Deficit comunicacional

É público que este governo tem um deficit de comunicação atroz. Atravessando um período de crise profunda deveria ter a máxima atenção a este "pormenor" de agenda. Parece que terá inicialmente tido, quando decidiu ir buscar ao estrangeiro um especialista na área. Mas todas as medidas que, desde então, foram tomadas constituíram um insucesso. Desde os briefings, cuja morte nunca foi explicada, que nesta área nada se salva.

Vem isto a propósito da frase que o Dr. Passos Coelho acabou por tornar realidade, quando aconselhou os jovens desempregados a saírem e procurarem lá fora o que aqui dentro não encontravam. Desde que foi proferida, tem servido para desvalorizar qualquer melhoria estatística que se registe, nomeadamente no desemprego. Ainda esta semana, e uma vez mais, ela foi utilizada para denegrir os últimos resultados estatísticos conhecidos.
Pareceria, assim, indispensável explicar ao país o que realmente aqueles números significam. O ministro Poiares Maduro foi ontem à televisão. Falar, acreditei eu, sobre o "inverno demográfico". Resolvi esperar e ouvir o especialista. Ouvir, ouvi. Perceber o que queria, é que não percebi. Ora se eu, na minha mediania, não percebi o que ele dizia, é muito provável que isso tenha acontecido com outros. É a esta situação que apelido de deficit comunicacional. E a responsabilidade, neste caso, não é da Troika...

HSC