No tempo em que fui mãe, as férias de parto não existiam. Nem existia qualquer apoio à maternidade. Tive os meus filhos, como muitas mulheres da minha geração, tentando conciliar vida profissional e vida familiar. Muitas horas de sono perdidas, mas muita satisfação à mistura. Porque se queria ter vida profissional, na época, era assim. Muito, felizmente, se evoluiu nesta área. E muito falta ainda fazer.
O apoio da familia era escasso porque a do marido vivia no Alentejo e a minha estava em África. Venci todos estes obstáculos num tempo em que o companheiro preparava um doutoramento, já que o meu ficara adiado com a primeira gravidez. Foi difícil? Foi. Como terá sido para milhares de mulheres deste país que não tinham sequer uma carreira, mas cujo salário era necessário ao sustento dos seus. Mulheres que, inclusivé, aceitaram trabalhar por turnos...
Há dias uma deputada não aceitou um convite para um debate, invocando a sua condição de mãe solteira de uma criança de 3 anos e explicando o excessivo tempo de trabalho desse dia, superior às tradicionais 8 horas. Fiquei surpreendida, confesso.
Há dias uma deputada não aceitou um convite para um debate, invocando a sua condição de mãe solteira de uma criança de 3 anos e explicando o excessivo tempo de trabalho desse dia, superior às tradicionais 8 horas. Fiquei surpreendida, confesso.
É que, talvez por ter tido a experiência que referi vejo, com alguma dificuldade, a aceitação de responsabilidades profissionais de grande exigência, quando se sabe, à partida, que elas irão impor sacrificios à vida familiar que se não está disposto a aceitar. Parece-me tremendamente injusto para o mundo laboral feminino que alguém as invoque, como explicação para aquilo que não faz ou não fará.
HSC