domingo, 20 de dezembro de 2015

Os coentros...


Eu tinha organizado a minha vida toda para não ter que andar na rua nestes dias. Mas, azar dos Távoras, a minha plantação de coentros não chegava para as necessidades e eu resolvi dar um pulo ao supermercado mais perto de casa, visto que na zona onde vivo, foi morrendo de morte lenta tudo o que era comércio de bairro. Agora existem cinco restaurantes, quase pegados uns aos outros e a única mercearia que sobreviveu pratica preços de monopólio.
O meu problema foi mesmo ter ido ao super, porque antes de chegar aos coentros fui "atacada" por uma pessoa que só reconheci quando me disse o nome. E que ficou atónita por eu não me lembrar dela, que não via há cerca de vinte e cinco anos.
Para além de me brindar com um "estás na mesma rapariga", perguntou-me pelo Natal, se continuava a ir para a neve, se estava só ou acompanhada, se agora estava mais cá ou em França, se, se, se. Tive de cortar o inquérito pessoal, mas fiz mal, porque se lhe seguiu a sua história que eu não tinha pedido para ouvir e em que os "ses" de que dependia o seu Natal - eu diria mesmo a sua vida - eram tantos, que nem consigo enumera-los. E os ditos pareciam, de facto, estar a dar-lhe cabo da existência. 
Quando pude finalmente falar, tentei explicar-lhe que não adianta nada sofrer por antecipação e que, possivelmente, nada do que ela estava a imaginar iria acontecer. Atrevi-me, até, a sugerir-lhe que fizesse o raciocínio ao contrário, ou seja que pensasse na alegria que ia ter porque, "se" Deus quisesse nenhuma das suas pessimistas previsões iria acontecer.
Quando, por fim, cheguei aos coentros já só havia salsa e hortelã...

HSC

8 comentários:

Janita disse...

Ó Dra. Helena, é assim que os problemas alheios dão cabo dos nossos intentos e necessidades. E logo coentros, que nesta altura do ano fazem tanta falta para as açordas de alho!!
Os meus já deram semente e estão quase a finar-se, senão...estava servida!!

Se não nos falarmos antes, desejo-lhe um Feliz Natal.

Janita

Anónimo disse...

Ah!...pudesse eu transformar-me num molho de coentros e satisfazer o seu desejo.
Quem sabe o Papai Nöel atenda.
:-))

Anónimo disse...


Helena
Ficou sem coentros, mas a sua conhecida ficou com as suas palavras de animo,força, de certeza que lhe fizeram pensar.Existe muita gente que sofre por anticipação, nem vive o presente com o medo do futuro, penso que com ajuda talvez ultrapassem essa fobia.

Carla

Teresa disse...

Ai que booooom coentros!!! Adoro!! Fazem-me lembrar o Alentejo da minha infância!

Paula Ferrinho disse...

Não se pode sair à rua estes dias, Helena, também padeço desse mal!!
Um Feliz Natal, com tudo de bom, para si e todos os seus!!!!

Anónimo disse...

Vá lá, vá lá... depois desse diálogo, ainda conseguir a salsa e hortelã, nada mau!...

Helena Sacadura Cabral disse...

Anónimo das 18:10
Mas nenhum deles eu precisava. Ao contrário coentros, tenho os meus vasos carregados de salsa e hortelã!

Anónimo disse...

🌷