Não tenho nada contra Mario Soares. Pelo contrário julgo que ele evitou uma perigosa deriva ao país. Mas houve quem registasse afirmações suas quando era poder e o país atravessava uma crise financeira grave. São tão oportunas que vale a pena lembra-las.
E tal não significa que goste ou apoie este governo. Não apoio nem gosto. Mas isso não quer dizer que preconize, na avaliação política, dois pesos e duas medidas!
Aqui fica um apanhado, que me foi enviado, de afirmações proferidas por Mario Soares. É fácil comprova-las.
DN, 27 de Maio de 1984
“Os problemas económicos em Portugal são fáceis de explicar e a única coisa a fazer é apertar o cinto”
DN, 01 de Maio de 1984
“Não se fazem omoletas sem ovos. Evidentemente teremos de partir alguns”.
“Quem vê, do estrangeiro, este esforço e a coragem com que estamos a aplicar as medidas impopulares aprecia e louva o esforço feito por este governo.”
JN, 28 de Abril de 1984
“Quando nos reunimos com os macroeconomistas, todos reconhecem com gradações subtis ou simples nuances que a política que está a ser seguida é a necessária para Portugal”.
RTP, 1 de Junho de 1984
“Fomos obrigados a fazer, sem contemplações, o diagnóstico dos nossos males colectivos e a indicar a terapêutica possível”.
RTP, 1 de Junho de 1984
“A terapêutica de choque não é diferente, aliás, da que estão a aplicar outros países da Europa bem mais ricos do que nós”
“Portugal habituara-se a viver, demasiado tempo, acima dos seus meios e recursos”.
“O importante é saber se invertemos ou não a corrida para o abismo em que nos instalámos irresponsavelmente”.
JN, 28 de Abril de 1984
“[O desemprego e os salários em atraso], isso é uma questão das empresas e não do Estado. Isso é uma questão que faz parte do livre jogo das empresas e dos trabalhadores (…). O Estado só deve garantir o subsídio de desemprego”.
“O que sucede é que uma empresa quando entra em falência… deve pura e simplesmente falir. (…) Só uma concepção estatal e colectivista da sociedade é que atribui ao Estado essa responsabilidade.
RTP, 1 de Junho de 1984
“Anunciámos medidas de rigor e dissemos em que consistia a política de austeridade, dura mas necessária, para readquirirmos o controlo da situação financeira, reduzirmos os défices e nos pormos ao abrigo de humilhantes dependências exteriores, sem que o pais caminharia, necessariamente para a bancarrota e o desastre”.
“Pedi que com imaginação e capacidade criadora o Ministério das Finanças criasse um novo tipo de receitas, daí surgiram estes novos impostos”. 1ª Página, 6 de Dezembro de 1983
DN, 19 de Fevereiro de 1984
“Posso garantir que não irá faltar aos portugueses nem trabalho nem salários”.
RTP, 1 de Junho de1984
“A CGTP concentra-se em reivindicações políticas com menosprezo dos interesses dos trabalhadores que pretende representar”
Der Spiegel, 21 de Abril de 1984
“A imprensa portuguesa ainda não se habituou suficientemente à democracia e é completamente irresponsável. Ela dá uma imagem completamente falsa.”
“Basta circular pelo País e atentar nas inscrições nas paredes. Uma verdadeira agressão quotidiana que é intolerável que não seja punida na lei. Sê-lo-á”. RTP, 31 de Maio de 1984
La Republica, 28 de Abril de 1984
“A Associação 25 de Abril é qualquer coisa que não devia ser permitida a militares em serviço”
Correio da Manhã, 29 de Outubro de 1984
“As finanças públicas são como uma manta que, puxada para a cabeça deixa os pés de fora e, puxada para os pés deixa a cabeça descoberta”.
JN, 28 de Abril de 1984
“Não foi, de facto, com alegria no coração que aceitei ser primeiro-ministro. Não é agradável para a imagem de um politico sê-lo nas condições actuais”
RTP, 1 de Junho de 1984
“Temos pronta a Lei das Rendas, já depois de submetida a discussão pública, devidamente corrigida”.
6 de Junho de 1984
“Dentro de seis meses o país vai considerar-me um herói”.
HSC