domingo, 31 de dezembro de 2017

A memória


Aqui ficam os meus votos para 2018. A nossa memória e aqueles que amamos e amámos constituem um dos patrimónios mais importantes da nossa vida. Que eles possam fazer sempre parte da nossa existência!

HSC

sábado, 30 de dezembro de 2017

Meu lema é “Mete o saca-rolha”,

"Outro dia estava com meu amigo Omar, num restaurante e vimos um vinho daqueles bons e caros. O garçom logo perguntou se queríamos aquela safra pra acompanhar o pedido e o meu amigo, sem pensar duas vezes, disse “Mete o saca-rolha”. 
Depois de dar boas risadas com aquela expressão, ele me contou que aquela frase servia pra vida. Que tempos atrás tinha perdido um grande amigo que tinha uma grande adega com vinhos caríssimos, e deixava os vinhos lá, sem abrir. Certo dia, morreu num acidente, e a esposa do cara acabou se casando com um outro, mais jovem, que consumiu toda a adega em tempo recorde. Depois disso, ele começou a perceber quantas vezes na vida desperdiçava oportunidades, deixando pra depois. Sendo que o depois pode nem existir. Eu fiquei refletindo sobre isso e hoje quero te perguntar: quantas oportunidades você desperdiça, se preparando, sem entrar em campo? Quantas roupas deixou de usar esperando a ocasião especial? Quantas atitudes deixou de tomar, acreditando que sempre existiria ‘a semana que vem’, adiando seus sonhos?, Por isso, a dica é ‘mete o saca-rolha’. Abra a garrafa de sonhos, tome as atitudes que precisa tomar, pare de procrastinar achando que a vida é eterna e que vai ter todo o tempo do mundo pra tentar, cair, errar e seguir em frente., “Mete o saca-rolha” pode ser uma filosofia de vida. Pra ele, que diz que nunca viu carro forte seguindo carro funerário, é uma frase inspiradora., Não deixe os bons vinhos pra amanhã. Não espere pra agir se a hora é agora e não desperdice seu tempo acreditando que amanhã dá pra fazer diferente. O que a gente tem é hoje. Então, mete o saca-rolha e segue em frente!.
Desejo a você um excelente vinho para 2018"...

                       Enviado por um amigo para o meu telemóvel

Este ano não faço votos. Limito-me a partilhar convosco este texto. Que cada um tire as suas próprias conclusões, porque ele merece reflexão. Não por ser fim do ano, mas porque muitas vezes, o medo, a precaução ou até a ganância, acabam por nos tirar o melhor que a vida, afinal, nos dá!

HSC

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Portugal no seu melhor!

“Na passada quinta-feira, em plenário, os partidos discutiram e votaram um conjunto de alterações legislativas que, primeiro, acaba com o limite para os fundos angariados por partidos e que, segundo, permite aos partidos receberem o IVA de volta.
... Não vale a pena disfarçar: os partidos (PS, PSD, PCP, BE, PEV) legislaram em benefício próprio, amealhando milhões de euros à conta do Estado. E, para fugir ao escrutínio público, fizeram-no da forma mais opaca possível. O processo legislativo correu num grupo de trabalho que, por várias vezes, reuniu à porta fechada – algo excepcional no funcionamento da Assembleia da República. O agendamento da discussão/votação do projecto de lei foi feito em cima da hora, para não chamar à atenção e forçando até a retirada de outras iniciativas legislativas previamente agendadas. E, na exposição de motivos do projecto de lei apresentado à votação, não consta uma única referência às alterações que beneficiam os partidos – apenas se refere o reforço dos poderes da Entidade das Contas, dando a entender que o objectivo era somente esse. Só que, lá está, não foi bem assim. Nas palavras da ex-Presidente da Entidade das Contas (em declarações ao Expresso), “os partidos resolveram uns aos outros os problemas de cada um”, alterando leis orgânicas do Tribunal Constitucional, da Entidade das Contas, do financiamento político e dos partidos políticos. Mais claro era impossível.
Tudo isto foi premeditado. No conteúdo: a partir desta alteração legislativa, os partidos vão receber mais dinheiro, ficar isentos de impostos e resolver situações ainda a aguardar julgamento – tudo no valor de milhões de euros.
É, portanto, uma vergonha colectiva: uma Assembleia da República que faz isto em completa impunidade só é possível perante uma sociedade entorpecida e pouco exigente. Merecem-se uma à outra."
                    
                         Alexandre Homem Cristo in Observador

Felizmente que o Natal me não permitiu estar "actualizada". Mas em compensação, quando hoje tentei faze-lo, a chuva de surpresas não podia ser maior. A classe política cujos partidos andam endividados resolveu dar-lhes um presente de Natal. De modo transparente. Justificado. Respeitável. É Portugal no seu melhor!

HSC

À bon entendeur salut!

Mas nenhum político além de Bagão Félix se indigna ou se interroga sobre o “negócio” Montepio Geral / Santa Casa da Misericórdia?
O Governo não pia, nem lhe convém piar. O Presidente da República está distraído. A Igreja, surpreendentemente, parece alheia ao assunto. A comunicação social não vê na questão tema que cative audiências e apenas se salva, honrosamente, António Costa do jornal ECO.
Estamos todos tão contentes que nos não importamos de desviar a pequena minudência de 200 milhões de euros, para fins diferentes daqueles que deveriam ser os seus usando, com despudor, a insólita via da Santa Casa e o anuncio da criação de um milagroso “banco social” destinado a salvar um banco?
Pegar em 200 milhões de euros para entrar no capital de uma instituição cujas condições são tristemente conhecidas, viola todos os princípios em que assenta a Misericórdia, nomeadamente:

1. a proporcionalidade dos fins estatutários,
2. a probidade institucional,
3. o equilíbrio estrutural de balanço. É que os 200 milhões são cerca de 1/3 dos seus “capitais próprios”.
4. a matriz cristã que a deve enformar  
5. o respeito da opção preferencial de apoio aos mais desprotegidos

A factura há-de vir mais tarde, quando já ninguém se lembrar.  E surgirá com a agravante - quanto aos pagadores – de juntar aos contribuintes, os beneficiários da acção social da Santa Casa. 
Difícil de perceber? Nada. É que nessa altura, como diz e bem Bagão Félix, de santa ela já  terá pouco e de casa, quem sabe, mais parecerá... uma loja!
À bon entendeur, salut, como dizem os franceses.

HSC

segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Igreja: O erotismo da alma (14)

" Todos vamos envelhecer...Querendo ou não, iremos todos envelhecer. As pernas irão pesar, a coluna doer, o colesterol aumentar. A imagem no espelho irá se alterar gradativamente e perderemos estatura, lábios e cabelos. A boa notícia é que a alma pode permanecer com o humor dos dez, o viço dos vinte e o erotismo dos trinta anos. O segredo é não reformar por fora. É, acima de tudo, renovar a mobília interior: tirar o pó, dar brilho, trocar o estofado, abrir as janelas, arejar o ambiente. Porque o tempo, invariavelmente, irá corroer o exterior. E, quando ocorrer, o alicerce precisa estar forte para suportar. Erótica é a alma que se diverte, que se perdoa, que ri de si mesma e faz as pazes com a sua história. Que usa a espontaneidade para ser sensual, que se despe de preconceitos, intolerâncias, desafetos. Erótica é a alma que aceita a passagem do tempo com leveza e conserva o bom humor apesar dos vincos em torno dos olhos e o código de barras acima dos lábios. Erótica é a alma que não esconde os seus defeitos, que não se culpa pela passagem do tempo. Erótica é a alma que aceita suas dores, atravessa seu deserto e ama sem pudores. Aprenda: bisturi algum vai dar conta do buraco de uma alma negligenciada anos a fio."

         Texto retirado do livro Poesia Reunida, 1991, Adélia Prado

Não sei, por enquanto, escrever sobre o Natal sem dor, sem saudade da Mãe que partiu neste dia e do filho que me deixou antes de tempo. Mas alguém me deu, ontem, na Missa do Galo, este texto para eu ler. Gostava muito de ter sido eu a escreve-lo, porque ele corresponde exactamente ao que penso sobre a alma e sobre a forma de a enfrentarmos. 
O Natal é o início de um ciclo de renovação, que cada ano se repete. Não sei se Adélia Prado sabe isso. Penso que sim. Como penso que não terá sido por acaso que, ontem, mão amiga me fez chegar estas suas palavras!

HSC

sábado, 23 de dezembro de 2017

Um Woody demasiado amargo


Tempos houve em que bastava aparecer o nome de Woody Allen, para eu não descansar enquanto não visse a sua última obra. E, mesmo quando ela era inferior ao que dele esperava, nunca dava o meu tempo por perdido, porque havia sempre qualquer coisa naquele humor acre, que se apoderava de mim e me dava a noção de que não fora em vão a hora que lhe dedicara.
Assim, mal soube que estreara uma nova película, decidi que era mesmo neste tempo tão triste para mim, por evocar a morte da minha mãe, que eu iria vê-lo. Precisava, mesmo, daquela graça subtil, daquele amor ácido pela América que o não compreendia e que ele, afinal, tanto amava.
Todos envelhecemos. Allen não é excepção e as suas ultimas obras já evidenciavam um desgaste nos temas, sempre abordados, das dificuldades do amor. 
Mas umas pessoas envelhecem melhor que outras. Ou fazem-no de uma forma menos triste, acreditando que o futuro, embora mais curto, ainda pode existir. Aliás, só mesmo uma tal crença é que pode levá-lo, com quase oitenta anos, a fazer novos filmes.
Esta Roda Gigante cuja realização e argumento pertencem a Woody, decorre em Nova Iorque, na década de 1950. Num parque de diversões em Coney Island, Ginny é uma ex-actriz que vai fazer quarenta anos, trabalha como empregada de mesa, é casada com o operador do carrossel e começa a sentir a vida passar-lhe ao lado.
Um dia, conhece Mickey, um jovem nadador-salvador que sonha tornar-se escritor, por quem se apaixona perdidamente, mas que terá de disputar com a enteada, quando esta regressa inesperadamente a casa fugida do marido. Ginny entra num turbilhão de ciúmes e acabará a  exceder-se quando percebe a atenção que o jovem amante dedica à filha do marido. 
Entre as duas nasce uma rivalidade que acaba por colocá-las numa situação particularmente delicada. Não há aqui nada de novo. O realizador sempre se ocupou das relações conturbadas que o amor pode corporizar. Mas neste filme o peso da amargura é excessivo porque apenas revela o "lado sem saída" daquilo a que se apelida de amor. E Kate Winslet dá, de facto, de modo notável, a imagem desse sentimento avassalador.
É uma película com um travo demasiado amargo para o meu gosto, que tenho uma idade muito próxima da do realizador. 
Há sempre uma saída. O problema reside no que acontece, quando a não procuramos, e preferimos submergir...

HSC

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Pedro Paixão


"O meu país é um país que não reconhece o verdadeiro valor, não gratifica a excelência, e mal suspeita de alguma coisa original, logo, estranha, esmaga-a. Camões morreu pobre e desolado. Provavelmente sem ter tido sequer a sorte de ter tido um único amigo, como eu tive. O Pessoa, que viveu de quarto em quarto, foi morrer com o fígado trespassado a um hospital com nome de santo francês que está no Bairro Alto e, ao que se diz, a última frase que lhe se ouviu foi em inglês que a disse I do not know what tomorrow will bring, para tirar as dúvidas a quem as tivesse. O Ruy Belo, um magnífico poeta, foi um herói desprezado primeiro pela academia fascista e, depois, pela academia democrática. O Ruy Cinatti, um poeta entre os maiores, enlouqueceu com a revolução dos medíocres e presumidos cravos, que entretanto desapareceram como espécie. Eu só não me deixei esmagar porque não tenho valor algum em particular, nunca tendo chegado a ser o que queria (…)" 
                                          
                                        in “Espécie de Amor”, 2014


O jornal Observador publicou no sábado, dia 16, uma interessante entrevista de Joana Emídio Marques ao escritor Pedro Paixão, homem que tive o prazer de conhecer há já muitos anos.
O Miguel Esteves Cardoso e o Pedro formavam uma dupla de rara qualidade e amizade. Nessa época, ambos representavam o que havia de melhor na juventude cultural e literária de então. Ambos fizeram um jornal e ambos criaram a Massa Cinzenta que foi uma das melhores empresas criativas do seu tempo. Mas os anos passaram, a vida transformou-se, a amizade desfez-se e o dueto acabou. 
Do Miguel vou tendo noticias porque leio o que escreve e porque continuo a ter por essa época da minha vida um especial carinho, nomeadamente, quando nela incluo o terceiro elemento do grupo, o meu querido Carlos Quevedo, o argentino mais português que eu conheço.
Do Pedro as noticias eram mais raras. Hoje, depois de ler a entrevista, percebo melhor porquê. Continua a escrever para ele e sobre ele, mas a publicação não é questão que o preocupe. 
É pena. A sua escrita, da qual tenho bastantes saudades, tinha muita qualidade e, seguramente, influenciou muitos dos jovens autores  hoje com sucesso.
É pena, ainda, que a doença bipolar de que padece, tenda a acentuar esse lado solitário em que vive e de que o texto acima é uma boa imagem. Quando se tem a minha idade e adorando a família, como eu, percebe-se que os amigos, esses raros seres são, para muitos de nós, a presença constante sem a qual a existência se  tornaria muito dura!

HSC

domingo, 17 de dezembro de 2017

O perigo de saber demais...




Sei muito bem quem gasta dinheiro em copos e mulheres” terá dito o Ministro das Finanças ao Expresso. Sempre me pareceu que havia algo misterioso na pessoa de Mário Centeno. Lembra-me, sei lá porquê, aquelas crianças rabinas, com ar bem comportado, que mal os adultos se distraem, pregam um valente susto ou fazem uma grande maldade, sempre com o mesmo “ar de quem não fui eu”. Apesar de não ter lido o artigo, aquele cabeçalho pôs-me de sobreaviso porque, confesso, o que eu verdadeiramente não esperava é que ele pudesse conhecer quem gasta dinheiro em copos e mulheres...Não fazia, para mim, o seu estilo. Erro meu, está de ver. Bem dizia a minha avó Joana, essa santa e sábia senhora que, às vezes, as caras enganam e as surpresas vêm de quem menos se espera. Depois de ler este título até estou na dúvida se, na minha idade, devo ousar ler noticias destas!

HSC

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Mais um caso estranho

Não param os escândalos no país. Agora é a Raríssimas, uma instituição de solidariedade social sem fins lucrativos que o Presidente da Republica quer ver fiscalizada de modo a que se obtenha o apuramento total do escândalo que sobre ela pesa.

A reação do Presidente decorre da revelação, pela TVI, de um alegado  caso de gestão danosa da presidente da Associação, que apoia doenças raras em crianças. 
Ainda segundo a TVI, o ministro da Segurança Social já teria sido avisado mais do que uma vez para o uso indevido destes fundos. 
 O escândalo acabou por rebentar no ultimo sábado após a exibição de uma reportagem da TVI na qual em resumo, se dava a conhecer que:

1 A presidente da Raríssimas, Paula Brito da Costa – cuja IPSS só em 2016 recebeu mais de meio milhão de euros em subsídios públicos - teria usado parte do dinheiro em proveito próprio e da família. 

           2. Segundo a TVI, Paula Brito da Costa recebia um salário base de 3 mil euros mensais, ao qual acresciam 1300 em ajudas de custo, 816,67 euros de um plano poupança-reforma e ainda 1500 euros em deslocações. A estas quantias, que já ultrapassam os 6500 euros, acrescia o aluguer de um carro de luxo com o valor mensal de 921,59 euros e compras pessoais que a presidente da Raríssimas faria com o cartão de crédito da associação. Na reportagem, são mesmo apresentadas facturas relativas a um vestido de 228 euros e a uma despesa em de 230 euros em gambas.
       3. Mostra-se, também, que Paula Brito da Costa cobraria à Associação as deslocações diárias de casa para o trabalho, declarando que estas eram feitas em carro próprio, quando este pertencia à Federação de Doenças Raras, associação da qual foi presidente e onde, segundo a TVI, auferia 1315 euros acrescidos de 540 euros de despesas, também elas de deslocação.
.       4.Para finalizar esta “estória”, Ricardo Chaves, que foi tesoureiro da Raríssimas em 2016 e 2017, sugere que existiriam mapas de deslocações fictícias, com elevados valores sem qualquer justificação Tratar-se-ia de mapas de "deslocações fictícias, que nunca existiram”, acrescentou. 
     


Se entrei neste detalhe é porque me custa a compreender como se torna possível que uma Associação deste tipo, que deve publicitar as suas contas, caia num enredo destes. Confesso, tendo em vista os fins da Raríssimas e os nomes a ela ligados, que toda esta “estória” carece, como pede Marcelo, de um apuramento total do que verdadeiramente se passou, para que se não instale a desconfiança que um caso destes pode gerar em instituições que fazem um digno trabalho em prol da sociedade. E muitas delas, em regime de voluntariado, sem nada receberem!

HSC

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Eu gosto e preciso de rir


Tive, quando era muito nova, em Audrey Hepburn - essa actriz invulgar -, um dos meus raros ídolos femininos. Hoje, folheando umas coisas que escrevi, encontrei esta frase dela. Precisamos tanto de rir, sem que disso nos demos conta. 
Audrey não teve uma vida muito feliz. Mas soube, sempre, mesmo nos momentos mais difíceis, sorrir. Que sábia ela era e que bem me soube recordar e partilhar esta sua afirmação!

HSC

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Quantos anos tenho?

Tenho a idade em que as coisas são vistas com mais calma, mas com o interesse de seguir crescendo.
Tenho os anos em que os sonhos começam a acariciar com os dedos e as ilusões se convertem em esperança.
Tenho os anos em que o amor, às vezes, é uma chama intensa, ansiosa por consumir-se no fogo de uma paixão desejada. E outras vezes é uma ressaca de paz, como o entardecer em uma praia.
Quantos anos tenho? Não preciso de um número para marcar, pois meus anseios alcançados, as lágrimas que derramei pelo caminho ao ver minhas ilusões despedaçadas…
Valem muito mais que isso
O que importa se faço vinte, quarenta ou sessenta?!
O que importa é a idade que sinto.
Tenho os anos que necessito para viver livre e sem medos.
Para seguir sem temor pela trilha, pois levo comigo a experiência adquirida e a força de meus anseios.
Quantos anos tenho? Isso a quem importa?
Tenho os anos necessários para perder o medo e fazer o que quero e o que sinto.
Estas foram as palavras de José Saramago que hoje me apeteceu tornar minhas no dia do meu aniversário. É assim que eu me sinto!
HSC

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Dr. Jekyll e Mr. Hyde

A nomeação do nosso Ministro das Finanças para presidente do Eurogrupo fez-me lembrar, mal comparada, a história do médico e do monstro. Porque cá dentro ele vai continuar a ser o médico. Mas lá fora vai, muito possivelmente, ter de tomar medidas que, a muitos, irão parecer algo "monstruosas". Os parceiros que sustentam este aparelho governativo não podem nem devem estar nada satisfeitos ...
Ouvi, hoje, Mario Centeno enaltecer-se e enaltecer o peso do seu futuro papel para o país. Quem o ouvisse, até julgaria que nunca tal distinção teria sido atribuída a um português. Não havia necessidade, nem é verdade. Ao contrário, não é nada invulgar ver portugueses a desempenharem altas funções a nível internacional. Temos Guterres, Vítor Constâncio, Vitor Gaspar e tivemos Durão Barroso, para citar apenas alguns em cargos até mais importantes do que a presidência em causa. Infelizmente, que eu me lembre - e creio ter ainda boa memória -, não nos terão vindo grandes proveitos destas nomeações. Algum prestígio pessoal do português que se destaca por ser bom aluno e fiel cumpridor dos preceitos, mas não mais do que isso.
O que, para cada um de nós, até pode representar, mesmo, algum risco. Porque, quem preside ao Eurogrupo assume responsabilidades que, jugo, hierarquicamente serão superiores àquelas que assumiu como ministro. E, nesse tabuleiro, é evidente que os interesses de Portugal não serão a peça mais importante.
Neste campo, não só partilho as dúvidas do PC e do BE, como considero que as palavras de Marcelo Rebelo de Sousa foram muito claras, quando relembrou a Centeno que ele só tem este lugar porque é ministro de Portugal. Oxalá o futuro Presidente do Eurogrupo não o esqueça...

HSC

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Belmiro de Azevedo


“Belmiro de Azevedo, que hoje desaparece, é um nome grande do mundo empresarial português. Com grande visão, soube criar um grupo económico muito sólido, que gerou largos milhares de empregos, em Portugal e no estrangeiro. Faz parte dos novos empresários que surgiram depois do 25 de abril e que, com os anos, consolidaram um papel determinante na economia do país.
... O triste gesto que o PCP hoje teve na Assembleia da República, recusando juntar-se ao voto de pesar aí aprovado, releva de uma visão deselegante, fruto da sua hostilidade endémica a todos os projetos empresariais privados que assumam uma certa dimensão. O Bloco absteve-se. Nada de novo.” 

                               In http://duas-ou-tres.blogspot.pt

Está tudo dito nestes dois parágrafos. É, de facto, uma pena que em Portugal, numa dita democracia, assistamos a gestos desta natureza. Entretanto, alguns elogiam governos como o da Coreia do Norte...

HSC

domingo, 26 de novembro de 2017

A não perder


“Com selecção e organização de José Mário Silva, "Os Cem Melhores Poemas Portugueses dos Últimos 100 Anos" é uma antologia arrojada de um século de poesia singular, liberta e corajosa, mensageira de uma individualidade complexa e moderna, diversa na abordagem à forma e, todavia, sempre intensa. Entre grandes nomes canónicos já desaparecidos e jovens e promissórias vozes, o mundo da poesia portuguesa contemporânea é-nos apresentado com uma frescura e originalidade inesperadas e os poemas vão guiando o leitor numa viagem íntima por esse mundo à parte e imorredouro, apesar de actualíssimo, que é a poesia. Reúne poemas de autores como Fernando Pessoa, Camilo Pessanha, Jorge de Sena, Vitorino Nemésio, Sophia de Mello Breyner Andresen, Herberto Helder, Alexandre O’Neill, Mário Cesariny, Fiama Hasse Pais Brandão, Ruy Belo, Eugénio de Andrade, Natália Correia, António Ramos Rosa, Luiza Neto Jorge, Carlos de Oliveira, Alberto Pimenta, Vasco Graça Moura, Joaquim Manuel Magalhães, AI Berto, Maria Teresa Horta, Pedro Tamen, Rui Knopfli, Ana Hatherly, Manuel António Pina, Fernando Assis Pacheco, Jorge Sousa Braga, Daniel Faria, Adília Lopes, A. M. Pires CabraI, José Tolentino Mendonça, Miguel-Manso, Inês Dias". 


Será preciso dizer mais sobre uma obra destas? Talvez, que ela me parece indispensável para todos os que, como eu, gostam muito de poesia. Nesta selecção estão autores que me acompanharam ao longo da vida. Mas outros haveria, ainda, a registar mostrando bem como somos ricos numa área que, por mais estranho que pareça, não é devidamente apreciada. Talvez o ensino tenha nisso uma boa parcela de culpa...

HSC             

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

A morte


Morreu hoje o Pedro Rolo Duarte. Era uma morte anunciada para quem, como eu, viveu há cinco anos, exactamente a sua história. 
Talvez por isso, o meu primeiro pensamento vá para a sua mãe, a quem a vida acaba de roubar o bem mais precioso e, só depois, para o filho. Para este, haverá sempre uma lógica temporal, que não existe no caso da sua avó. Nenhuma mãe deveria, alguma vez, passar por isto.
Finalmente, o meu pensamento vai para os amigos que sempre lhe serviram de esteio e jamais o abandonaram. E eram muitos. Muitos, mesmo!
Conheci o PRD há muitos anos quando, com o Miguel Esteves Cardoso, o meu saudoso MEC, faziam aquela inesquecível revista chamada KAPA. E era eu quem lhes tinha sempre de cortar os orçamentos. Não foi, assim, um primeiro encontro fácil dado que era olhada como aquela que lhes cerceava os sonhos. Havíamos de, aos poucos, ir resolvendo esses problemas já que, com o lançamento da minha FORTUNA, passei a ter mais projectos para gerir. Mas ele e eu  havíamos de nos cruzar noutros aventuras.
Depois, amigos comuns juntaram-nos na GRUPA, esse conjunto de gente de quem eu podia quase ser a "avozinha", mas que me tem dado muito bons momentos. Aí conheci um outro Pedro, que o tempo havia transformado e enriquecido. 
Era um homem livre, que dizia o que pensava, uma cabeça que não parava, um comunicador excelente, uma verdadeira força da natureza. Não conseguiu vencer essa besta que é o cancro. Mas julgo poder dizer que na batalha da vida, ela a dominou e terá sido um homem com muitos momentos felizes!

HSC

terça-feira, 21 de novembro de 2017

A Isabel e a Teresa

“Precisava às vezes de uns dias de solidão e silêncio para se encontrar consigo e ganhar novas energias. Para sentir de novo o prazer e a liberdade de gerir a vida inteiramente à sua vontade. Sabia que o tempo ajudava a sarar todas as feridas, a colocar tudo no sítio certo e a afastar o que não tem valor. Gostara sempre de homens misteriosos e inquietos, de almas sinuosas e sobressaltadas e, por isso, todos os seus amores eram complexos e controversos, diferentes do que acontecia à sua volta. Ou talvez não...
Com o tempo aprendera a viver em serenidade entre solidão e companhia, a não ter medo nem pressa, a deixar-se levar pelo desejo de cada instante e a entregar-se ao que o amor tem de melhor sempre que ele surgia inesperado, grandioso e avassalador, a sobrepor-se a tudo.
E se, muitas vezes, em momentos de fragilidade excessiva, lhe apetecia ter quem tomasse conta de si, parecia-lhe também quase sempre muito claro que era a sós consigo que conseguia pensar(-se) e reencontrar o bem-estar físico e emocional que permitia que estar acompanhada fosse vivido de uma forma muito mais plena, que a cumplicidade e a partilha pudessem ser ainda mais verdadeiras, porque genuinamente desejadas. Sem obrigação nenhuma...”

                      In http://isabelmouzinho.blogspot.pt/

A net traz, por vezes, algumas surpresas. Através dela conheci duas mulheres inteligentes, cultas, simpáticas. Hoje são duas ótimas amigas com quem falo, passeio e rio. Tudo o que se pode pedir aos bons amigos.
Uma é professora. Outra investigadora. Uma Isabel. Outra Teresa. Já passámos, cada uma de nós, nestes três ou quatro anos de estima continuada, por várias ocasiões difíceis, E estivemos sempre juntas.
Hoje, ao passar pelo blogue da Isabel, encontrei este texto. Senti-o como se eu própria o tivesse escrito. Portanto, limitei-me a roubar-lho. No mesmo dia em que a Teresa, que me sabia triste, vinha trazer-me a casa as batatas fritas de que tanto gosto!
Senti-me, neste tempo em que um amigo querido tenta vencer a morte, como uma criatura verdadeiramente abençoada pela vida.
Obrigada meninas, pela vossa amizade!

HSC