segunda-feira, 20 de junho de 2011

Não havia necessidade


Tive uma manhã e uma tarde difíceis a discutir contratos de edição. Não sou uma negociadora fácil - a vida assim mo ensinou - e o facto de ser mulher está longe de adocicar o que entendo ser a retribuição justa para quem pretenda o meu trabalho.
Depois, mal cheguei a casa, pus-me a ver a eleição para Presidente da Assembleia da República.
Já aqui disse que não considerava ter o Dr. Fernando Nobre perfil para exercer tal cargo que exige não só uma grande experiência parlamentar, como características pessoais e capacidade de diálogo muito específicas.
Fernando Nobre foi claro. Não queria ser deputado. Estava ali para desempenhar o cargo de segunda figura da Nação e se o não ganhasse não ficaria. Afinal não ganhou e agora diz que vai ficar como deputado. O que, diga-se, era aquilo a que se deveria ter limitado antes.
O erro partiu logo do convite que lhe foi feito, porque o Presidente da Assembleia só é eleito pelos seus pares.Nunca pelo partido que o propõe, a não ser que este tenha maioria absoluta, o que não era o caso. E mesmo em tal situação, com voto secreto, tudo pode acontecer. Deu-se o que já se esperava. À primeira volta não foi eleito.
E, quando todos esperavam que, de acordo com afirmações por si anteriormente feitas, retirasse a sua candidatura, facilitando o trabalho do futuro PM e dos seus pares, eis que o candidato se sujeita a uma segunda volta, que perde de novo e até com menos um voto.
Haveria necessidade disto? Não seria mais razoável seguir os conselhos de Charles Aznavour na sua bela canção "Savoir se retirer"? Ou esquecer agendas pessoais?!

HSC

5 comentários:

Anónimo disse...

Este é um exemplo em como a ambição pelo poder se sobrepõe a outros valores.

O Dr. Fernando Nobre, enquanto fundador da AMI, tinha uma imagem imaculada para a maioria dos portugueses que se desvaneceu com a corrida a Belém.

Como entendo que "macaco deve ficar no seu galho", o Dr. Fernando Nobre continuava as suas boas acções e deixava a presidência da AR para quem já lá anda há um bom par de anos... para mais, nem queria ser deputado.

Desta sua "aventura" política", pouco benéfica, resultam ainda as desconfianças sobre a AMI, principalmente a sua estrutura familiar.

Isabel BP

Mar disse...

O homem diz que partiu com o dever cumprido.Da-me ideia que, antes,estatelou-se ao comprido.
Que raio de ideia, O senhor ate era considerado e tudo...E tambem ee um bocadinho "bem-feito" para o Pedro.

F Cuco disse...

Há quem goste de ser humilhado, mas noutras circunstâncias, o que por acaso tenho dificuldade em compreender, mas humilhação "nua e crua" em "pleno dia" no "palco da AR", com assistência convidada para a ocasião, é de fugir para um convento e bem longe! Enfim fica em deputado! Tenho uma amiga alemã que fala o português com alguma graça e diz; " prro que não posso mudarre as ideias, tem algum prróbleme!!".....

DL disse...

Pois se Aznavour lui même não o soube fazer...

Maria disse...

Sra. D. Helena:
Quero agradecer-lhe os bons momentos que passo a ler as suas postagens. Gosto da sua frontalidade, da sua humanidade e da sua alegria.
Ao ler os seus comentários fico satisfeita pois eu, muitas vezes,penso da mesma forma e, infelizmente, já me andava a interrogar se seria só eu. Ainda bem que a "descobri". Um beijinho