá permanece.
Agora imagine pelo que ela deve ter passado, com aquele seu apelido!
Ao que nos constou, não sei se estarei certo, teve que adoptar (e não adotar, como pretende mandar o patético A.O) um outro apelido, talvez o da mãe.
Já lá vão quase 3 décadas, mas a história ficou-nos na memória. Por razões óbvias.
Com elevada consideração,
P.Rufino