terça-feira, 19 de novembro de 2024

SE PUDESSE VOLTAR ATRÁS

Quantas vezes já pôs a si próprio esta questão? Algumas, decerto. Importantes. Se pudesse voltar atrás, talvez não mudasse tudo, mas certamente passaria mais tempo naquilo de que hoje sinto falta. Lembra-se daquelas conversas que deixou pela metade? Daqueles olhares que evitou por pressa ou medo? Talvez os prolongasse, deixasse que eles durassem um momento mais, mesmo que na época isso parecesse tolice.

Eu voltaria aos dias em que o sol parecia brilhar de um jeito mais simples, em que a correria do futuro não existia ainda — porque o futuro parecia uma promessa distante e não uma conta que tem de ser paga. Abraçaria mais apertado, diria as palavras que calei, daria menos valor ao que me preocupava e mais ao que me fazia feliz.

Mas também sei que voltar atrás é um desejo enganoso. Talvez o eu de ontem não soubesse o que sei hoje, e é por isso que aquele erro parecia inevitável. Não é só o tempo que muda, somos nós. Se pudesse voltar, eu não encontraria o mesmo cenário — porque, no fundo, não é o passado que queremos mudar, é o peso que ele deixa no coração.

E mesmo assim, é curioso pensar: o que faria diferente? Seria eu mais valente? Mais leve? Ou só mais consciente? Talvez voltar atrás não seja sobre corrigir, mas sobre resgatar. Resgatar a leveza, a esperança, o olhar ingénuo que via o mundo com mais amor do que exigência.

Se pudesse voltar atrás, não corrigiria o passado, mas aprenderia a perdoá-lo. Afinal, é nele que me tornei quem sou, mesmo com as cicatrizes. E talvez seja exatamente isso: viver é aceitar que o tempo segue em frente, mas sempre deixa um pouco de nós para trás, como uma lembrança ou um aviso para o que vem a seguir.

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segunda-feira, 18 de novembro de 2024

O ENGANO

O engano é uma experiência universal que permeia as relações humanas, as narrativas sociais e até a forma como nos percebemos. Trata-se de um fenómeno que vai além de simplesmente mentir ou ser enganado; é um mecanismo intrincado, muitas vezes alimentado pela interpretação subjetiva da realidade, pela falta de informação ou pela manipulação intencional.

No âmago do engano está a dissonância entre a verdade e a perceção. Ele pode surgir de maneira inocente, como em mal-entendidos ou erros, ou de forma premeditada, quando utilizado como ferramenta de controle, persuasão ou auto-preservação. Seja qual for a origem, o engano tem um impacto profundo sobre a confiança, um pilar essencial nas relações humanas.

Historicamente, o engano tem moldado civilizações. Lendas e mitologias frequentemente abordam o tema, como o famoso Cavalo de Troia, que exemplifica o uso do engano como estratégia de guerra. No entanto, o engano também é explorado em narrativas modernas, desde enredos de suspense a debates políticos, demonstrando que a sua relevância contínua.

No plano pessoal, o engano pode ser ainda mais complexo. Há momentos em que ele é um reflexo da fragilidade humana — o medo de enfrentar verdades difíceis ou a tentativa de preservar uma imagem idealizada. Paradoxalmente, também podemos enganarmo-nos a nós mesmos, criando ilusões que, embora confortáveis, podem atrasar nosso crescimento.

Refletir sobre o engano é essencial para entendermos as suas nuances e impactos. Ele pode destruir relacionamentos, corroer instituições e alimentar desconfiança, mas também nos desafia a buscar clareza, honestidade e compreensão num mundo onde a verdade nem sempre é óbvia.

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sábado, 16 de novembro de 2024

Sorrisos e Memórias Não Envelhecem

Há algo de intemporal nos sorrisos e nas memórias. Enquanto o tempo passa, enquanto os rostos mudam e os cabelos ficam prateados, há momentos que permanecem intactos dentro de nós, como se o calendário nunca os tivesse tocado.

Um sorriso capturado numa fotografia ou guardado na lembrança não carrega rugas. Ele não perde o brilho, não fica opaco. Ele é a essência de um instante, uma alegria pura, um afeto sincero, uma emoção que transcendeu as limitações do tempo.

As memórias, por sua vez, têm o poder de nos transportar. Basta um cheiro, uma música, ou uma palavra, e lá estamos nós, revivendo um momento que parecia esquecido. Não importa quanto tempo tenha passado, o coração sabe reconhecer aquilo que foi verdadeiro.

Sorrisos e memórias são o antídoto contra o efémero. São como âncoras que nos mantêm conectados ao que importa, mesmo quando o mundo insiste em avançar sem pausa. Eles são lembranças de que vivemos, amamos e fomos amados.

Então, cuide das suas memórias. Deixe que os sorrisos sejam eternos. Porque, no fim, são essas relíquias do coração que nos tornam imortais.

( A propósito de um texto de Alda Prado com o mesmo nome )

 

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sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Uma certa forma de Visão


 A revista Visão está sempre muito atualizada, como prova a foto da notícia acima. Fiquei com um problema. Se lhe interessou tanto a nossa conversa da descida o que não teria interessado a conversa da subida, essa sim, verdadeiramente animada, como acontece quando nos encontramos. Fiquei mesmo com pena!

RAÌZES E ASAS: A ESSÊNCIA DE CRIAR FILHOS

Criar filhos é um dos maiores desafios e, ao mesmo tempo, uma das mais profundas dádivas da vida. Como pais, somos jardineiros de pequenas sementes, responsáveis por nutrir, proteger e orientar até que se tornem árvores fortes e autossuficientes. Para cumprir essa missão, é preciso um equilíbrio delicado: oferecer raízes que os conectem à terra firme e asas que os permitam explorar os céus.

Raízes são o alicerce

Elas simbolizam os valores, a segurança e o amor incondicional que damos aos nossos filhos. Raízes fortes ajudam a enfrentar os desafios do mundo, dando-lhes um senso de identidade e pertencimento. São as conversas ao redor da mesa, as tradições familiares e os momentos compartilhados que formam essa base. É ensinar que, mesmo nos momentos difíceis, eles têm um lugar seguro para voltar.

Asas são a liberdade

 Significam a confiança para deixá-los partir, para que descubram o mundo por conta própria. As asas desenvolvem-se com encorajamento, autonomia e coragem. É inspirar os filhos a sonharem, a superarem os próprios limites e a acreditarem em si mesmos. Dar-lhes asas é dizer: "Você é capaz. Vá e experimente, mas lembre-se de onde veio."

Pais que oferecem raízes sem asas podem criar filhos inseguros e dependentes. Por outro lado, asas sem raízes podem levar ao vazio e à desconexão. O segredo está na harmonia: cultivar raízes profundas e oferecer asas amplas, mostrando que o lar é o ponto de partida, mas não a linha de chegada.

Criar filhos com raízes e asas é aceitar que eles não são nossos para sempre. É vê-los crescer, voar e, ainda assim, saber que a essência de tudo o que plantamos permanecerá com eles onde quer que estejam. Afinal, o maior presente que podemos dar aos nossos filhos é a coragem para explorar o mundo e a certeza de que têm um porto seguro para sempre.

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quinta-feira, 14 de novembro de 2024

OLHOS NOS NA TV

Hoje irei conversar com a Tânia Ribas de Oliveira, na sua rubrica OLHOS NOS OLHOS, sobre o meu último livro cujo, título tem o mesmo nome. Não deixa de ser uma agradável coincidência este diálogo em que cada uma de nós se irá encarar desta forma.

Não tenho por hábito chamar a atenção para os programas televisivos a que vou, mas perante esta dupla surpreendente, não resisti. Se quiser assistir ligue o seu aparelho na RTP 1 e ouça-nos com os olhos postos em nós!