domingo, 29 de novembro de 2015

A minha amiga é negra

"A minha amiga é negra. Ainda há pouco eu não me lembraria de o dizer. Nesta semana, ela obrigou-me. Claro, não foi do género "olha, escreve lá no teu jornal que sou negra". Foi assim, ela estava a fazer uma coisa solene e ficou de cara levantada - dizia uma jura pública - olhando-nos, olhos nos olhos, a mim e a vocês também. Eu disse-me: está bem, Francisca, eu digo.                              
Ao João, seu irmão, ele morreu há dois anos, eu até já chamei "preto". Ele, o mais cosmopolita dos meus amigos, apareceu-me com uns sapatos a que os americanos chamam spectators. E chamam bem, porque, de couro negro ou castanho e pala branca, os spectators atraem a atenção e só ficam bem a quem os ousa usar. Invejo-os, porque me sei disléxico de alfaiataria. Foi o que talvez me tenha levado a dizer ao João: "Pareces um preto de Nova Orleães..." Ele gostou, olhou para os sapatos e pôs-me a mão no ombro: "São bonitos, não são?" Acho que se permitiu a superioridade, a mão no ombro, porque se aproveitou da minha nítida desvantagem no vestir. Geralmente os irmãos Van Dunem tratam-me com menos sobranceria. Nem tanto por mim, suspeito, mas porque eu fui "o amigo do Zé", o mais velho dos irmãos.       
Eu e o José, jovens, íamos levar doces aos presos nacionalistas, 1968, 1969... Os guardas faziam diferença entre o branco e o preto, desprezavam este e insultavam aquele. Nós regressávamos ao nosso bairro com aquela noção de irmanados que os amigos só criam na infância ou na adolescência. O ter de ser cumprido, a nossa areia vermelha aos pés, o futuro ali à mão, e nem orgulhosos íamos, só juntos. Mas não era bem assim. O nosso risco era igual - e estávamos de peito feito - mas o risco dos nossos não era igual. Em casa dele tinha ficado a dona Antónia, a mãe do Zé, ela é que fazia os bolos e nos mandava entregar. Ela sabia o risco do seu menino e do amigo. Eu partiria para o exílio pouco depois e o Zé seria preso no campo de São Nicolau. Ela não sabia ainda é que a espiral acabaria trágica, que o filho seria assassinado, já pés firmes sobre a praia sonhada, em 1977.         
A dona Antónia vive em Lisboa, tem 93 anos. Ah, com ela eu nunca me permitiria a palavra "negra", nem agora, quando a palavra foi conquistada pela Francisca. Não que a ofendesse, claro. Ela era, assumia e praticava aquilo que era na nossa cidade - negra, o que não era mera circunstância, era condição. Mas para mim a dona Antónia é a senhora, ponto. Às vezes, agora, em Lisboa, quando ia recordar com o João ou falar com a Francisca, eu puxava pelo antigamente dela. Eu deixava ir a conversa, como a dona Antónia a faz, com silêncios, olhos tristes e boca amarga, mas estava sempre a vê-la a entregar-nos o embrulho dos bolos para levarmos à prisão. O pai da família foi sempre sóbrio comigo. Mateus van Dunem passava na rua com o irmão, ambos silenciosos, ambos elegantes, vestidos à funcionário, com gravata, o que era raro no bairro. Eles eram filhos duma derrota - negros luandenses dos anos 1940, 50 e 60. Eu explico o que lhes aconteceu: a República. A República burra, como tantas vezes acontece às coisas boas em Portugal. O alto-comissário Norton de Matos decidiu um erro: substituir a elite angolana, os filhos da terra, os nativistas, os angolenses, por gente ida de Portugal. Não percebeu que o que havia para perpetuar de Portugal em Angola era a gente com quem Portugal se tinha cruzado.                                                                                                          Nas décadas de 1910 e 20, Manuel Pereira dos Santos van Dunem, o pai dos dois irmãos que eu veria juntos tantos anos depois, o avô de Francisca, foi perseguido, preso e desapossado dos bens. Aconteceu o mesmo a outros dirigentes das associações, como a Liga Angolana, encerrada. O jornal dele, O Angolense, foi fechado, tal como a sua tipografia Mamã Tita. Aos filhos de toda essa geração esperariam quase só lugares subalternos de funcionários. Abandonavam as casas tradicionais da Cidade Alta e Ingombotas e foram, afastando-se para os bairros periféricos, como o nosso bairro, o meu e do Zé, São Paulo.                                                                                                      A minha amiga chegou jovem a Portugal, a sua universidade foi a de Lisboa, casou com um açoriano, pariu um português, trabalhou em Portugal, tornou-se portuguesa e continuou negra. Nos anos 1930, a geração do avô de Francisca pagou para que se erigisse um monumento, em Luanda, a Luís Lopes de Sequeira, o crioulo. No século XVII, esse mulato derrotou os reinos de então, numa Angola que não existia. Lopes de Sequeira, cabo-de-guerra, servia Portugal e acabou por fazer Angola, porque sem ele provavelmente ela não o seria. A história capricha nos seus caminhos e da importância destes dirá o que vier.                                                                                                           
Ah,agora compreendo... O olhar de Francisca não queria que eu dissesse que ela era negra, mas que contasse tudo isto."                                                                                                                                                                                                                          
                        Ferreira Fernandes no DN
HSC

À Volta dos Livros

À Volta dos Livros

Se quiser ouvir a minha entrevista com a Ana Daniela Soares, na rtp, clique no link vermelho acima. Espero que me entenda e goste do que ouvir.

HSC

sábado, 28 de novembro de 2015

E agora, claro, as previsões!

Este país que eu amo, é verdadeiramente surpreendente. Hoje passei o almoço a ouvir um grupo de inteligentes que opinvava já sobre as possíveis desgraças do governo empossado há dois dias.
Primeiro havia quem não percebesse porque é que o Ministro das Finanças não era também de Estado como a sua antecessora. Em seguida falava-se que afinal a sobretaxa só não se manteria para pensões e salários muito baixos, porque a classe média, o "grosso" do baralho, teria de continuar a pagá-la e que deveria mesmo ser agravada para rendimentos superiores.
Depois e para compensar o que o governo ia dar criavam-se mais uns escalões de IRS que forneceriam o capital necessário à operação. Finalmente lembraram o Syrisa e a mansidão com que este actualmente se comportava e admitiram que no máximo, "isto" duraria um ano. Ou seja, até quando a Comissão Europeia pedisse algo que os apoiantes não aceitassem e fosse necessário o apoio da direita na oposição.
Tive que desligar o aparelho porque o salmão que tinha no prato, apesar de feito a preceito, começou a avermelhar, quem sabe, envergonhado com as balelas que acabara de  ouvir. Eu estava estupefacta.
Vim para o terraço tomar o café e pensei cá para comigo no que irá esperar António Costa. Oxalá tudo lhe corra bem e a nós também, que bastante precisamos. Mas com mesas redondas deste calibre, ele bem se pode ir preparando, porque são estes os opinion makers de esquerda que lhe irão fazer a cama!

HSC

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Pronto, já está!

Está finalmente empossado o novo governo minoriatário socialista. Espera-se que os diversos contratos/acordos agora assinados com o PCP e o BE, funcionem e Portugal possa, durante quatro anos, fazer melhor que o anterior. Creio que não será difícil!
Entristece, contudo, que o ódio continue - dos dois lados - a imperar. Basta umas leituras dos chamados blogs de direita ou de esquerda para se perceber o azedume que vai pela sociedade portuguesa, mesmo quando os seus autores são pessoas inteligentes e com obrigações especiais pelos cargos que já ocuparam. Vamos esperar para ver, porque só tempo pode ser bom juiz.
Mas no dia de hoje, ser capaz de verter, a jorro, toda a bilis acumulada durante quatro anos surpreende. Então porque o não fizeram antes? Ah! porque antes a coisa era mais arriscada, mais mal vista
A todos estes que esvaziaram, hoje, a vesícula, aconselha-se vivamente uma cura de Pedras Salgadas. Em jejum, faz lindamente!

HSC

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Uma lição de política


Aqui fica uma lição de política, muito oportuna nos tempos que atravessamos no país e no mundo!

HSC

Nota: Visite o novo blog oestadodaarte.blogspot.pt e veja o lado bom da vida!

sábado, 21 de novembro de 2015

O lançamento


Ontem foi o lançamento do meu último livro CAMINHOS PARA DEUS. Tive uma sala a abarrotar de amigos e conhecidos. E tive uma das mais belas apresentações que alguem poderia ter feito do livro, que foi escalpelizado quase folha por folha. Estou profundamente grata ao apresentador por o ter feito. Só eu ou ele, é que poderiamos ter falado daquele modo sobre "este" livro que, aliás, lhe é dedicado.
Foi comovente e eu tive que me conter muitíssimo para não deixar fugir uma lágrima. Mas agradeci da forma mais simples. Lendo um lindíssimo poema, inédito, que o poeta Embaixador Luis Castro Mendes me tinha oferecido e lendo umas palavras poéticas que o Padre Tolentino me tinha dirigido depois de o ter lido.
Ao apresentador, aos dois poetas que referi e aos imensos amigos que encheram a sala de afecto, aqui fica expressa a minha profunda gratidão.

HSC

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Uma questão de amor

Não serei muito ortodoxa nas questões de natureza familiar. Chamo de família a uma multiplicidade de formas de vida que não assentam no tripé pai, mãe, filhos. Sempre assumi essa posição e ainda há bem poucos dias escrevi para a EGOISTA um artigo sobre o assunto. 
Hoje foi aprovada na Assembleia da Republica a adopção de crianças por parte de casais do mesmo sexo. Ela já era possível para apenas um dos membros do casal, o que constituia algo de manifestamente estranho.
Se vivemos num pais em que o casamento de pessoas do mesmo sexo é permitido, julgo que será muito mais importante do ponto de vista afectivo, que uma criança possa estar rodeada do amor de dois pais ou de duas mães, do que viver institucionalizada sem o amor de ninguém.
Sei que esta posição não é politicamente correcta. Sei, também, que essas crianças irão, eventualmente, afrontar a maldade e a discriminação de outras crianças e, até, dos seus pais. Mas prefiro tudo isso - que um dia elas irão compreender - a uma criança reduzida a um número da Segurança Social a viver num orfanato, ou o que lhe queiram chamar, sem um beijo, um abraço, um colo que a ajudem a sentir-se amada!
Por isto tudo, posso perceber que muita gente que eu conheço possa estar muito feliz, não ignorando que muitos outros se possam sentir indignados. É a vida!

HSC

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

A crise do Estado

"...O capitalismo vive uma das suas piores crises, com o empobrecimento de parte da classe média, a morte das indústrias, a alta instabilidade dos mercados e o desemprego crónico elevado. Mas o mundo contemporâneo revela também uma profunda crise do Estado. Muitas profissões lutam hoje pela sobrevivência e estarão amanhã extintas. As democracias afogam-se em impotência e retórica. Pode vir por aí nova vaga de colapsos, desta vez nas economias emergentes, e serão mais uma vez os pobres a pagar as dívidas.
O mandarinato atraiçoa o povo. É incompreensível a eleição sistemática de políticos cada vez mais fracos. As elites mediáticas habitam o mundo da lua, com a sua linguagem de fachada ridicularizando os valores tradicionais e negando o passado. A nossa identidade está a ser perseguida e estilhaçada. Os intelectuais desapareceram ou foram silenciados. A cultura transformou-se na busca do insignificante e a arte tornou-se uma xaropada sentimental que cultiva a bela frase vazia e a lágrima ao canto do olho."

                       Luis Naves in Delito de Opinião

HSC

Voltámos à politica

Depois de uns dias quase completamente dedicados aos actos terroristas praticados em França - dos outros, bem violentos, quase ninguem fala, vá lá perceber-se porquê ... - voltámos á política. À Internacional, com Hollande a avisar que não existem deficites para cumprir, porque há que dedicar à defesa do país tudo quanto for necessário. Ninguém pestanejou ou esboçou qualquer reacção, nem mesmo quando se falou das Nações Unidas e da Nato, instituições que, no actual quadro, se impõem, venham à baila.
Internamente, depois de uns discursos de circunstância pelo drama francês que pode alargar-se a toda a Europa e da eventualidade de uso de armas quimicas, a preocupação central é saber o que vai fazer o Presidente da República quanto ao novo governo. A mim "cheira-me" que se António Costa for empossado, a Nato e as Nações Unidas irão ser um dos pomos de discórdia entre a troika nacional que apoia o governo PS...
Enfim, e em paralelo, sem que quase ninguem dê por isso, os candidatos a Belem tentam dar-se a conhecer. Mas o ruído acerca de tudo o resto é tal, que não conseguimos saber quem é que apoia quem. Enfim, estamos num tempo para jornais e televisões!

HSC

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Medo versus perigo

"O medo não é real. É um produto de ideias que você cria. O perigo, esse é real mas o medo é uma escolha."


Esta frase pertence a um comentador e foi feita num outro blog a propósito dos acontecimentos em Paris. Pareceu-me curiosa e embora não concordando inteiramente com ela, julgo que merece atenção. Em especial no momento que atravessamos
O medo só é uma escolha, quando essa escolha existe, ou seja quando há alternativa. Ora todos nós sabemos que para muitas pessoas não há alternativas. Umas vezes porque são psicologicamente mais frágeis, outras vezes porque não têm a capacidade de perceber que existem outras escolhas. Por mais iguais que a lei nos queira considerar, ela não consegue estabelecer padrões comportamentais do mesmo nível para toda a gente. E, sabe-se, o medo também depende  daquilo que somos no campo social, psicológico e cultural. Há, de facto, pessoas que, infelizmente, não têm a possibilidade de optar porque não estão habilitadas a faze-lo. Para essa pessoas medo e perigo são uma e a mesma coisa, não possuem as ferramentas que lhes permitiriam fazer a distinção.
Felizes aqueles que têm o discernimento, a capacidade psicológica, a vontade e a força para se não confundirem. E, como o medo face ao perigo é inato, cabe a todos os favorecidos por essa aptidão, ajudar e não julgar. Porque só desse modo, estendendo-lhes a nossa mão, eles poderão eventualmente tornarem-se mais capazes e sentirem-se mais fortes!

HSC

Caminhos para Deus


Embora já esteja nas livrarias desde 4 de Novembro, o lançamento oficial irá ser no dia 20 de Novembro, pelas 18h30, no sétimo andar do Corte Inglês.
A apresentação será feita por Paulo Portas, que nessa data já se encontrará apenas em meras funções administrativas. Curiosamente, o primeiro dos meus 25 livros, teve um prefácio lindíssimo assinado pelo Miguel e pelo Paulo. O segundo que publiquei, quando ambos eram ainda pouco conhecidos, foi apresentado pelo Miguel. Fecho agora o ciclo com o Paulo.
Este livro tem características muito próprias e um grau de intimismo que apontava para que fosse eu a falar sobre ele. Ou então teria que ser alguém que me conhecesse muito bem. 
Pensei nos Padres que me acompanharam neste caminho. Mas isso faria supor que o livro se dedicava apenas a católicos. E não é o caso. Trata-se de uma obra sobre espiritualidade. Neste caso, da minha.
Assim, fiquei muito feliz quando o Paulo me disse que gostaria de o apresentar. Porque, ninguém além de mim, estará tão preparado para o fazer. O livro é-lhe, aliás, dedicado porque foi com ele que, mais de perto, percorri o caminho de pedras que me levou até Deus. Por isso julgo que estarei em boas mãos!

HSC

domingo, 15 de novembro de 2015

Se lhes desse para o bem...

Diz-se que Henrique Monteiro, de cujo sentido de humor temos bastantes provas, dizia com frequência - a propósito de noticias de vários dos malandros que pululam esta terra - a frase catalisadora "se lhes desse para o bem"... muito possivelmente as novidades seriam outras.
Ultimamente tenho relembrado esta frase com frequência, nem sei bem porquê. Oiço vagamente as noticias, leio por alto os títulos dos jornais e zás, catrapaz, lá me vem a frase do Henrique à memória. Ele acontece cada uma!

HSC

Paris que eu amo!


Esta imagem foi "roubada" da Home Page do meu amigo Miguel Stanley. Ela representa bem o que hoje sinto por essa lindíssima cidade tão barbaramente atacada e onde fui tão, tão feliz!

HSC

Paris, de luto!


Este é hoje o símbolo de uma cidade enlutada pela violência de que foi alvo. Cidade que todos nós amamos um pouco. E eu, em particular, amo muito!

HSC

sábado, 14 de novembro de 2015

O cerco a Paris


Esta manhã apuraram-se os números da tragédia. Dos sete atentados perpetrados ontem à noite em Paris resultaram 146 mortos, nos quais se incluem 15 terroristas. Destes, oito terão sido abatidos pela polícia. Os restantes sete fizeram-se explodir. Quando terminou a ocupação do Bataclan, a polícia encontrou 87 mortos. Os feridos contam-se por mais de duzentos, dos quais metade se encontra em estado grave. O massacre foi reivindicado pelo ISIS.
Paris é hoje uma espécie de cidade fantasma com as suas portas  fechadas. O comércio, os museus, os cafés, os bares, os cinemas e os restaurantes não funcionam. O resto da capital, os teatros, ginásios, as instalações desportivas e muitos transportes públicos, estão parados.
Londres e Nova Iorque declararam alerta máximo. Julgo que se terá iniciado um ciclo novo no terrorismo, agora muito bem planeado e organizado, para o qual o mundo não estava preparado. Preparou-se, apenas, para a Primavera Árabe. Está aqui o resultado!

HSC

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

O actual momento


A comunicação social deve andar muito satisfeita com o actual momento político, nomeadamente as televisões, que estão cheias de debates e de frente a frentes. Há muito tempo que a animação não era tão grande!
Eu, pacatamente, porque estou cheia de trabalho, dedico o meu parco tempo livre a ver o meu canal de cabo preferido, o Fox Crime. Ali mata-se mesmo a sério, mas, ao menos, os os assassinos são sempre apanhados.
A Fox, que deve estar com falta de imaginação e talvez, quem sabe, de dinheiro, vai repetindo os filmes e as séries que tem pelos seus diversos canais, o que, por vezes, torna os programas altamente repetitivos. Mas é o que há!
No Fox Crime também acontecem as repetições. Mas felizmente têm aparecido umas novas séries excelentes. Destaco VERA e LEWIS que são de alta qualidade. A primeira já acabou, mas a segunda ainda está a decorrer e eu não perco um episódio.
Na RTP tivemos uma série notável, BORGEN, mas já terminou. Felizmente na RTP Memória estão a repôr os Poirot mais antigos e é com eles que me tenho deliciado. Tanto, que nem me dou conta do actual momento, que, dizem-me, está muito agitado e tenso. 
A mim, então, um crimezinho desvendado, é garantia de que nem não escuto o mundo à minha volta. O que me tem trazido uma profunda serenidade. Abençoados sejam... pela calmia e distração que proporcionam. Pelo menos, à autora destas linhas!

HSC

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

PAN

André Silva, o deputado eleito pelo PAN, estreou-se no Parlamento com oito questões. Ouvidas as respostas votou a moção de rejeição. Mas, para memória futura, teve o cuidado de esclarecer, não fosse alguém olvidar, que:

"O PAN não votou contra um Governo de direita, o PAN votou contra um programa de Governo que não vai de encontro aquilo que são os nossos valores e os nossos princípios", afirmou André Silva aos jornalistas à saída do plenário, acrescentando que esta posição vai para além do partido se categorizar de esquerda ou de direita."

Estamos esclarecidos. Falta saber o que acontecerá à águia do Benfica, ao leão do Sporting e às touradas de Barrancos. Estou preocupada com os seus futuros!

HSC

A politização da mente e da alma

Portugal foi, durante muitos anos, um país apolitizado. O que não admira dadas as circunstâncias em que viviamos, sob a batuta de Salazar e posteriormente de Caetano.
Volvidas quatro décadas de revolução dos cravos, a politização das mentes e das almas é um dado adqurido. Todos opinam sobre tudo, todos sabem como "fariam ou como devia se feito", todos criticam e zurzem os que não praticam o mesmo credo. Pensar livremente passou a ser algo de muito mal visto, porque a norma é pertencer a um partido e pensar como ele. Dizer-se o que se pensa, e não querer pertencer a nenhuma seita partidária, nalguns casos chega mesmo a ser considerado crime...
De analfabetos passámos a tudólogos. E quando se abre a televisão, o que se pergunta é como se tornou possível dizer tanto disparate - sobretudo na área económico e financeira - em tão pouco tempo e ninguém reagir!
De facto, deve ser esta espécie de lavagem cerebral que a politica, qualquer que ela seja, faz às pessoas, através do que se convencionou chamar de disciplina partidária. É uma pena!

HSC

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

James Bond: shaken, not stirred



Confesso já. Não perco os filmes de James Bond, qualquer que seja o seu interprete. Nada a fazer. E nenhuma vontade de ser diferente.
Assim sendo, decidi ir à estreia do Spectre o  último filme do 007, interpretado por Daniel Craig, esse felizardo marido, na vida real, de uma excelente actriz chamada Rachel Weisz.
O filme não é melhor que o anterior. Mas conta com cinco minutos iniciais, que valem pela fita inteira. Por isso, aconselho a que todos os "bondistas" cheguem a tempo aos seus lugares...
A história não difere muito das precedentes e Craig continua também a ser o mesmo pedaço de mau caminho, com aquele seu ar de rural citadino, homem encorpado, que mais parece ter nascido na Baviera do que em Chester onde em 1968 viu a luz do dia!
A película - mesmo para o género - tem cerca de meia hora a mais. Devia ficar apenas nos 120 minutos e já era dose bastante. Mas, como sempre, vale a pena ser vista, porque é uma forma de filmar o suspense que mantém "entretido" o espectador que não vai ali à procura de altas filosofias. E isto apesar de ter deixado de enfatizar a célebre frase do seu protagonista, ao pedir um gin shaken, not stirred.
Se fosse o Prof Marcelo e desse classificações diria que, num universo de 0 a 5, a nova película de Bond se situaria nas 3,5 estrelinhas!


HSC 

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Era uma vez o Indy


Ontem numa Fnac a abarrotar de gente - tanto gosto que tive em rever alguns rostos! - foi lançado o livro de Filipe Santos Costa e Liliana Valente, sobre o antigo semanário Independente.
Os apresentadores foram João Miguel Tavares e Ricardo Araújo Pereira. A escolha foi perfeita, já que se considera que um está à direita (?) e o outro está à esquerda (?) do chamado espectro partidário. Cada um deu, a seu jeito, a visão de um jornal, de uma história política, de uma época e de dois homens que, para o bem  e para o mal, agitaram as mansas águas da época.
Eu, feliz ou infelizmente, vivi essa época de forma bem diferente daqueles que fizeram o Indy e daqueles que o compravam. Com efeito, a visão daquela realidade, pelos olhos da mãe de um dos directores daria, creiam, só por si, um outro livro. Cheio de risos, seguramente, mas também com alguma dor à mistura. Foi um período bastante duro, sobretudo porque as fúrias de algumas pessoas recaíam sobre mim, que para além do laço familiar só lá tinha posto dinheiro.
Com efeito, as duas únicas vezes em que fui accionista do que quer que fosse, foram meras provas de amor maternal, dado que também fui accionista do JÁ, o outro jornal, do outro filho, o Miguel.
Voltando ao livro que irei ler atentamente, algo vos posso confessar: ontém, tantos anos volvidos, percebi melhor o que foi o Indy, o ambiente que nele se viveu e a gente que lá militava. O que me fez recuar alguns anos e sentir que tinha rejuvenescido sem precisar do bisturi!

HSC

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Estado da Arte


Iniciei, hoje, um novo blogue intitulado Estado da Arte, que pode ser encontrado em oestadodaarte.blogspot.pt. Para ele reservarei os assuntos que me interessam e que nada terão a ver com o mundo da política. Será, portanto, algo mais pessoal. E talvez possa dizer que tentarei escreve-lo ao sabor diarístico, de que tanto gosto.

HSC

Bons conselhos!


Tem graça e é útil!

HSC

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Autopromoção...

Amanhã, dia 4 de Novembro, estarei com a Cristina Ferreira e o Manuel Luis Goucha, na TVI, para falar dos meus CAMINHOS PARA DEUS, livro que neste dia também começa a ser vendido nas livrarias.

HSC

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

O meu amigo Zeto


Vou, aos poucos - e como é natural -, perdendo os meus amigos. Agora foi o José Fonseca e Costa a quem me ligava um amizade de mais de cinquenta anos. Sempre nos uniu um sentimento muito especial que podia, em certa altura, ter-se tranformado noutro tipo de relação, se ambos não tivessemos a plena consciência de que se tal acontecesse, iriamos perder esse conluio que tinhamos, essa cumplicidade ora feita de palavras, ora feita de silêncios, ora feita de gestos de ternura.
Realizador de profissão, jurista que não chegou a ser, o Zeto era, sobretudo, um contador de histórias e um homem de amores, por quem muitos corações femininos se perderam.
Meu amigo e amigo dos meus dois filhos por igual, o Zeto - como eu lhe chamava -, era um anti sistema, um observador da sociedade, um militante de causas, que entrou e saiu do PCP, enfim, alguém cuja ausência e permanente irreverência me vai fazer muita falta.

HSC