No Japão

Não costumo contar aqui episódios de vida profissional, embora eles dessem para escrever um livro. Mas, ao fazer a habitual visita diária ao blogue de Francisco Seixas da Costa, o seu post de hoje remeteu-me para um episódio cómico que se passou comigo no Japão, na primeira vez que lá passei.

Há uns anos fui encarregada de chefiar uma missão que ia celebrar um acordo . Comigo iam mais oito pessoas credenciadas. Na altura os aviões não eram como hoje e a viagem era ainda mais longa e cansativa. 

Mal pus pés no aeroporto ouvi alguém chamar pelo meu nome a fortes pulmões. Ainda não refeita do voo, não percebi quem por de trás de mim me abraçava efusivamente naquela longínqua terra. Era um grande amigo que estava expatriado a trabalhar numa firma nipónica. Trocámos contactos e esperei ver alguém que nos aguardasse. De facto, instantes passados apareceu um senhor que se encaminhou para nós perguntando pelo Dr Sacadura Cabral. Estava criado o impasse quando ele percebeu que era eu que chefiava a missão e não um homem.

Chegados ao hotel, o elemento da Embaixada portuguesa que se havia juntado a nós, explicou que o problema advinha de nos festejos da missão estar prevista a ida a uma casa de gueixas e que tal não seria possível, pelo que eles teriam que reorganizar o programa.

Aí fui eu que disse ao senhor que já tinha conhecimento prévio do programa e que desejava que ele se mantivesse exactamente como previsto.

A aflição do japonês - economista como eu - era evidente, por mais que eu lhe dissesse que queria, mesmo, fazer essa visita. Devo ter sido tão incisiva que o diplomata não teve outro remédio que não fosse respeitar a minha decisão. E foi assim que tive oportunidade de penetrar nesse nicho apenas reservado ao sexo masculino.

Um dia hei-de contar como decorreu essa visita, a forma como o nosso Embaixador nesse país se comportou e a partida que o administrativo que tratou da viagem me pregou. Mas isso fica par um novo post... porque vale a pena!

HSC