terça-feira, 14 de outubro de 2014

A Mística do Instante


Ando numa faina de lançamentos. Há dias foi a Patricia Reis, hoje Tolentino de Mendonça, amanhã será Alice Vieira e a 2 de Dezembro serei eu. Não falto aos meus amigos na hora do parto porque - não sendo escritora mas escrevendo -, sei que um ivro é um trabalho muito solitário, que necessita duma explosão de amizades quando vê a luz do dia.
A Mística do Instante é um ensaio filosófico. Tolentino, que é um homem que não só gosta de contrastes, mas também de estabelecer pontes com os outros - pensem estes como ele ou não -, escolheu para apresentar o seu livro o jornalista Carlos Vaz Marques, um declarado agnóstico.  O qual fez uma polémica  apresentação de que eu gostei muito, mas que deve ter soado a música dodecafónica a alguns ouvidos menos preparados.
A tarefa não podia ser fácil, como se depreende. Tolentino falou de mística e serviu-se dos nossos cinco sentidos para abordar a nossa relação com Deus e Carlos Vaz Marques serviu-se desses mesmos cinco sentidos para falar de paixão, erotismo e temporalidade.
E todos ficámos com a impressão - pelo menos, eu fiquei - de que, apesar das diferenças, ambos falavam do mesmo, desse ser humano cuja grande aventura é, afinal, viver!

HSC

12 comentários:

TERESA PERALTA disse...


Os livros do Padre Tolentino ajudam a estabelecer pontes com os outros e com a própria vida. Para mim, são sempre obrigatórios… E, a propósito do titulo deste, deixo-lhe aqui um poema que gosto muito e que foi escrito por um amigo que tive e que por acaso também foi dele:

"o que não sabe sentar-se
na soleira do instante
e não varre os miasmas
que assombram o presente do passado
o que não é capaz
de se arrimar a um bordão
a um ponto fixo
sem vertigens nem medos
esse nunca saberá o que é a paz
serena e iluminada
de estar-com"
José Augusto Mourão (12/06/1947-05/05/2011)

Querida Helena e "como quem não quer a coisa" referiu aqui o dia de "baptismo" do seu novo filho. Vou já escrever na agenda.
Não pense que me escapa... :)
Beijinho para si :)


Anónimo disse...


Bom dias Helena!
Vai ser um livro, que também vou querer ler.
Só o simples facto, de escolher um ateu, para apresentação do seu livro, revela uma grande sabedoria.
Aceitar a contradição sem juízo critico, admiro pessoas, que sabem respeitar a opinião alheia.
A ponte entre a palavra do Padre Tolentino e as do jornalista fazem a aliança que talvez, todos nós necessitamos.
O que importa, é viver nesta vida cheia de adversidades, o melhor que pudermos, saber aproveitar o tempo, o presente.

"Acredito que o objetivo da nossa vida seja a busca da felicidade. Isso está claro. Quer se acredite em religião ou não, quer se acredite nesta religião ou naquela, todos nós buscamos algo melhor na vida. Portanto, acho que a motivação da nossa vida é a felicidade."

Dalai Lama

Vou fazer tudo, para ir ao lançamento do seu livro :)
Ontem ,ouvi a entrevista com Lídia Franco, uma entrevista enriquecedora,fez durante anos análise, conhecer algo tão intímo, estes pormenores e de outras personalidades que já confessaram o mesmo, ajuda-nos a compreender, que todos temos as nossas fragilidades, que não somos os seres fortes, que muitas vezes queremos transmitir.`
É, aqui que estas entrevistas nos ajudam tanto...

http://www.youtube.com/watch?v=dalnwuqT3tc

Carla

Helena Sacadura Cabral disse...

Teresa
Não é 2 de Novembro. É 2 de Dezembro, quando o meu filho já andar...

Anónimo disse...

«O perfume é uma expressão de consolação, onde a
vida se celebra. É uma outra forma de júbilo. É um
louvor sem palavras, uma melodia intensíssima que
ouvimos na transparência, sem recorrer à audição.»
José Tolentino Mendonça, in A Mística do Instante

bea disse...

Gosto da escrita de José Tolentino de Mendonça. Só por gostar, não por ser moda. No único livro que li do autor verifiquei que domina magistralmente os conceitos religiosos e os traz para a rua com gosto e alguma sabedoria.

A apresentação deve ter sido a preceito, admiro qb Carlos Vaz Marques. Gosta-se mais do mundo se for diverso.

Não me interessa nada se os escribas são religiosos ou ateus. A religião por si mesma não valora, embora nalguns casos, indicie.

Anónimo disse...

Dia 2 de Dezembro, onde, se possível saber?

Xi Coração disse...

Cara HSC boa noite. Curiosidades ...não é que hoje num pacote de açúcar reparei na foto da capa do livro do JTM e numa frase que dizia" o Inverno conspira para que surjam inesperadas flores"???

E agora leio este seu post .
O Padre J Tolentino é um ser humano fabuloso.
Bem haja

Anónimo disse...

Cara HSC, obrigado pelo comentário. Permita-me apenas uma pequena correcção: "agnóstico", não "ateu".
Cumprimentos.
Carlos Vaz Marques.

Anónimo disse...

«A vida é o imenso laboratório
para a atenção, a sensibilidade e o espanto que nos
permite reconhecer em cada instante, por mais precário
e escasso que este seja, a reverberação de uma fantástica
presença: os passos do próprio Deus.»
José Tolentino Mendonça, in A Mística do Instante

Helena Sacadura Cabral disse...

Caro Carlos Vaz Marques
Vou alterar. Mas ando sempre nessa dúvida imensa entre agnóstico e ateu, pese embora conhecer o que se diz diferencia-las.
Pelo que sei - e é pouco! - o ateu não acredita na existência de Deus e o agnóstico exclui o "absoluto" da competência da nossa razão.
Às vezes fico baralhada com a distinção, confesso. Mas aqui, perante o seu esclarecimento, não tenho qualquer dúvida em substituir. E dizer-lhe não só que gostei muito de o ouvir como considero S. João da Cruz e a sua Noite Escura da Alma, uma notável e habilíssima escolha, que só abona a seu favor!

Anónimo disse...

Senhora,só um breve instante,para lhe desejar um bom fim de semana.

Ambrósio

Anónimo disse...

«A vida é o imenso laboratório
para a atenção, a sensibilidade e o espanto que nos
permite reconhecer em cada instante, por mais precário
e escasso que este seja, a reverberação de uma fantástica
presença: os passos do próprio Deus.»
José Tolentino Mendonça, in A Mística do Instante