Não me é fácil escrever sobre a efeméride aérea que hoje completa o seu centenário. Trata-se como decerto já terão compreendido, da primeira viagem aérea do Atlântico Sul ligando, deste modo, Portugal e Brasil, assunto sobre o qual já muitos antes de mim, com propriedade, bastante falaram.
Por isso, estas linhas são muito pessoais. Falo de um tio - o irmão mais velho de meu pai - que na perda do seu progenitor, soube ocupar-se do futuro dos restantes dez e do apoio a sua mãe nessa tarefa. Só esse facto chegaria para ter sempre muito orgulho no nome que uso. O feito heroico estimulou-me a tentar ser, durante toda a minha vida, uma pessoa à sua altura
Com alguma pena minha, os meus filhos, embora na sua identificação usem o nome da mãe, limitam-se como é habito entre alguns de nós, a usar apenas o nome do pai que, curiosamente, eu nunca usei.
Dizia-me o meu pai que eu era, de feitio, muito parecida com ele. Creio que se referia ao que ele chamava da "mania de ser a melhor em tudo o que fazia". É verdade. Tenho um enorme respeito pelos compromissos assumidos e só razões de saúde me podem afastar das obrigações.
Seja por semelhança ao meu tio, seja porque nasci assim, tenho uma enorme alegria em pensar que vivi o tempo suficiente, para me ter sido dada a oportunidade de assistir a estas comemorações. O país não é muito dado a vangloriar os seus heróis. E a própria palavra já foi, mesmo, um pouco banida do jargão nacional.
É pena, porque mostrar aos jovens que houve outros jovens, que quiseram fazer da sua vida uma prova do amor à pátria e do orgulho de ser português, não faz mal a ninguém e pode ajudar-nos a compreender melhor aqueles que o conseguiram!
HSC