terça-feira, 15 de outubro de 2024

O instante depois do beijo

Li hoje um texto de Mia Couto. Intitulado o “Instante antes do beijo”. A expressão ficou na minha cabeça e eu resolvi escrever sobre o “depois”. Aqui fica.

"O instante depois do beijo" é um momento carregado de emoções e significados, que pode variar consoante o contexto e os personagens envolvidos. Pode representar um instante de magia, confusão, expectativa ou até mesmo alívio. É um momento de suspensão, onde o tempo parece desacelerar e as emoções se tornam intensas.

Nesse instante, muitos sentimentos podem estar presentes: surpresa, conexão, nervosismo, ansiedade, desejo, ou mesmo uma sensação de completude. O beijo, geralmente visto como um clímax de tensão entre duas pessoas, abre as portas para um novo capítulo — seja ele de amor ou de incerteza. Esse momento é marcado pelo olhar trocado logo após o beijo, pelas respirações aceleradas, pelo toque que talvez se mantenha ou se afaste.

Visualmente, o "instante depois do beijo" pode ser descrito como um cenário íntimo, onde os dois protagonistas se encontram próximos, os rostos ainda perto um do outro, e o mundo em volta parece momentaneamente desaparecer, deixando apenas os dois e a intensidade daquele breve segundo de silêncio e emoções não ditas

segunda-feira, 14 de outubro de 2024

A necessidade de reformar mentalidades

A frase "A necessidade de reformar mentalidades" sugere que, em determinados contextos, é crucial mudar a forma como as pessoas pensam, agem e se relacionam com determinadas questões. Essa reforma de mentalidades envolve a transformação de crenças, valores e atitudes que podem estar ultrapassados, limitadores ou prejudiciais ao desenvolvimento de uma sociedade mais justa, igualitária e aberta ao diálogo.

Essa necessidade de mudança mental pode estar ligada a diferentes áreas. Saliento as que para mim são mais importantes.

  1. Educação: A reforma de mentalidades na educação pode significar a adoção de uma visão mais inclusiva, crítica e participativa, que vai além da mera transmissão de conteúdo, preparando os cidadãos para refletir e agir de forma autónoma.
  2. Preconceitos e discriminação: Combater racismo, machismo, homofobia e outras formas de opressão, exige uma transformação cultural profunda, onde as mentalidades preconceituosas precisam ser questionadas e superadas.
  3. Sustentabilidade: A mudança de mentalidades no que diz respeito ao meio ambiente é necessária para que se adote uma postura mais consciente e responsável em relação ao uso de recursos naturais, consumo e impacto ambiental.
  4. Economia e trabalho: Reformar a forma de pensar sobre trabalho, sucesso e produtividade pode levar a novas formas de organizar o tempo, de valorizar o bem-estar e de reconhecer a importância da colaboração e da inovação no desenvolvimento económico.

Estas transformações exigem tempo, paciência e, muitas vezes, enfrentam resistência, já que mudar hábitos e crenças profundamente enraizadas não é algo fácil. No entanto, a reforma de mentalidades é fundamental para enfrentar os desafios do presente e construir um futuro mais justo e sustentável.

sábado, 12 de outubro de 2024

Women on Boards: A Força e o Prazer de Ser Mulher

A VdA Academia organizou o 12º programa Women on Boards. A sua Presidente, Dra Margarida Couto convidou-me para fazer a sessão de abertura. Aqui fica o que lá disse.

Ser mulher é uma experiência poderosa, marcada por resiliência, força e, acima de tudo, pelo prazer de construir histórias de sucesso em múltiplas frentes. As conquistas femininas ao longo da história revelam a capacidade única de equilibrar sonhos pessoais com realizações profissionais, desafiando as barreiras impostas e conquistando cada vitória com orgulho e determinação.

É com essa inspiração que surge o Women on Boards, um espaço que celebra e fomenta o protagonismo feminino no ambiente corporativo, abrindo portas e criando novas oportunidades para que mais mulheres ocupem posições de liderança e tomem assento nas mesas onde as grandes decisões são tomadas. Compreendemos que cada mulher traz consigo uma bagagem rica de experiências, e ao ocupar esses espaços, ela não só se eleva a si mesma, mas transforma o ambiente ao seu redor.

O prazer de ser mulher vai além das conquistas individuais. Está em cada passo dado em direção a um futuro mais igualitário, onde a pluralidade de vozes femininas enriquece o diálogo e molda organizações mais inclusivas e inovadoras. É na força coletiva que encontramos o verdadeiro prazer de ser mulher — em saber que a vitória de uma é a vitória de todas.

O Women on Boards acredita nesse potencial transformador. E existe  para apoiar e celebrar cada trajetória, fortalecendo redes de apoio, encorajando o crescimento e reafirmando que as mulheres não estão apenas prontas para liderar, elas já estão liderando.

Juntas, são o reflexo do prazer e da força de ser mulher. Cada vitória no mundo corporativo não é apenas um marco individual, mas um símbolo de que estamos no caminho certo para a verdadeira igualdade e para um futuro onde o sucesso feminino será regra, e não exceção.

O prazer e a força de ser mulher está profundamente ligado às vitórias coletivas e individuais, especialmente em ambiente corporativo, o que reflete a missão das Women on Board de impulsionar o papel das mulheres em cargos de liderança.

sexta-feira, 11 de outubro de 2024

O REPÚDIO

O repúdio é uma forma forte e enfática de rejeição, manifestada por pessoas, grupos ou sociedades diante de comportamentos, atitudes ou ações consideradas inadequadas, imorais ou ofensivas. Expressar repúdio vai além da simples discordância; trata-se de um posicionamento claro e contundente contra algo que fere valores éticos, sociais, culturais ou pessoais.

Esse sentimento de rejeição pode ser percebido em diferentes contextos, como na política, quando a população ou uma parte dela manifesta repúdio a governantes ou políticas públicas que julgam injustas; ou no campo das relações humanas, quando ações discriminatórias, preconceituosas ou violentas são rechaçadas pela sociedade.

O repúdio também se faz presente no campo da moralidade e da ética. Por exemplo, atos de corrupção, violação de direitos humanos, racismo, homofobia, violência doméstica e outras práticas danosas à convivência pacífica e à justiça social são alvos frequentes de manifestações de repúdio. Quando a sociedade se une para repudiar determinado comportamento, ela sinaliza a necessidade de mudança e de construção de um ambiente mais justo e inclusivo.

Em termos legais, o repúdio pode ser formalizado por meio de declarações, moções ou atos oficiais, como protestos ou abaixo-assinados, em que grupos exigem responsabilização e mudanças. É, portanto, um instrumento de pressão social, um reflexo da insatisfação coletiva que busca a correção de injustiças e a defesa de princípios considerados fundamentais para a convivência humana.

Assim, o repúdio serve como um alerta, uma resistência ao que é percebido como prejudicial ou inaceitável, e um apelo por transformações necessárias na sociedade.

quinta-feira, 10 de outubro de 2024

O SAL DA VIDA

"O Sal da Vida" é aquele elemento essencial que dá sabor às coisas simples e intensifica o que, de outra forma, seria apenas quotidiano. E o que torna os momentos comuns extraordinários, o tempero invisível que transforma a vida em algo maior do que a soma dos dias que passam. Ele não se revela nos grandes feitos ou nos eventos grandiosos, mas nos detalhes sutis do abraço apertado de um amigo, do sol morno na pele durante uma caminhada despretensiosa, da risada que escapa sem aviso.

É aquele olhar compartilhado em silêncio com quem amamos, que diz mais do que as palavras poderiam, ou o conforto inesperado de um cheiro familiar que nos transporta para uma memória querida. O sal da vida está nas pequenas alegrias, naquilo que muitas vezes deixamos passar, mas que, quando percebido, enche o coração de uma gratidão quase palpável.

Talvez seja uma música que toca na rádio e faz o mundo parecer mais leve, ou a simplicidade de uma tarde em que o tempo parece desacelerar, permitindo que possamos respirar e apenas ser. O sal da vida está nas pausas, nos interstícios do viver, nos momentos em que nos sentimos mais conectados com nós mesmos e com os outros.

Não são as conquistas que acumulamos, mas as emoções que experimentamos, as pessoas que tocamos, os sorrisos que despertamos.

E, assim, "O Sal da Vida" lembra-nos que a vida é um mosaico de instantes, e o sabor dela depende de quão presentes estamos para senti-los. É sobre encontrar plenitude no ordinário, beleza na simplicidade e valor nos momentos que, muitas vezes, parecem escapar pelos nossos dedos.

quarta-feira, 9 de outubro de 2024

CICATRIZES

As cicatrizes são lembranças silenciosas que o corpo carrega, testemunhas do que já foi dor, mas que agora repousam como marcas serenas. Cada uma tem a sua história, desenhada na pele, no silêncio dos dias que passaram. São como pequenas geografias de nossas batalhas, pedaços de um mapa íntimo, só nosso, que poucos conhecem de verdade.

Algumas cicatrizes são profundas, outras quase invisíveis, mas todas falam sobre resistência. Falam do que resistimos, do que sobreviveu. São marcas de curas tanto quanto são de feridas. Às vezes, passamos os dedos sobre elas, num gesto automático, tentando lembrar do que doeu ou agradecendo o que não dói mais.

Há também as cicatrizes que não se veem. As que estão guardadas em camadas mais profundas, nas dobras da alma. Elas são feitas de memórias, de sentimentos que cortaram fundo e que, aos poucos, também foram cicatrizando. Embora invisíveis, essas talvez sejam as mais difíceis de carregar, pois não há toque que alivie, nem remédio que cure instantaneamente.

Mas, no fim, todas as cicatrizes – as do corpo e as do coração – são sinais de que seguimos em frente. São marcas de vida. Não importam os caminhos tortuosos que nos trouxeram até aqui, elas nos lembram que fomos fortes o suficiente para sobreviver. E é isso que importa.

terça-feira, 8 de outubro de 2024

DIZER NÃO COM VONTADE DE DIZER SIM

Dizer "não" quando a vontade interna é de dizer "sim", constitui uma experiência que envolve conflito entre desejo e razão. Isto pode acontecer por várias razões, como medo de rejeição, pressão social, necessidade de agradar aos outros ou, mesmo, o entendimento de que o "sim" seria prejudicial a longo prazo, apesar do desejo imediato.

Esse tipo de conflito revela uma luta interna entre os sentimentos e o sentido de responsabilidade ou autocontrole. Muitas vezes, dizemos "não" para preservar os nossos limites, manter a nossa integridade ou cumprir compromissos, mesmo que o desejo profundo seja o oposto.

Quando se deseja algo, mas nos sentimos presos por dizer "não", por dentro é como um turbilhão de sensações contraditórias. Às vezes é aquele momento em que o corpo já deu todos os sinais de que quer, de que deseja estar mais próximo, de que a conexão é o que falta para fechar a lacuna entre nós e a outra pessoa. Mas a mente interfere. Ela traz todas as dúvidas, as inseguranças, os medos.

Podemos estar ali, ao lado de alguém, sentindo que o mundo poderia parar naquele instante e que só o toque, o olhar, ou até mesmo o silêncio compartilhado, poderia fazer-nos sentir completos. No entanto, dizemos "não" — talvez por medo de como a outra pessoa vai reagir ou por um receio de estar indo rápido demais.

Por fora, pode parecer firme, uma decisão concreta, mas por dentro é como segurar uma maré que nos quer arrastar. Esse "não" vem com um gosto amargo, porque o "sim" está-nos sufocando por dentro. A pele pode até arrepiar ao imaginar o que poderia acontecer se simplesmente disséssemos o que queremos. Mas, ao mesmo tempo, “aquela ponta de orgulho”, que todos conhecemos, soa que admitir o desejo é uma derrota, uma perda de controle sobre quem somos.

Esse dilema entre o desejo e a autoproteção é algo muito real, algo que todos nós já sentimos em algum nível. É como se disséssemos "não" para evitar o possível desconforto de sermos vulneráveis. Mas, com isso também nos privamos do prazer, da conexão, daquilo que poderia ter sido um momento de intimidade profunda.

Esses sentimentos de tensão, vulnerabilidade e desejo são, afinal, parte do que significa ser humano!