quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Como disse?!

Consta - para mim esta é a frase que melhor define a política - que o Novo Banco tpoderá arrastar o défice para 7,2%. 
Porém e para espanto da economista que ainda penso ser, os governantes vêm dizer-me que este défice de 7,2% representa um mero registo contabilístico.
Ou eu já nada sei, ou vejo-me forçada a fazer três simples perguntas:
Como disse? 
Pode repetir?
Terei eu ouvido bem?!

HSC

8 comentários:

Anónimo disse...

Pois é Dra.Helena, e se a Sra não nos consegue explicar, temo que os políticos também não.
Maria Fernanda Henriques

O Puma disse...

Nem todos os Coelhos são iguais

Anónimo disse...

Mesmo com todos estes malabirismos e manipulações vão ganhar. Como é possível!!!!!

Paulo Abreu e Lima disse...

Helena, agora quem não percebeu as suas questões fui eu. Este défice não é estrutural, é conjuntural. Se o governo tivesse vendido o NB até um ano depois da constituição do fundo de resolução, não aparecia nos registos das Contas Nacionais - houve quem, inclusive, questionasse qual era a pressa em vendê-lo. Uma vez que não foi vendido nas condições desejadas, teve de ser feito o registo contabilístico desta despesa sem ser feito o registo da sua contrapartida real, o NB. Se acaso este valor fosse relevante, acha que a Standard & Poor's subiria o nosso rating e as taxas a 10 anos permaneciam inferiores a 2,5%? Diga-me que foi uma provocação sua...

Helena Sacadura Cabral disse...

Meu caro Paulo
1. O Fundo constituiu-se com um empréstimo feito pelo Estado, visto que à altura da decisão de recorrer a ele o mesmo não se encontrava ainda abastecido.
2. Claro que o Estado recebe juros por este empréstimo, mas o dinheiro alocado ao mesmo poderia ter destinos mais urgentes.
3. Não se vendendo o Novo Banco todas as instituições de crédito se vão ressentir, em particular a CGD, o banco público. Logo, aqui não haverá distribuição de dividendos e o Estado assume a parte da dívida da CGD.
4. Os outros bancos, que estão a pagar juros altos pelo empréstimo que lhes foi concedido vão tentar ressarcir-se por outras vias, encarecendo todos os serviços que prestam aos clientes, com consequências gravosas para os pequenos depositantes que sendo obrigados a receber o salário via banco, pagam enormidades por manutenção de conta.
5. Tudo isto terá consequências no comportamento do mercado interno a nível individual e empresarial.

Logo, não se trata de uma mera operação contabilística. Dela resultarão consequências. O governo não deve dizê-lo, porque assume, pelo menos, através da CGD uma dívida. Que não é pequena e representa perto de 25% do valor emprestado ao Fundo de Resolução.
E creia que fui mansa na análise. Se ela fosse mais fina iriamos ainda descobrir outros atalhos escondidos. Mas isto digo eu que possivelmente já esqueci tudo o que os economistas aprenderam no meu tempo....
Abraço

Paulo Abreu e Lima disse...

Amiga Helena, mas aqui já estamos a falar de uma outra coisa: a forma como o governo e o BdP lidaram com a insolvência do BES e não do valor contabilístico do défice e as suas consequências para os défices futuros.

Na minha opinião foi muito mais bem delineada do que no caso BPN. Uma renacionalização teria custos inimagináveis para toda a economia e uma insolvência seria o fim do sector bancário. Mas não vamos ser mansos - até porque aqui nenhum dos dois é :) O NB está em boas mãos com a gestão de Stock da Cunha e é apenas uma questão de tempo para o vender por um preço aceitável, isto é, próximo de 4900M€ (mesmo contando com uma recapitalização que pode ser assumida pelos actuais bancos accionistas). Ou seja, quanto menor a "menos-valia", menor o prejuízo da CGD, menor o seu reflexo em défices futuros (por essa mesma razão não foi vendido antes). A ver vamos. Agora, não se pode dizer simultaneamente por um lado qual era a pressa em vender o banco e depois dizer que não foi vendido a tempo e a bom preço. Uma palavra para os lesados do BES: quem os enganou, foi o governo e o BdP ou o antigo BES? Vão recorrer à justiça contra quem? Contra quem os burlou, os responsáveis do BES/GES.
Abraço

Helena Sacadura Cabral disse...

Paulo
No caso BES julgo que CMVM pode, se quiser, saber quem são os "verdadeiros lesados" do BES. Porque há quem tenha sido enganado e há quem tenha feito aplicações de risco. Estas últimas, a meu ver, são responsabilidade dos próprios.
Quanto ao NB também eu não compreendo a pressa em o vender. Mas não estou tão segura - quanto você me parece - que, com mais tempo, se venda melhor, porque em um ano desta gestão os resultados não são brilhantes. E, depois de toda a história da venda gorada, quem são os compradores que se vão aproximar dos 4,9 bi?!
Ao contrário de si, não creio que o defice, por causa disto, se mantenha nos 2,7% como o governo quer. É que continuo a entender que as consequências não são apenas contabilísticas.
E não entrei com o ano de 2014 que ainda pode trazer surpresas. Mas essa não é análise para aqui, por ser demasiado técnica...
Abraço

Paulo Abreu e Lima disse...

Olhe, nem de propósito quanto ao défice, saiu ontem:

A Fitch prevê que uma recuperação económica moderada vai ajudar a reduzir o défice orçamental para ligeiramente abaixo dos 3% do PIB (produto interno bruto) em 2015, depois dos 7,2% em 2014