Grande parte dos que me lêm devem conhecer a excelente série televisiva "The Good Wife". Trata-se de uma ficção baseada num caso real, o do Governador de New York, Eliot Spizer que teve de se demitir por causa de um affaire com uma prostituta e a quem sua mulher Silda não abandonou.
Como não os abandonaram outras mulheres traídas pelos seus maridos. É o caso Anne Sinclair relativamente a DSK, de Huma Abedin - a poderosa assessora de Hillary Clinton - face a Anthony Weiner, que teve de demitir-se do Congresso por enviar a algumas jovens fotos eróticas. A própria Hillary também não abandonou Bill.
Num jantar em que estive, no estrangeiro, discutia-se se a série não deveria chamar-se antes " A esposa idiota", tal a variedade de posições dos convidados. Estive calada - a vida já me ensinou muito - mas a conversa fez com que pensasse no que eu própria faria se me visse em tais condições.
É que as pessoas são muito complexas - aquela amostra do jantar tornava isso muito claro - e sobre estas matérias vale a pena pensar bem antes de responder. Porquê?
É que por detraz de tanta abnegação podem esconder-se outros objectivos, desde vantagens na própria carreira política, até ao usufruto das mordomias que, por norma, um marido rico proporciona. Ou, até, quem sabe, privilégios como aqueles de de que disfrutava Danielle Miterrand que conhecia perfeitamente a vida dupla do consorte, mas não o deixou.
Depois há "esposas dependentes" que só se sentem realizadas quando, por fim, se convertem no suporte de um marido vilipendeado, e após anos de desprezos e segundos planos. Ou ainda as "esposas cegas" como a do expresidente israelita Moshe Katsav, condenado por violação e que continua a seu lado. Ou mesmo Maria Shriver, que só quando viu a semelhança do garoto da empregada doméstica com Arnold resolveu divorciar-se, após anos de infidelidades sucessivas.
Ou ainda a "esposa companheira" e cumplice que o é muito antes de ser amante e enamorada. Ou mesmo a "esposa generosa" que tudo perdoa e parte do zero cada vez que é atraiçoada. Calculam, portanto, a variedade de opiniões...
Depois de tudo isto que viera a propósito da série e de um artigo da jornalista Uriarte publicado recentemente no suplemento Mujer Hoy, lembrei uma crónica da mesma jornalista, que abordava a questão dos "Bons Esposos" e referi-me ao político Peter Robinson que apoiou a sua mulher Iris, deputada que o terá enganado com um jovem quarenta anos mais novo que ele...
No fim, concluiu-se que o problema residia no facto de haver muito mais boas esposas do que bons maridos!Justíssimo...
HSC
Como não os abandonaram outras mulheres traídas pelos seus maridos. É o caso Anne Sinclair relativamente a DSK, de Huma Abedin - a poderosa assessora de Hillary Clinton - face a Anthony Weiner, que teve de demitir-se do Congresso por enviar a algumas jovens fotos eróticas. A própria Hillary também não abandonou Bill.
Num jantar em que estive, no estrangeiro, discutia-se se a série não deveria chamar-se antes " A esposa idiota", tal a variedade de posições dos convidados. Estive calada - a vida já me ensinou muito - mas a conversa fez com que pensasse no que eu própria faria se me visse em tais condições.
É que as pessoas são muito complexas - aquela amostra do jantar tornava isso muito claro - e sobre estas matérias vale a pena pensar bem antes de responder. Porquê?
É que por detraz de tanta abnegação podem esconder-se outros objectivos, desde vantagens na própria carreira política, até ao usufruto das mordomias que, por norma, um marido rico proporciona. Ou, até, quem sabe, privilégios como aqueles de de que disfrutava Danielle Miterrand que conhecia perfeitamente a vida dupla do consorte, mas não o deixou.
Depois há "esposas dependentes" que só se sentem realizadas quando, por fim, se convertem no suporte de um marido vilipendeado, e após anos de desprezos e segundos planos. Ou ainda as "esposas cegas" como a do expresidente israelita Moshe Katsav, condenado por violação e que continua a seu lado. Ou mesmo Maria Shriver, que só quando viu a semelhança do garoto da empregada doméstica com Arnold resolveu divorciar-se, após anos de infidelidades sucessivas.
Ou ainda a "esposa companheira" e cumplice que o é muito antes de ser amante e enamorada. Ou mesmo a "esposa generosa" que tudo perdoa e parte do zero cada vez que é atraiçoada. Calculam, portanto, a variedade de opiniões...
Depois de tudo isto que viera a propósito da série e de um artigo da jornalista Uriarte publicado recentemente no suplemento Mujer Hoy, lembrei uma crónica da mesma jornalista, que abordava a questão dos "Bons Esposos" e referi-me ao político Peter Robinson que apoiou a sua mulher Iris, deputada que o terá enganado com um jovem quarenta anos mais novo que ele...
No fim, concluiu-se que o problema residia no facto de haver muito mais boas esposas do que bons maridos!Justíssimo...
HSC
11 comentários:
Cara Helena,
A sua caracterização está fenomenal e é bem reveladora que há muitos tipos de “mulher traída” e não se importa de o ser, embora pelas mais variadas razões.
É um assunto que não concebo aceitar (nem em sonho!) e denota falta de orgulho próprio. No entanto, quando é à escala de mulheres que, infelizmente, não têm posição social ou económica para mandar os “queridos” maridos dar uma grandessíssima volta, é uma coisa... mas já não é desculpável esse comportamento na Hillary Clinton, Maria Shriver ou Anne Sinclair porque ficaram com a vida exposta a nível mundial (e, diga-se em abono da verdade, nenhuma delas tem um marido que valha a pena!).
Isabel BP
P.S. A série é excelente!
Um dia escreveram-me algo como:" Às vezes as pessoas separam-se fisicamente, mas continuam complexamente ligadas à sua própria história. E os filhos, por norma, são o fio invisível a que se recorre para manter esses laços imperceptíveis."
As pessoas são gregárias e habituam-se a um certo comodismo.
Depois de uns tempos, a biologia sobrepõem-se à rotina e prega partidas destas.
Mas as famílias lá estão, dependentes e interesseiras, para cobrar a mesma dependência e acenar com o mesmíssimo interesse.
Negócios de vida; contratos.
Miserabilismos humanos, porque todos somos falíveis e, na maior parte, somos mesmo é básicos.
Se auto-estima, dignidade e orgulho fossem mais estruturais em cada indivíduo, muita hipocrisia se evitava.
Assim sendo..., o mundo continua sorrindo e suspirando, entre as boas esposas e os excelentes maridos.
Laura Maria
Helena,
Minha Amiga,voce postou aqui assunto para o diabo rir. A ideia de posse de monogamia afecta ao casamento e de infidelidade, etc(lembro-me sempre de Madame Bovary nesta questao)nunca me afectou minimamente. Quando era confrontada com o ciume e duvida(atroz para mim)do pai dos meus filhos meu dilecto e pouco inteligente primeiro marido, apesar dos diplomas que orgulhosamente diziam que o homem tinha frequentado estudos superiores, o que prova que nao servem para nada em questoes emocionais, eu respondia:
"Esta descansado antes de o fazer eu aviso" e dava como encerrada a conversa.
Este ee assunto que vem desde a lei Mosaica ate aos nossos dias,o Moises era um grande liberal e um grande safado, convinha-lhe a fornicacao assim como convem a muitos homens e mulheres, no entanto para mim aqueles que nao o fazendo na pratica, por razoes varias, (precisava aqui do Prof Julio Machado Vaz)o sonham e cobardemente o praticam na relacao quotidiana com seus pares (penso que me expliquei) saos os verdadeiros infieis e traidores.
Da frase"lavado e enxuto fica como novo" eu acho um piadao e por aqui continuava, mas afinal que o comentario ja vai longo nao foi o proprio Jesus que disse," o que esta puro entre voz que atire a primeira pedra" Oh Madalena! vale-nos aqui filha.
Grande beijinho para Si que escreveu um texto tao polemico e tao giro.
Abracos
Ah,ah,ah!
É verdade!
Quanto à série,é mesmo boa!
A protagonista é um prodígio de interpretação!
Ora, aqui está um assunto que me impressiona, sempre que vejo o DSK com o braço no ombro da "sua" goodwife... suspeito que nada de bom une duas pessoas em que uma se presta a um papel tão vergonhoso e hulmilhante como o de se manter ao lado do homem que a humilha e desrespeita tão violentamente. O amor dignifica, ilumina...não não compreendo.Perdoamos, amamos para sempre, não acredito que se odeie quem já tanto se amou, mas a desilusão interrompe o caminho, ninguém consegue ultrapassar a desilusão. Esta é como a bomba atómica, destroi tudo, recupera-se após um longo e sempre doloroso processo de reconstrução, o amor é agora outra coisa, doce recordação, ternura, mas sempre passado... Ver a mulher do DSK ao lado dele provoca-me náusea e arrepios...até penso, obscuramente, perdoeem-me a maldade que se por detrás de um grande homem está sempre uma grande mulher, quem será a mulher por detrás de um homem assim???
Cara HSC,
Também gosto muito da série.
Cabe bem aqui uma citação que talvez ajude a ver as coisas de outra maneira:
"L'amour consiste à offrir quelque chose qu'on n'a pas à quelqu'un qui n'en veut pas. (Jacques Lacan)"
Ola mais uma vez,
Quero acrescentar,porque nao ficou nada explicito, que isso de eu dizer que cursos superiores nao sao para nada nestas questoes ee porque dizem alguns estudos (feitos por quem, nao sei)que inteligencia nao ee virtude dos que traem, ou seja sao homens e mulheres estupidos,e acho que nos homens ate foi encontrado um gene estranhissimo que o exemplifica.
Ao trabalho que as pessoas se dao.
Abracos
como eu costumo dizer , prostitutas são as ditas cujas , aquelas que ficam com os maridos por um estatuto ou bem estar financeiro .
Afinal , é isso que faz mover a prostituição , não é ?
Caro Diogo
Algumas não são mais do que analfabetas e o seu modo de manter os filhos depende muito do marido. É por isso que se não separam!
As outras, à bon entendeur salut...
Estimada Helena,
O comportamento dos humanos é deveras diversificado e, só quem vivencia, cada situação, é que sabe dar-lhe o devido valor, nas causas e nos porquês.
Opinar é simples. Vivenciar, não tem adjectivos.
Marcolino
Aqui está uma grande serie que fala sobre aquilo que não vê-mos e que é a vida privada dos politicos e a história de uma mulher que depois de um escandalo sexual do marido conseguiu dar a voltar por cima sem ele.
Coisas que poucas mulheres como ela cnseguem.
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