quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Duas bofetadas em Obama



Já aqui tenho dito que não sou uma fã de Obama. Compreendo a expectativa criada à sua volta, mas não fui sensível a ela.
No último Nouvel Observateur, uma vez mais, Jean Daniel toca na ferida e explica como o actual Presidente dos Estados Unidos se vem afastando, cada vez mais, do seu célebre discurso de 5 de Junho de 2009, considerado como um dos testemunhos históricos mais lúcidos que um chefe de Estado poderia fazer.
Vejamos então a razão deste título. A 24 de Setembro os representantes americanos reunidos em Congresso receberam Benjamin Netanyahou, PM de Israel, o que constituiu, sem dúvida, um expressivo sucesso pessoal.
Só que o discurso do PM israelita, habilíssimo - referia a origem da nação americana e a sua mística de terra prometida -, foi aclamado por vinte e uma "standing ovations".
Foi a primeira bofetada dada em quem pensa que ceder uma parcela da sua terra é, simplesmente, ferir a alma do povo americano.
Mas, na Assembleia Geral das Nações Unidas, 193 Chefes de Estado ouviram o Presidente da Autoridade da Palestina, Mahmoud Abbas, discursar e ser recebido com grandes aplausos. Tantos, que teve mesmo de esperar que eles acabassem, para poder terminar.
Falou às nações de todo o mundo com extrema simplicidade e referiu-se aos seus "parceiros" israelitas, desejando que ambos os povos pudessem viver dignamente na mesma terra, com a soberania e segurança indispensáveis.
Este foi, aliás, o discurso que, desde há dois anos, todos os enviados da Casa Branca e em especial Hillary Clinton, vinham defendendo face ao governo de Jerusalem. Esta terá sido a segunda bofetada.
Obama foi, para muitos, o rosto do homem que tinha mudado os Estados Unidos. Por isso, aqueles que depositaram nele essa esperança, sentem hoje alguma amargura e decepção. Que, aliada à crise económica do país, pode vir a traduzir-se em resultados pouco favoráveis na perspectiva de uma reeleição...

HSC

5 comentários:

Augusto Alexandre disse...

Que bom que se referiu ao seu celebre discurso de 06/2009. A questão Israel/Palestina (http://augustodriver.blogspot.com/p/conflito-israel-x-palestina-primeira.html) é muito mais uma questão política interna de Israel, que de fato não deseja outro desfecho senão a tomada total dos territórios Palestinos. Enquanto o governo sionista estiver no poder e com forte influência, nada naquela região será conseguida com negociações e paz, visto que o mesmo discurso tão ultrajante para os israelenses que é o discurso do nazismo, é hoje praticado por eles mesmos.

Anónimo disse...

Como disse, e muito bem, um professor ancião do MIT
"O Bush torturava, o Obama apenas mata"

Nos EUA desde o "Presidente" aos membros do Senado passando pelos tipos do Congresso... tudo é comprado e tudo tem um preço. Os poucos que escapam a este esquema (que são mesmo poucos) são humilhados dia sim dia sim, quer pelos outros, quer pelos meios corporativos de comunicação (basta repararem no Ron Paul!).

Num sistema destes, acreditar que o Presidente que é escolhido pelas Famílias, através das Corporações que elas controlam, vai ser diferente ao fazer algo de bom pela Humanidade em geral, e pelo "seu" Povo é estar completamente fora da realidade. A melhor forma de saber quem é o Presidente da América é ver qual dos candidatos recebe mais dinheiro e se a sua maioria provém das Corporações pertencentes às Famílias.

Tudo o resto é música para hipnotizar a MANADA.

Anónimo disse...

Também eu estou desiludida e torço para Abbas e a Palestina conseguirem ser reconhecidos. Obama parecia o paladino da liberdade/justiça mas está demasiado preso .. a tudo o que é a tradicional política americana. Shame, shame, shame...
AEfetivamente

Tétisq disse...

E,pensar que lhe deram um Nobel da Paz, só pelo discurso. Se tivessem esperado mais um pouco para ver a acção do sr no cenário internacional, antes de o colocarem num pedestal, evitavam arrependimentos e desilusões...

Raúl Mesquita disse...

Obama=Cobardia.

Raúl.