quarta-feira, 24 de julho de 2019

As novíssimas profissões...

Um dos dramas da sociedade em que vivemos é a nossa baixa auto estima. Em particular das mulheres, que em lugar de olharem para si próprias, constatarem defeitos e qualidades e construirem a sua própria imagem, não descansam enquanto se não aproximam das imagens que a sociedade lhes vende. 
É o caso típico da moda, em que a ansiedade por copiar os últimos modelos, não dá a muitas delas qualquer trégua. E, infelizmente, também lhes não permite ver o ridículo em que muitas acabam por cair.
Em Portugal não temos revistas para mulheres comuns, temos revistas para modelos ou para criaturas saídas do photoshop. O resultado está à vista: mães e filhas usam os mesmos modelos...
Cada idade tem a sua sedução e eu sou apologista de que até ao último suspiro tratemos do corpo e do espírito. Mas parece uma evidencia que se uns calções curtos ficam bem numa jovem de 18 anos com corpo para os usar, podem ser uma verdadeira desgraça quando vestidos pela mãe de cinquenta e tal anos, por melhor figura que esta tenha. Não "encaixam"!
Há uma razão essencial nesta ditadura da juventude. É que existem muitos lugares para os quais o que se deveria exigir era cultura e capacidade de comunicação, mas que acabam por estar entregues a umas carinhas larolas, cujo único objectivo parece ser o de surpreender pelo exotismo com que se apresentam.
Esta questão põe-se muito ao nível do que entendeu chamar-se a "figura pública" e que engloba politicos, futebolistas e rostos televisivos. Acrescem agora as novas profissões dos "youtubers" e dos "influencers", seja lá isso o que for. Pessoalmente faz-me pena que as pessoas se estimem tão pouco, que só se sintam gente, quando se assemelham a uma ou mais dessas tais personagens. 
Antes a palavra socialite englobava tudo isto. Agora a coisa fia mais fino e torna-se necessário especificar a área em que a dita se destaca. 
E é assim que elas preenchem os questionários e na profissão escrevem, por exemplo, que são "blogers". Mas desde quando é que este tipo de trabalho se tornou profissão encartada?!

HSC

9 comentários:

Maria Santana disse...

Subscrevo!

Teresa disse...

Pois...Tem toda a razão!Em relação à indumentária de mães e filhas,será que não têm espelhos em casa?

Dalma disse...

HSC, hoje em Edimburgo e perante uma montra de belíssimos fatos em “tweed”, comentei para o meu marido: que belo corte, mas agora já ninguém os usa... vai-se para o trabalho de calças de ganga e T-shirt! Ele que durante 40 anos usou gravata, concordou!
Claro com as mulheres é o mesmo... ou pior.
Lembro-me de uma crónica do Luis Stau Monteiro (e há que anos!) falava dessas figuras ridículas apelidando-as de “abóboras vestidas de pepinos”, que melhor imagem ele poderia dar?!

Pedro Coimbra disse...

Trocado por miúdos, aquelas profissões (???) de quem não sabe fazer nada mas aparece no espaço público.
Cola uma etiqueta em "estrangeiro" e parece importante.
Não é.

Mulheres e homens maduros a querer vestir como jovens?
Sardinha assada e café com leite.
Pois, não combina.

Anónimo disse...

Ai! como este post assenta bem em certas figuras que eu conheço e não largam o ecrã há meia vida. Não estariam melhor no back office a desenvolverem as suas capacidades, sem terem de estar diariamente no ecrã?

Pedro

Anónimo disse...

Mas quem é que "encartou" estas figuras?!

The Mother of Mothra of ALL Bubbles disse...

A profissão do futuro é de desempregado, logo é importante dar um rótulo à função, blogger é tão válido como outro qualquer.

Anónimo disse...

Não tenho nada contra os influenciadores, quando influenciam para boas causas. Não se sabe se ganham bem ou não, uns mais, outros menos, mas se pensarmos no desemprego, é uma forma de encontrar saídas, com flexibilidade de tempo e lugar, e o protagonismo que tanto desejam.

Na tv aparecem frequente/ «os tudólogos» que sabem tudo sobre tudo, e então na internet proliferam. Um grande número de pessoas não está para ouvir falar um especialista que, em geral, usa uma linguagem pouco acessível, difícil de seguir. Não interessa se é verdade ou falso, o que interessa é a imagem e um certo facilitismo envolvente. Além disso, com a corrupção, os médicos, juízes, políticos, professores, bancos, perderam credibilidade. São editadas pilhas e pilhas de livros de pessoas que se acham «muito à frente» e que se recomendam a si mesmas, fazendo promessas várias. «Eu faço boa televisão» afirma uma figura conhecida.

Mas nada que se compare (por enquanto!) com o que se passa nos EUA. Vi um programa em que uma mulher sem nenhuma formação na área (aliás sem formação em nenhuma área) mas usando uma linguagem pseudo-informada, retirada da net, criou um sumo detox, com muito sal, garantindo que cura todas as doenças e que...pasme-se...pode até regenerar orgãos, um dedo, um braço, podem voltar a crescer!!! E tem seguidores, pessoas que bebem o sumo e dão aos filhos!!! Apesar de no programa, ser confrontada com pessoas a quem o sumo provocou problemas de saúde, e por médicos, que lhe apresentaram dados científicos e até limitações da ciência, a mulher, de forma categórica e empolgada, continuou a defender o seu sumo, afirmando que a medicina não passa de um negócio.

Anónimo disse...

Há uns anos já, perguntei a uma amiga se queria ir a uma conferência sobre um tema que sabia que lhe interessava. Esperava tudo menos que ela me respondesse «não, mas já viste o aspeto dele?» O conferencista cuja obra continuo a ter como referência, não era nenhum Brad Pitt, mas tinha um aspeto normal, até agradável. Fiquei de queixo caído, foi a primeira vez que me dei conta desse ingrediente (não o saber, mas o aspeto?) que deve estar na base do fenómeno influencer.