quarta-feira, 17 de setembro de 2025

REDFORD, O TEMPO GUARDADO NO OLHAR

Robert Redford sempre carregou consigo uma aura de silêncio. Não o silêncio da ausência, mas o silêncio que contém histórias, como uma sala onde a luz atravessa as cortinas e revela partículas de poeira, dançando no ar. Foi assim que sempre o vi.

No rosto marcado pelo tempo, há um traço de inquietude que nunca se apagou. Redford foi galã, ícone, diretor, mas por trás da tela e dos olhares, sempre pareceu haver um homem que buscava um refúgio - nas montanhas, no deserto, na simplicidade de uma casa de madeira. A sua vida não se limitou ao cinema. Foi, também, uma luta contra o desgaste da fama, um esforço constante para preservar aquilo que é íntimo, que era só dele.

Há quem diga que ele se escondia, mas talvez seja apenas fidelidade a si mesmo. Ao longo dos anos, Redford mostrou que o mais revolucionário, pode ser o gesto de permanecer verdadeiro, mesmo quando o mundo pede máscaras.

Assistir a um filme seu é como atravessar uma janela. Por trás da beleza do herói e do brilho dos olhos azuis, adivinhava-se um homem que nunca deixou de ser espectador do próprio tempo. Um artista que se deu ao luxo de viver na contramão da pressa, de uma forma admirável!

 

O QUE É PRECISO PARA TUDO DAR CERTO?

Perguntaste-me, um dia, o que é preciso para tudo, na vida, dar certo.
E eu só consigo responder-te que não é a vida que precisa acertar. Somos nós que precisamos aprender a olhar. Medita no que te deixo abaixo!

O que é preciso para tudo dar certo?

Talvez menos do que imaginamos.
Não é perfeição, nem um destino alinhado em cada detalhe. É mais como uma dança: estar disposto a mover-se com a música que chega, mesmo quando não foi a que pedimos.

Precisamos de coragem para acreditar naquilo que ainda não se vê, de ternura para cuidar do que nasce pequeno, e de humildade para aceitar que nem sempre sabemos o caminho, mas ainda assim caminhamos.

Tudo dá certo quando deixamos de medir a vida só pelo que conquistamos, e começamos a sentir pelo que tocamos, pelo que deixamos, pelo que amamos.

Às vezes, tudo dá certo simplesmente porque aprendemos a chamar de ‘certo’ aquilo que antes chamaríamos de ‘erro’. E porque o certo não é a ausência de sombras, mas a luz que nasce justamente por causa delas.

 

terça-feira, 16 de setembro de 2025

ADOLESCER

Adolescer é atravessar uma ponte que não tem corrimão.
É estar no meio do rio: já não se pertence à margem de onde se partiu, mas também não se alcançou ainda a outra.
É sentir o corpo se alongar antes que a alma aprenda a caber nele.

Há uma pressa que arde por dentro e, ao mesmo tempo, um medo de crescer rápido demais.
O mundo, de repente, parece grande demais, exigente demais, mas também cheio de portas abertas que antes não se viam.
O coração se torna um tambor inquieto: pulsa por amizades intensas, por amores de instante, por sonhos que mudam de forma a cada semana.

Adolescer é aprender a dizer "eu" sem perder o "nós".
É buscar liberdade e, às vezes, desejar colo.
É se perder em silêncios e se encontrar em gritos.

E no meio de tantas contradições, há beleza: a coragem de ensaiar quem se é, de experimentar rascunhos de identidade, de se reconstruir sem pedir licença.
Adolescer é nascer outra vez — só que de dentro para fora.

 

domingo, 14 de setembro de 2025

ENVELHECER

Envelhecer não é recuar — é permanecer.
É aprender a estar inteiro no silêncio, a ouvir os gestos que o tempo sussurra na pele, a encontrar beleza naquilo que não precisa provar mais nada.

Há quem veja no envelhecer um retrocesso, como se a vida fosse um rio que só tem força quando corre rápido. Mas permanecer é outra coisa: é ser raiz, tronco firme, memória que respira. É continuar a existir com a dignidade dos que já caminharam por muitas estradas e, mesmo assim, não perderam a capacidade de se maravilhar com o pôr do sol.

Permanecer é escolher não se apagar diante das perdas, mas transformar cada ausência em espaço de florescer. É não ser refém da pressa, mas guardião da presença.

Envelhecer, afinal, é permanecer no que importa.
No afeto.
Na verdade.
Na vida que ainda pulsa.

 

sábado, 13 de setembro de 2025

PASSOS PARA SOBREVIVER À DESILUSÃO


 1.     Permita-se sentir

Não tente fingir que não doeu. Chorar, se frustrar, até sentir raiva é parte do processo. Reprimir só prolonga a dor.

2.     Não se culpe sozinho(a)
Muitas vezes, a desilusão envolve expectativas, e isso faz parte da vida. Não significa que você falhou ou não é suficiente.

3.     Afaste-se do gatilho (quando possível)
Se for uma pessoa, situação ou ambiente que reabre a ferida, dê um tempo de contato até se sentir mais forte.

4.     Apoie-se em pessoas seguras
Conversar com amigos, familiares ou até com um terapeuta ajuda a colocar as emoções em perspetiva.

5.     Cuide do corpo para cuidar da mente
Exercícios, boa alimentação e sono regulado têm impacto direto no humor e na clareza mental.

6.     Resgate coisas que lhe dão sentido
Hobbies, aprender algo novo, projetos pessoais… ajudam a reconstruir a autoestima e a criar novas fontes de alegria.

7.     Aceite que o tempo faz parte do processo
Não existe "atalho". Aos poucos, a dor perde força e você vai perceber que consegue enxergar o que aconteceu com mais maturidade.

sexta-feira, 12 de setembro de 2025

12 DE SETEMBRO

Hoje, caminho por dentro de mim,

como quem percorre um labirinto silencioso.
Não há ruas, apenas corredores de lembranças.
Cada porta que abro revela um eco, um rosto, um vazio.

Pergunto-me se viver é colecionar ausências.
Ou se é apenas aprender a sentar-se diante delas, sem fugir.
Sinto que o tempo não corre aqui dentro — ele se dobra,
como uma chama que vacila, mas não se apaga.

Não sei se busco consolo ou apenas sentido.
Talvez nada se revele. Talvez a travessia seja só isso:
um passo após o outro, dentro da própria solidão.

O 12 de setembro não é data — é estado.

Mas também é o dia em que um filho nasceu de mim!

 

Quando o tempo quiser

Há coisas que não podem ser arrancadas da vida à força. O tempo tem sua própria respiração, e nela cabem pausas que não entendemos. É no silêncio dessas pausas que aprendemos a esperar, mesmo sem querer.

Quando o tempo quiser, o que hoje parece distante, tornar-se-á próximo; o que agora pesa como ausência, um dia transformar-se-á em presença. Há dores que só se dissolvem quando os dias as abraçam devagar, e há caminhos que só se mostram quando aprendemos a caminhar com calma.

Não é a pressa que faz a vida acontecer. É a entrega. É confiar que existe um instante certo para cada revelação, mesmo que o coração se inquiete na espera.

Quando o tempo quiser, tudo se ajeita. E, quando esse instante chegar, iremos perceber que nada foi atraso, mas apenas preparação.