Já não gostava muito da expressão "você", porque a considerava mistificadora. Mas agora, vá lá saber-se porquê, as vendedoras das lojas usam-na com frequência, quer se estejam a dirigir a homens ou a mulheres, a novos ou a velhos. Desapareceu o tratamento de senhor ou de senhora. E, confesso, não me agrada muito que alguém com vinte anos, que me não conhece de lado nenhum, se me dirija com um redondo você.
A coisa pegou de tal modo, que acabou por chegar à televisão, onde certas apresentadoras, nomeadamente de programas culinários, em lugar do habitual telespectador, nos presenteiam, mimosas e sorridentes, com o plural "vocês". É uma forma de tratamento pouco admissível em televisão, nomeadamente entre pessoas que se não conhecem. Basta assistir a um programa de Martha Stewart ou Ina Garten para perceber a diferença entre naturalidade e intimidade.
Seguramente que estas jovens não tratam a avó ou a mãe deste modo. E se tratam será porque ninguém lhes ensinou que respeitinho é bom e recomenda-se!
HSC
Seguramente que estas jovens não tratam a avó ou a mãe deste modo. E se tratam será porque ninguém lhes ensinou que respeitinho é bom e recomenda-se!
HSC
30 comentários:
Quando num restaurante o empregado assim me trata, leva logo uma ensaboadela !
Bom ano, HSC !
Touché!
E nos restaurantes! " Vocês têm preferência na mesa?"
É um preciosismo da nova era da liberdade...do tu cá,tu lá.E é deselegante.Falta de berço e de educação.
E não chegarem ao tutear, que há uns anos o Miguel Esteves Cardoso comentava, já não é mau de todo.
Está tudo adulterado, drª. Helena.
E a antipatia de certas funcionárias
também me incomoda.
Os meus cordiais cumprimentos.
Irene Alves
"que me não conhece de lado nenhum"
Eles se calhar até conhecem. A senhora é que não os conhece... :)
Noutro dia tivemos esta conversa com vários amigos e o que depreendi da mesma é que muita gente não compreende a diferença de tratar por "você" ou "senhor/a".
Be
Dr.ª Helena! Concordo plenamente com a Senhora. Também me incomoda essa expressão. Penso precisamente o mesmo que a Dr.ª Helena acaba de expor. Por vezes sinto necessidade de repreender e corrigir...
Como diz uma amiga minha "o você fere-me os tímpanos".
Realmente perderam-se todos os valores, o respeito e a educação.
Obrigada pela partilha de opinião
Maria M
Tem razão, também acho péssimo.
Não percebo como é que determinados/as jornalistas tratam os seus convidados por você. Por exemplo, é ver as entrevistas conduzidas por Judite Sousa. Usa o você para cá e você para lá que até dói. 'Você acha que...', 'Você disse que...'. Uma falta de chá, de facto.
P.
A minha empregada tão depressa me trata por Bocê como por Dra! É conforme lhe dá....mas não é por isso que me sinto mais pobre...
"Você é estrebaria" dizia a minha Mãe. NUNCA poderíamos dizer tal palavra, apesar de não tratarmos os Pais por "tu". Incomoda-me mas, era acho eu, mais para o sul que se usava. Agora, com a globalização, está em todo o lado🙄
Bjs da Maria do Porto
Ah, que bem que me senti ao ler este texto, afinal não sou um 'bicho' estranho, é que também não simpatizo nada, mesmo mesmo nada com o 'você' e com os tais 'vocês' em determinados locais (TV e não só).
Não me vou aventurar, sequer, pelo lado das apresentadoras/apresentadores. ninguém tem coragem para dizer nada, para chamar a atenção, não sei muito bem a razão mas gostaria muito de saber, confesso.
(no entanto acho que não tem a ver com idade, pessoas de mais idade em TV também usam esse 'vocês', pelo menos algumas...)
HSC, e quando ao telefone ou em cartas institucionais se dirigem a nós como Srª Maria ou Srª D? Fico fora de mim, mas acho que não há nada a fazer... os erros entranham-se e nunca mais se corrigem, veja-se o “à séria” que até alguns políticos adicionaram ao seu léxico!
Cara Virginia
Eu tenho uma Luciana, paga à hora, de quem gosto muito. É brasileira e tanto me trata por tu como por Dra. Ao meu filho, trata-o sempre por Sr Dr. E eu rio e deixo. Mas sou eu que deixo, porque sei que no Brasil isto é normal.
Como a deixo ter as unhas pintadas e outras coisas. Já a não deixo ter a cabeleira solta, porque me enojam cabelos e expliquei-lhe bem o critério.
Ou seja, para os de fora ela tem o tratamento do natural respeito: o/a senhor/a. Para mim fica o "carinho" do tu ao Dra. O que eu consinto é uma coisa. O que me impõem é outra...
HSC, mas os brasileiros são tão doces no tratamento! Tive uma empregada, tb paga à hora, que me deixou e com grande pena minha, porque foi trabalhar para uma fábrica a tempo inteiro. Continuo com o marido como jardineiro que igualmente te trata na doçura da “sua” língua, sempre amável, discreto, satisfazendo os meus desejos hortoflorículas...
HSC, quanto ao “você”, aqui no Alentejo é muito comum, embora apesar de 43 anos na terra ainda não me ter habituado!
Um dia uma aluna minha tratou-me por “você” e eu fiz-lhe ver que não era a forma mais elegante de tratar uma pessoa mais velha, ao que ela me retorquiu que também tratava assim os pais!! Portanto só me restou dizer-lhe que eu queria ser tratada por Professora, mas jamais porl “você “ nem por “stora”!! Resultou.
D
Acho que muitos casos tem a ver com nao saberem que voce nao e' formal. Sabem a diferenca entre TU -VOCE e transportam isso para outros contextos. Infelizmente desaparecem as referencias de como se deve falar ou escrever(Contra mim falo).
Aqui no Norte, tratar por "você" sempre foi deselegante e sinónimo de falta de educação. Mesmo num registo mais informal as pessoas tratam-se por tu ou quando usam a terceira pessoa, o "você" é substituído pelo nome próprio:"o Luís quer um café?. Infelizmente o você está a espalhar-se como uma praga bem como, tal como já disse outra leitora, a utilização do "simplesmente Sra" nos guiões das conversas telefónicas. Como respondeu uma amiga minha a um desses operadores telefónicos: "trate-me por Sra Dona Isabel, por Dra. Isabel ou simplesmente por Isabel, mas nunca por Sra Isabel que é o cúmulo da deselegância". Esses guiões são traduções automáticas do Mrs mas poderia haver um mínimo de bom senso e ter em conta as regras da educação do país. PCabral
Mas depois também vamos ao extremo de tratar tudo por Dr. e Dra, o que acho uma grandessíssima estupidez fora de um contexto profissional... realmente Portugal é um país um bocado esquizofrénico nestas coisas (ou entao é do "cúlambismo" e do novo-riquismo pós 25 de abril).
" Você é o cão da Casa Pia" , dizia a minha sogra. Custa-me tanto ouvir essa forma de tratamento! Enquanto professora e já lá vão uns dez anos que me aposentei tentava, sim, tentava,explicar aos alunos por que era errado tratar assim os mais velhos. Não entendiam, e alguns diziam, admirados: mas é assim que trato a minha avó! Eles não entendiam a diferença, as novelas tinham introduzido o " Você " do Brasil, diferente na acepção da que é usada por cá.
Lá vinha de novo a catilinária, o malhar em ferro frio.
Hoje é ainda pior, como se vê. ( no programa do 3o ciclo do ensino básico havia um ponto do programa que era, precisamente, " as formas de tratamento", que se ensinavam. Hoje não?)
Cumprimentos, Luísa Santos
Muito boa tarde!! Sempre tratei os meus pais por "tu" e vice-versa. Sinto que se os tratar na 3ª pessoa do singular vai criar uma certa distância, e, vice-versa. Talvez tenha sido criada de forma moderna, não sei.. porém não considero que exita falta de respeito neste tratamento com os meus próximos. Invariavelmente, quando não conheço a pessoa, trato na 3ª pessoa, com um eventual Sr. ou Sra. Porém, aquilo que a uns parece "desrespeito" pode soar a outros como ser afável ou próximo do seu semelhante, especialmente quando acompanhado de um sorriso :) A questão da idade, também é algo questionável. Já não existe a idade para fazer isto ou aquilo e que tantas vezes "vetava" os sonhos de quem não se permitia. Não gostaria que colegas mais novos de faculdade me tratasse por senhora, se por acaso resolvesse fazer outra faculdade aos 60 anos. Bom, é a minha humilde opinião. Muito grata pelo seu blog e pelos textos que dão que pensar!
J Henriques
Nas relações de trabalho há normas. De um lado e do outro. Se me metem nojo cabelos, não vou aceitar a trabalhar comigo quem não os prenda.
Quando eu trabalhava para os outros era o mesmo. E se não gostava das limitações que me punham, procurava outro trabalho.
A Luciana trata-me por tu, porque eu "deixo". E eu trato-a por Luciana.
Possivelmente o/a J Henriques "não deixava"...E estava no seu direito!
Chegaram sim senhor,Pedro.
Ainda há bem pouco tempo,tive o "privilégio" de atendimento "personalizado"numa loja de reputada(?)marca,por um colaborador da mesma, com cerca de vinte e muitos,trinta anos de idade .
Adverti o insolente,com delicadeza e educação,e recebi um sonoro: tá mal disposto? tenho mais que fazer.
Comuniquei por escrito,e-mail e CTT, à respectiva administração a ocorrência.
Já lá vão cinco semanas e não acusaram a recepção.
Tenham um excelente fim de semana.
A minha entidade empregadora nao me deixa faltar sem justa causa.
Se eu o fizer tenho consequencias.
Devo considerar isso uma falta de respeito?
Anónimo das 08:39
Não, não é falta de respeito. É o contrato de trabalho que "você" assinou.
Quando eu era pequeno, há setentas e tais, dizia-se na minha terra: "Você, é estrebaria".
Pois... o problema, acho, é que ninguém lhes ensinou as formas de cortesia. Uma lástima.
Eu também acho que teve a ver com as novelas, acabámos por adotar alguns brasileirismos.. - Sara Neves
A democracia que de uma maneira geral desejamos, trouxe excessos e deselegâncias que alguma esquerdalhada acha giro e emancipador. Eu pelo meu lado não aceito grosserias descontraídas e quando por exemplo os atendedores dos call centeres me atiram a chiquérrima VOCÊ interrompo-os e peço Senhora ou Dona! E que Você, comigo não,
Sim senhora! Os egos inflamados, não ficam em mão alheia !!!!!!!
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