quinta-feira, 17 de outubro de 2024

FINGIR

Fingir é algo que muita gente faz, e geralmente se deve a razões de medo ou de insegurança. Pode ser por não se querer mostrar uma fraqueza, por medo de não ser aceite ou até por se tentar proteger de situações desconfortáveis. Às vezes, as pessoas fingem para se encaixar, para parecerem mais fortes, ou porque sentem que, se mostrarem quem realmente são, vão acabar magoadas ou rejeitadas.

Penso que, no fundo, todo mundo já fingiu em algum momento da vida. Pode ser uma risada que se força numa conversa pouco importante, ou fingir que está tudo bem quando, na verdade, se está desmoronando por dentro. É uma maneira de lidar com as pressões diárias — das expectativas sociais, do medo do julgamento, das responsabilidades que nós carregamos.

Mas fingir o tempo todo pode ser exaustivo. Vamo-nos afastando de quem realmente somos, porque se está sempre tentando agradar ou adaptar ao que os outros esperam de nós. E isso pode fazer com que nos sentamos desconectados, perdidos, porque, no fim das contas, ninguém está realmente vendo quem somos de verdade.

Então, no fundo, nós fingimos para nos protegermos, para evitar que vejam as nossas vulnerabilidades. Mas é um hábito perigoso. Quanto mais se finge, mais difícil fica ser autêntico e se aceitar como somos. E, às vezes, as pessoas que mais importam na nossa vida querem conhecer a nossa versão real, não a que  inventamos para nos sentirmos mais seguros.

quarta-feira, 16 de outubro de 2024

Quem comanda as minhas emoções

As emoções são geradas e influenciadas por vários fatores, mas quem "comanda" minhas emoções, em grande parte, sou eu. Embora as emoções sejam reações naturais a situações e estímulos externos, cada um tem o poder de geri-las e moldá-las com o tempo. Vamos explorar isto mais a fundo.

  1. Respostas automáticas: Emoções como medo, raiva, tristeza e alegria são respostas automáticas do cérebro a diferentes estímulos. Elas surgem sem muito controle consciente, como uma forma de proteção ou de sinalizar algo importante.
  2. Influência do cérebro: Regiões como o sistema límbico, que inclui a amígdala e o hipocampo, desempenham um papel central na geração das emoções. Essas áreas reagem rapidamente a eventos, muitas vezes antes mesmo de a mente consciente processar completamente a situação.
  3. Autoconsciência emocional: A chave para "comandar" as  nossas emoções está no desenvolvimento da inteligência emocional, que envolve:
    • Reconhecer as nossas emoções: Ser capaz de identificar como você se sente.
    • Entender a causa das emoções: Perceber o que está gerando determinada emoção.
    • Regulá-las conscientemente: Usar estratégias como respiração, reflexão ou mudança de perspetiva para gerir a intensidade das emoções.
  4. Influências externas: as nossas emoções também podem ser influenciadas por outras pessoas, pelo ambiente e até pela nossa saúde física. No entanto, ao praticar a autoconsciência e trabalhar no controle emocional, é possível diminuir a influência desses fatores externos.

Portanto, embora as emoções possam surgir sem controle consciente, a pessoa tem o poder de decidir como reagir a elas e, com a prática, regular como essas emoções afetam a nossa vida.

OLHOS NOS OLHOS

Olhos nos Olhos é uma expressão que carrega um forte simbolismo relacionado com a conexão direta e intensa entre duas pessoas. Quando falamos de "olhos nos olhos", normalmente estamos a referir-nos a um momento de honestidade, verdade e, muitas vezes, de confrontação. Olhar nos olhos de alguém significa encarar a outra pessoa sem disfarces ou fugas, permitindo uma comunicação mais profunda, na qual as palavras podem ser desnecessárias, já que o olhar por si só transmite sentimentos e intenções.

Esta expressão também nos remete à vulnerabilidade, já que quando olhamos diretamente nos olhos de alguém, expomos parte de nós próprios. É um gesto que exige coragem, especialmente em situações emocionais delicadas, como declarações de amor, discussões ou pedidos de desculpas. O contato visual carrega significados universais: confiança, sinceridade e intimidade. Muitas vezes, ele é, mesmo, a forma mais poderosa de se conectar com o outro, porque o olhar tem a capacidade de revelar o que está escondido por trás das palavras.

Na arte e na música, "Olhos nos Olhos" pode ser explorado como tema para tratar de relações humanas, tanto no amor quanto nos conflitos. Um exemplo famoso é a canção de Chico Buarque, em que a expressão é usada para falar sobre o fim de um relacionamento e a difícil tarefa de encarar o outro, agora numa nova realidade, a da separação. A ideia de enfrentar a verdade, seja ela qual for, está profundamente atrelada ao conceito de "olhos nos olhos".

O meu livro "Olhos nos Olhos" , que hoje vai para as livrarias, simboliza, assim, o encontro com a verdade e a essência de uma relação. É um convite ao diálogo, sincero, onde as emoções são expostas de maneira crua, e os olhares se tornam a principal linguagem entre duas almas.

 

terça-feira, 15 de outubro de 2024

O instante depois do beijo

Li hoje um texto de Mia Couto. Intitulado o “Instante antes do beijo”. A expressão ficou na minha cabeça e eu resolvi escrever sobre o “depois”. Aqui fica.

"O instante depois do beijo" é um momento carregado de emoções e significados, que pode variar consoante o contexto e os personagens envolvidos. Pode representar um instante de magia, confusão, expectativa ou até mesmo alívio. É um momento de suspensão, onde o tempo parece desacelerar e as emoções se tornam intensas.

Nesse instante, muitos sentimentos podem estar presentes: surpresa, conexão, nervosismo, ansiedade, desejo, ou mesmo uma sensação de completude. O beijo, geralmente visto como um clímax de tensão entre duas pessoas, abre as portas para um novo capítulo — seja ele de amor ou de incerteza. Esse momento é marcado pelo olhar trocado logo após o beijo, pelas respirações aceleradas, pelo toque que talvez se mantenha ou se afaste.

Visualmente, o "instante depois do beijo" pode ser descrito como um cenário íntimo, onde os dois protagonistas se encontram próximos, os rostos ainda perto um do outro, e o mundo em volta parece momentaneamente desaparecer, deixando apenas os dois e a intensidade daquele breve segundo de silêncio e emoções não ditas

segunda-feira, 14 de outubro de 2024

A necessidade de reformar mentalidades

A frase "A necessidade de reformar mentalidades" sugere que, em determinados contextos, é crucial mudar a forma como as pessoas pensam, agem e se relacionam com determinadas questões. Essa reforma de mentalidades envolve a transformação de crenças, valores e atitudes que podem estar ultrapassados, limitadores ou prejudiciais ao desenvolvimento de uma sociedade mais justa, igualitária e aberta ao diálogo.

Essa necessidade de mudança mental pode estar ligada a diferentes áreas. Saliento as que para mim são mais importantes.

  1. Educação: A reforma de mentalidades na educação pode significar a adoção de uma visão mais inclusiva, crítica e participativa, que vai além da mera transmissão de conteúdo, preparando os cidadãos para refletir e agir de forma autónoma.
  2. Preconceitos e discriminação: Combater racismo, machismo, homofobia e outras formas de opressão, exige uma transformação cultural profunda, onde as mentalidades preconceituosas precisam ser questionadas e superadas.
  3. Sustentabilidade: A mudança de mentalidades no que diz respeito ao meio ambiente é necessária para que se adote uma postura mais consciente e responsável em relação ao uso de recursos naturais, consumo e impacto ambiental.
  4. Economia e trabalho: Reformar a forma de pensar sobre trabalho, sucesso e produtividade pode levar a novas formas de organizar o tempo, de valorizar o bem-estar e de reconhecer a importância da colaboração e da inovação no desenvolvimento económico.

Estas transformações exigem tempo, paciência e, muitas vezes, enfrentam resistência, já que mudar hábitos e crenças profundamente enraizadas não é algo fácil. No entanto, a reforma de mentalidades é fundamental para enfrentar os desafios do presente e construir um futuro mais justo e sustentável.

sábado, 12 de outubro de 2024

Women on Boards: A Força e o Prazer de Ser Mulher

A VdA Academia organizou o 12º programa Women on Boards. A sua Presidente, Dra Margarida Couto convidou-me para fazer a sessão de abertura. Aqui fica o que lá disse.

Ser mulher é uma experiência poderosa, marcada por resiliência, força e, acima de tudo, pelo prazer de construir histórias de sucesso em múltiplas frentes. As conquistas femininas ao longo da história revelam a capacidade única de equilibrar sonhos pessoais com realizações profissionais, desafiando as barreiras impostas e conquistando cada vitória com orgulho e determinação.

É com essa inspiração que surge o Women on Boards, um espaço que celebra e fomenta o protagonismo feminino no ambiente corporativo, abrindo portas e criando novas oportunidades para que mais mulheres ocupem posições de liderança e tomem assento nas mesas onde as grandes decisões são tomadas. Compreendemos que cada mulher traz consigo uma bagagem rica de experiências, e ao ocupar esses espaços, ela não só se eleva a si mesma, mas transforma o ambiente ao seu redor.

O prazer de ser mulher vai além das conquistas individuais. Está em cada passo dado em direção a um futuro mais igualitário, onde a pluralidade de vozes femininas enriquece o diálogo e molda organizações mais inclusivas e inovadoras. É na força coletiva que encontramos o verdadeiro prazer de ser mulher — em saber que a vitória de uma é a vitória de todas.

O Women on Boards acredita nesse potencial transformador. E existe  para apoiar e celebrar cada trajetória, fortalecendo redes de apoio, encorajando o crescimento e reafirmando que as mulheres não estão apenas prontas para liderar, elas já estão liderando.

Juntas, são o reflexo do prazer e da força de ser mulher. Cada vitória no mundo corporativo não é apenas um marco individual, mas um símbolo de que estamos no caminho certo para a verdadeira igualdade e para um futuro onde o sucesso feminino será regra, e não exceção.

O prazer e a força de ser mulher está profundamente ligado às vitórias coletivas e individuais, especialmente em ambiente corporativo, o que reflete a missão das Women on Board de impulsionar o papel das mulheres em cargos de liderança.

sexta-feira, 11 de outubro de 2024

O REPÚDIO

O repúdio é uma forma forte e enfática de rejeição, manifestada por pessoas, grupos ou sociedades diante de comportamentos, atitudes ou ações consideradas inadequadas, imorais ou ofensivas. Expressar repúdio vai além da simples discordância; trata-se de um posicionamento claro e contundente contra algo que fere valores éticos, sociais, culturais ou pessoais.

Esse sentimento de rejeição pode ser percebido em diferentes contextos, como na política, quando a população ou uma parte dela manifesta repúdio a governantes ou políticas públicas que julgam injustas; ou no campo das relações humanas, quando ações discriminatórias, preconceituosas ou violentas são rechaçadas pela sociedade.

O repúdio também se faz presente no campo da moralidade e da ética. Por exemplo, atos de corrupção, violação de direitos humanos, racismo, homofobia, violência doméstica e outras práticas danosas à convivência pacífica e à justiça social são alvos frequentes de manifestações de repúdio. Quando a sociedade se une para repudiar determinado comportamento, ela sinaliza a necessidade de mudança e de construção de um ambiente mais justo e inclusivo.

Em termos legais, o repúdio pode ser formalizado por meio de declarações, moções ou atos oficiais, como protestos ou abaixo-assinados, em que grupos exigem responsabilização e mudanças. É, portanto, um instrumento de pressão social, um reflexo da insatisfação coletiva que busca a correção de injustiças e a defesa de princípios considerados fundamentais para a convivência humana.

Assim, o repúdio serve como um alerta, uma resistência ao que é percebido como prejudicial ou inaceitável, e um apelo por transformações necessárias na sociedade.