sábado, 19 de novembro de 2016

António Ferro


Rita Ferro lançou hoje na Sala dos Espelhos do Palácio Foz o seu livro sobre António Ferro, seu avô. Como já vem sendo tradição havia dois apresentadores Sofia Vala Rocha e António Vitorino e uma surpresa a cargo da actriz brasileira Valéria que leu uma pequena peça do biografado.
Ainda não comecei a ler o livro, que trata uma personagem emblemática do Estado Novo e que a neta vê, com perplexidade, passar de alguém bastante admirado no tempo de Salazar, a um "facínora" nos tempos do 25 de Abril, sem bem compreender porquê. O livro constitui, penso, a sua necessidade de dar a conhecer o "verdadeiro" António Ferro e de finalmente perceber quem era realmente esse avô que ela se habituou a tanto amar.
Assim, a minha opinião sobre a obra irei da-la quando terminar a sua leitura. Decerto vou gostar, porque a aprecio não só como amiga, mas também como escritora. E, creio, se ela se dedicasse só à escrita, nao tenho dúvidas que todos partilhariam da minha opinião.
Depois das palavras da editora, falou António Vitorino que me deixou siderada com a brilhante análise que fez do homem e do país. Seria difícil alguém escalpelizar melhor a personagem de António Ferro, a sua vida política, a sua proximidade de Salazar e a forma como decorreu a sua existência. Para, no fim, acabar por lançar a pergunta crucial que é a de saber o que teria levado o então Presidente do Conselho de Ministros a proteger um homem cuja visão do mundo, em certos aspectos, pouco tinha a ver com a visão paroquiana do chefe do governo. Porque o contrário, ou seja, a obsessão de Ferro pelo patrono, essa, o livro parece dar resposta.
Sofia Vala depois desta primeira intervenção teve a inteligência de só analisar o livro e não o retratado, dando-nos a possibilidade de ter, digamos, dois lados da mesma moeda. E salientando que em muitas situações é a Rita Ferro que se põe no papel do avô.
Uma sala cheia de amigos numa tarde de sábado só a Rita conseguiria. Como só ela conseguiu que Oliveira Martins saísse da plateia para tomar também - e muito bem - a palavra. Enfim, é preciso conhecer bem a autora para perceber este fenómeno de singularidade que caracterizam as suas apresentações!

HSC 

5 comentários:

Silenciosamente ouvindo... disse...

Gosto da escritora e sem dúvida
que terei todo o interesse em ler
este livro.
Os meus cumprimentos e bom domingo,
apesar da chuva.
Irene Alves

Rita disse...


Helena querida, que simpático, amigo, observador e carinhoso este teu post! Tivemos recentemente um quid pro quo irrelevante na história da nossa amizade, não tivemos? Que nem chegaste a perceber muito bem, nem tão-pouco a esclarecer, porque acabei por nem falar contigo? Pois olha, passo-te agora um visto de confiança vitalício que dispensa qualquer apuramento. Bom saber que contarei sempre contigo. Primeiro a menopausa - talvez alguns dos teus múltiplos leitores entendam este private joke - pois que venha agora a sabedoria. E a paz. E um crédito de confiança extensível até ao fim dos nossos dias. Obrigada, meu amor, também por um dos períodos mais divertidos da minha vida que foi, primeiro, a produção do nosso livro conjunto, e logo a seguir, a sua promoção. O que nos rimos, caraças

Helena Sacadura Cabral disse...

Minha querida Rita
Nunca dei muita importância ao quid pro quo, porque fosse ele o que fosse, a minha amizade por ti estaria sempre acima dele. E a certeza de que a recíproca era verdadeira, levou a que nunca tivéssemos abordado o assunto.
Aqui fica, também para ti, minha querida, o meu inabalável crédito de confiança até ao fim dos meus dias. E a certeza de que de ti nunca poderá vir algo que não seja o tradução da nossa grande amizade!

sofia disse...

Mais um livro que eu vou querer para o meu Natal. Uma boa semana

Anónimo disse...

Quanta inteligência! Sou fã...
Luis Filipe Lage
semequeresconhecer@gmail.com