“.... Dito isto, volto ao facto, a notícia sobre Marcelo e Tancos. Relembro
o essencial. 1) No quartel de Tancos, roubaram-se armas, e notícias
subsequentes revelaram que não foi a primeira vez. É preciso apurar tudo doa a
quem doer. 2) As armas foram devolvidas pela PJM, com algumas falhas de
material e, por outro lado, com material a mais, o que leva a concluir que o
famigerado roubo não foi único. Acresce que, confessadamente, elementos da PJM
forjaram a entrega, conluiaram-se pelo menos com um dos assaltantes e
esconderam a operação da PJ, legítima responsável pelas investigações. "É
preciso apurar tudo doa a quem doer", insistiu o Presidente, e bem.
Esses 1) e 2) envolvem
crimes que devem ser resolvidos, explicados e castigados. Feito isso, o
essencial fica feito. Sobre um provável 3), chicanas políticas (especialidade
nacional), já estamos bem servidos: várias insinuações, misteriosos memorandos,
algumas demissões e muito jornalismo tipo barata tonta. Ora, os 1) e 2) é que
são o essencial. Resolvidos, fica o provável 3) esclarecido. Mas indo pela
especialidade nacional, daqui a um ano (e mais insinuações, memorandos,
demissões, achismos...), arriscamo-nos a um terrível espanto: mas que roubo em
Tancos?!”
Ferreira Fernandes no Diário de
Noticias
Não me lembro de ver tanta trapalhada junta num
mistério desta natureza. Nem Alan Poe conseguiria engendrar algo melhor.
Dar o dito por não dito, disfarçar, assobiar
para o lado e aproveitar para mandar para a rua três ministros é obra de mestre,
que só António Costa seria capaz de engendrar, político de faro como é. E,
vamos lá, com algum “colo” da parte de Marcelo, cuja posição neste caso não
consigo compreender, já que sendo ele o chefe supremo das Forças Armadas tem
responsabilidades especiais.
É que não basta afirmar que toda a verdade tem
de ser apurada. Ela deve ser exigida, E não é com discursos que lá iremos,
porque este acontecimento é demasiado grave para ser tratado com paninhos
quentes...
HSC