sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Novos tempos Lisboa

Todos os que me conhecem sabem da minha aversão à politica partidária. Mas também saberão que não descuro o exercício do voluntariado, seja ele de que natureza for, desde que eu possa e saiba desempenhar.
A minha cidadania tem-se construído com base na palavra. A minha carreira com base no ensino da economia/ econometria. E não tinha a mínima intenção de sair de qualquer delas.
Com a palavra, julgo ter influenciado algumas pessoas a darem o melhor de si, em prol dos outros. Com a profissão terei, acredito, ajudado alunos a descobrirem em si faculdades de que nem se tinham dado conta.
Pois bem, faltava-me deixar de ser "expectadora" política. Faltava-me a capacidade - julgava eu - de passar para o lado de lá, e tentar ser uma "fazedora". Dois homens, hoje dois amigos, puxaram por mim e levaram-me ao campo desconhecido. Apenas com uma condição: a de continuar a ser independente. Esses homens chamam-se Carlos Moedas e Luis Newton. Um candidato a Lisboa. O outro recandidato à Junta de Freguesia da Estrela, onde vivo há 60 anos.

Em ambos deposito a minha confiança. E com ela a minha ousadia de tentar ser autarca na Estrela, servindo os dois e servindo os outros. Foi preciso passarem mais de seis décadas de vida para, familiarmente, eu ter o direito e as condições de, sendo livre, fazer um discurso político e assistir a um comício. O que prova bem que, nunca é tarde para sonhar e dar forma aos nossos sonhos!

 

HSC 


segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Guiada pelas estrelas


Falei-vos, há uns dias, da surpresa que tinha tido por receber em casa um livro com o titulo deste poste e cuja autora era Maria Helena Barradas, uma velha amiga dos tempos de liceu. Era um primeiro livro, feito aos 80 anos, de uma pessoa que tinha tido uma vida extremamente interessante, quer pessoal quer profissionalmente. E prometi que o iria ler e depois escrever sobre ele.

Num tempo muito ocupado, li-o durante uma semana com toda a atenção. Primeiro, a autora tem um domínio da língua evidente; depois a história é de uma grande riqueza emocional. Escrita umas vezes na primeira pessoa do singular, outras, na terceira pessoa, a história vai fluindo como se fizéssemos parte dela.

Percebe-se que ali está muito de autobiográfico, mas o olhar de quem escreve é o da serenidade, o de quem fez, há muito tempo, pazes com a vida. A mim, que presenciei alguns daqueles anos, tocou-me a ternura com que o passado e o presente são olhados.

Num período de pandemia e de uma certa forma de agressão verbal que caracterizou os últimos meses da sociedade portuguesa, a leitura desta vida passada ao papel, traz-nos alguma paz interior. Só isso bastaria para eu aconselhar a sua leitura . Mas a obra vai muito mais longe e aponta para que, cada um, antes de tudo o mais, se saiba perdoar a si próprio. A não perder!

HSC

sábado, 11 de setembro de 2021

Sentimentos

Já aqui vos contei que a pandemia me havia permitido descobrir - é o termo justo - alguns aspetos meus que estavam, ainda, bem escondidos. Lembro-me que durante o período em que fiz análise, o meu médico me ter dito que, quando ele a desse por terminada, eu iria progressivamente lobrigar em mim aspetos dos quais eu nem me dava conta. Tinha razão.

Com efeito, ou a pandemia mudou muito a sociedade em que vivo, ou eu tive a tal oportunidade rara de me olhar de forma algo diversa. Felizmente, isso foi muito claro no ultimo ano e meio. E acabou por ser completamente confirmado, com o "retiro aberto" que fiz esta semana, com o Cardeal Tolentino e que versou sobre as "crises" por que todo o ser humano passa para recomeçar.

Os que convivem mais de perto comigo, pressentem essa diferença, mas não a sabem clarificar. Dizem-me "estás diferente , mas não sei explicar o que é"! E eu respondo que é muito cedo para eles compreenderem, a fundo, a minha transformação, e que um tempo virá, apesar do pouco tempo que me possa restar, em que eles irão perceber a força que acontecimentos exógenos podem ter sobre nós.

Ainda não é o tempo. Ainda não senti que, sem uma explicação, os amigos deixariam de me entender. Mas, creio que esse tempo virá, antes do meu acabar!

HSC

sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Jorge Sampaio


Há pessoas cuja personalidade é tão complexa, que se torna difícil sabermos quem realmente são, ou se são aquilo que pretendem parecer ser. Sobretudo, quando a sua existência é longa e muito diversificada. Se a politica interfere, essa perceção é, ainda mais, difícil.

Conheci Jorge Sampaio, advogado, nos já perturbados fins dos anos sessenta. Por razões de natureza familiar, acompanhei uma boa parte do seu percurso. Não foi, no meu caso, um caminho fácil, porque ele foi uma das pessoas que mais me magoou na minha vida. Levei quase cinco décadas a tentar conciliar-me com essa mágoa. 

Hoje todos o elogiarão o seu caráter, a sua carreira e a sua importância na construção do Portugal que temos. Para para mim, termina, enfim, uma dor que, por ser única, me impediu de o olhar como a maioria dos portugueses. Está sanada a tristeza que, ao longo de tantos anos, ainda continuava a aflorar à minha mente. Que descanse em paz é o que, agora, lhe desejo!

HSC

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Amigos

 Hoje é o dia universal da poesia. Vale a pena ler este texto  dedicado aos amigos. 💖


 "Meus amigos são todos assim: metade loucura, outra metade santidade.

 Escolho-os não pela pele, mas pela pupila, que tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

 Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta. Não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.

Meus amigos são todos assim: metade boémia, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.

Não quero amigos adultos, nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice. Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto, e velhos, para que nunca tenham pressa.

Tenho amigos para saber quem eu sou, pois vendo-os loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a normalidade é uma ilusão imbecil e estéril"

  

Nota O texto foi atribuído a Fernando Pessoa, mas a atribuição foi considerada falsa e posterior à morte do escritor                                                            

sábado, 4 de setembro de 2021

Isabel da Nobrega


Conheci-a há muitos anos e a empatia foi mútua. Creio que terá sido Natália Correia quem ma apresentou. Não nos víamos muito, mas quando isso acontecia, era uma lufada de vida que eu recebia. Viveu como quis e suportou o julgamento daqueles que, não tendo a sua coragem, não desdenhariam, porém,  de viver o que ela viveu.

Eu gosto muito da sua obra e sempre me penalizou que ela tivesse apostado mais em Saramago do que em si própria. E não perdoo a Saramago - que considero um grande escritor que muito lhe deve - ter eliminado, posteriormente, o se nome dos livros que lhe dedicou.  

O passado não se apaga com gestos desta natureza e o reconhecimento do que devemos a alguém também não. Cheguei a pegar-me com Carlos do Carmo, num programa do Herman, por causa deste gesto lamentável por parte do escritor.

A literatura nacional perdeu uma Mulher que tem uma obra importante. Pena foi que se apagasse como escritora, face a desgostos que, aqueles que com ela viveram, não souberam reconhecer. À família, de quem sou muito amiga, mando um abraço com imensa ternura. E a ela desejo, do fundo do coração, que a sua luz ilumine todos aqueles que, como eu, a admiravam bastante!

HSC