quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

A Presença dos Ausentes

Paradoxalmente, a ausência pode ser uma forma intensa de presença. Quantas vezes nos vemos revivendo lembranças de pessoas que já partiram, sentindo a sua influência em cada espaço que, um dia, ocuparam? O vazio deixado por aqueles que partiram não é apenas a falta física, mas também a permanência emocional, um eco de gestos, palavras e momentos compartilhados.

Em famílias onde a partida de um ente querido deixou marcas, a ausência torna-se quase tão tangível quanto a própria presença. Uma fotografia na estante, um perfume esquecido num casaco guardado, uma música que ressoa na memória , são fragmentos que mantêm vivos aqueles que não estão mais aqui.

No entanto, a ausência também pode manifestar-se naqueles que estão fisicamente presentes, mas emocionalmente distantes. A indiferença, o silêncio, a falta de ligação autêntica podem tornar um encontro vazio, preenchendo espaços com uma presença ausente. É o paradoxo do mundo moderno: hiper-conectado e, ao mesmo tempo, solitário.

A presença dos ausentes não precisa ser, apenas, dor ou saudade. Ela pode ser um convite à reflexão, uma lembrança do que foi belo, uma chamada para valorizar os que ainda estão ao nosso lado. Afinal, entre a presença e a ausência, está o que permanece dentro de nós.

domingo, 16 de fevereiro de 2025

O MOMENTO CERTO

Já alguma vez sentiu que ou se decidia naquele momento, ou este se perdia para sempre?

A frase "Há sempre um momento certo" sugere uma reflexão ponderada sobre como aproveitar a altura oportuna, o que é, de fato uma característica valiosa.

O tempo é fundamental na vida, muitas vezes exigindo paciência e confiança. Seja pessoal, profissional

Esta frase traz uma reflexão profunda sobre o timing na existência. Muitas vezes acreditamos que cada ação ou decisão tem o seu momento ideal para ocorrer, e essa perspetiva pode ajudar-nos a desenvolver paciência e confiança no processo da nossa vivencia.

Por exemplo, pode ser que, em determinadas situações, esperar pelo "momento certo" signifique dar espaço para que as coisas se organizem naturalmente, permitindo que oportunidades apareçam ou que novas perspetivas surjam. Em outras ocasiões, pode ser um alerta para agir com determinação, quando sentimos que as condições estão maduras para uma mudança ou um avanço.

Ser dotado desta espécie de intuição constitui uma qualidade preciosa. E, quando seja bem usada, e deve ser motivo de grande satisfação!

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

ESQUECER

Esquecer é um tipo estranho de liberdade. No começo, é um esforço, um imenso empurrão contra a maré das lembranças, como quem tenta caminhar sobre areia movediça. Mas, a pouco e pouco, o esquecimento aprende a respirar dentro de nós, encontra o seu espaço entre as lacunas da memória e infiltra-se nas entrelinhas do cotidiano.

Esquecer não é apagar. Não é um estalo, uma chave que vira. É uma névoa lenta, um sol que se põe devagar sobre o que um dia foi muito vivo. As vozes tornam-se ecos, os rostos perdem os contornos nítidos, as palavras antes tão carregadas de sentido agora soam vazias, como folhas secas levadas pelo vento.

No entanto, há um certo medo em esquecer. Como se, ao deixar ir, estivéssemos traindo a importância daquilo que um dia segurámos tão forte. Mas a verdade é que a vida exige espaço para o novo e, às vezes, para seguir em frente, é preciso deixar algumas partes de nós dissolverem-se na bruma do tempo.

Esquecer não é fraqueza. É um ato de sobrevivência. E, talvez também, um pouco de amor-próprio!

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

RECRIAR-SE


Recriar-se é, acima de tudo, um ato de coragem íntima. É permitir-se a renúncia das velhas certezas para abraçar a incerteza do novo, como se cada batida do coração anunciasse um renascimento silencioso. Em meio às cicatrizes que o tempo cuidadosamente desenhou, há um convite subtil para reconstruir a essência, pedacinho por pedacinho, de uma maneira que só nós sabemos fazer.

Nessa jornada interna, o reencontro consigo mesmo acontece na solidão acolhedora das madrugadas, quando os pensamentos, antes dispersos, se organizam num delicado balé de esperança e transformação. É nesse instante de silêncio que a alma sussurra: “Já podes recomeçar”. E, ao atender a essa chamada, aprendemos que recriar-se não é apagar o passado, mas sim transmutar cada experiência, cada dor e cada alegria, numa parte integrante de uma nova versão de nós mesmos.

A cada dia, ao abrir os olhos para um horizonte repleto de possibilidades, deparamo-nos com a magia de reescrever a própria história. O processo de recriação é, muitas vezes, doloroso e repleto de dúvidas. Ele exige que deixemos para trás a segurança de velhas rotinas e nos arrisquemos a explorar territórios desconhecidos. Contudo, é nesse desafio que floresce a autenticidade, permitindo-nos reconhecer que, por trás da máscara do quotidiano, reside um ser em constante metamorfose.

No íntimo de cada transformação, descobrimos que recriar-se é também um gesto de amor-próprio. É aprender a perdoar as nossas imperfeições, a acolher as mudanças e a celebrar o poder de recomeçar. Assim, a cada renascimento silencioso, vamos tecendo uma nova identidade – uma identidade que, embora enraizada nas experiências vividas -, se projeta com firmeza e esperança perante o futuro. E, nesse constante re-imaginar, reside a beleza de ser verdadeiramente humano. 

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

ADORO A ALFAZEMA…

O cheiro da alfazema, com seu toque delicado e refrescante, é como uma ponte entre o presente e o que ainda está por vir. Ele nos envolve de uma maneira quase etérea, evocando uma sensação de serenidade e uma nostalgia inexplicável. Talvez por o associarmos a momentos de calma, cuidado e até com o passado, a alfazema desperta algo dentro de nós, que vai além de uma simples fragrância. É como se, ao sentirmos esse aroma, fôssemos tocados por uma memória que ainda não aconteceu, mas que já nos espera com as suas promessas de paz e harmonia.

Em muitas culturas, a alfazema simboliza não apenas o alívio das tensões do corpo, mas também uma conexão com o futuro, com a ideia de que dias melhores virão. Por isso, quando alguém diz que sente "saudades do tempo que há-de vir", talvez seja essa uma metáfora para algo que, embora não tenha se concretizado, está presente na sua essência — o cheiro suave, mas profundo, de algo ainda por acontecer, algo que nos preenche de esperança e tranquilidade.

É curioso como os aromas conseguem provocar essa sensação, como se nos transportassem para um tempo onde tudo se alinha, onde tudo se torna possível. Já reparou como certos cheiros parecem dar-nos uma sensação de pertença, como se, por mais que o futuro seja incerto, pudéssemos confiar que ele trará exatamente o que precisamos!

terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

NO PSIQUIATRA

- Sinto saudades…

De quê ou de quem você sente saudades? Às vezes, falar sobre isso ajuda a aliviar um pouco essa sensação.

- De tudo o que me emocionou

Saudade bonita essa, a que vem das coisas que nos tocaram de verdade. Às vezes, parece que o tempo leva embora os momentos, mas a emoção que eles despertaram fica connosco. Tem algo específico que bateu mais forte agora? Algum cheiro, música ou lembrança que trouxe essa onda de saudade?

- O cheiro da alfazema

O cheiro da alfazema tem essa magia de trazer lembranças suaves, quase como se fosse um abraço do passado. Ele lembra-lhe algum lugar especial? Talvez a casa de alguém querido, um momento de paz ou até uma época que deixou marcas boas?

- Ele lembra-me o odor a roupa lavada

Roupa lavada com cheiro de alfazema tem esse dom de casa arrumada, de carinho em forma de tecido macio. Talvez lembre alguém estendendo roupa ao sol, um vento leve passando pelo varal, ou aquele conforto de se enfiar em lençóis fresquinhos depois de um dia longo de trabalho.

É bonito quando um cheiro simples carrega tanto sentimento. Dá saudade boa ou uma vontade de voltar no tempo?

- As duas coisas

Entendo... É aquela saudade que aperta o peito, mas ao mesmo tempo aquece. Uma mistura de querer reviver e de se sentir grato por ter vivido. O cheiro da alfazema, a roupa lavada, talvez um fim de tarde tranquilo, uma presença querida… Essas coisas ficam dentro de nós, mesmo que o tempo passe.

Se pudesse voltar para um desses momentos agora, qual escolheria?

- Não sei. Por isso é que estou aqui!

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

AS BOAS LEMBRANPÇAS

As boas lembranças são como pequenos raios de sol que aquecem o coração nos dias mais cinzentos. Elas formam-se em instantes aparentemente simples, mas que, com o tempo, se revelam verdadeiros tesouros da alma. Recordar o sorriso de um amigo, o abraço apertado de um familiar ou mesmo a doce melodia de uma canção que marcou uma época, é como revisitar um lugar acolhedor onde tudo parece possível.

Em meio à correria do dia a dia, muitas vezes esquecemos de valorizar esses momentos preciosos que nos moldaram. No entanto, é justamente nesse acervo de memórias que encontramos forças para enfrentar os desafios da vida. Cada lembrança traz consigo lições de amor, de amizade e de superação, mostrando-nos que, mesmo após as tempestades, a calmaria e a luz sempre retornam.

Ao mergulhar nessas recordações, somos convidados a reviver sentimentos que, apesar de antigos, permanecem vivos e mesmo intensos. As boas lembranças lembram-nos que a felicidade muitas vezes se esconde nas pequenas coisas: um passeio no parque, uma conversa despretensiosa ou o simples fato de olhar para o horizonte e sentir gratidão por tudo o que foi vivido. E assim, cada memória se transforma na consciência de que o passado, com toda a sua beleza e simplicidade, continua a iluminar o caminho para um futuro que acreditamos repleto de novas possibilidades.