Ana Hatherly, a pintora das palavras

Aos 86 anos, morreu Ana Hatherly, uma das personagens mais curiosas da cultura portuguesa que me foi dado conhecer. 

Ana Hatherly teve uma formação ecléctica e um percurso intenso e multifacetado. Nasceu no Porto em 1929. Teria 47 anos quando foi convidada a participar na mais importante bienal de artes plásticas do mundo – a de Veneza. Três décadas depois ganharia o Prémio da Crítica 2003 pelo livro O Pavão Negro editado pela Assírio & Alvim.

Licenciada em Filologia Germânica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, fez estudos cinematográficos na London Film School e doutorou-se em Literaturas Hispânicas na Universidade de Berkeley. 

Foi ainda professora na Escola de Artes Visuais Ar.Co, na Escola Superior de Cinema e no Departamento de Literatura Portuguesa da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Destacou-se como investigadora do barroco, como ensaísta, escritora e tradutora, mas talvez seja sobretudo reconhecida como artista plástica.

É uma perda para a Cultura portuguesa que, estranhamente, foi pouco destacada pela comunicação social.

HSC