segunda-feira, 29 de julho de 2019

É a vida e a família!


A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) foi autorizada, pelo Governo, a fazer os ajustes diretos na compra de golas e kits de autoproteção, sem necessidade de concurso público.
No Código dos Contratos Públicos a regra prevista é a de que os ajustes diretos só podem ser feitos para compras até 20 mil euros. Acontece que o contrato das golas custou 102 mil euros ao Estado e o dos kits 165 mil euros.
O Código dos Contratos Públicos prevê, ainda, que os ajustes diretos acima de 20 mil euros tenham de ser fundamentados de "forma clara e objetiva", cumprindo todos os pressupostos previstos na lei. O que não se enquadra nos contratos em causa.
A ANEPC respalda-se com a Resolução do Conselho de Ministros de Fevereiro de 2018, que permitiu fazer vários ajustes diretos, entre eles os das golas e dos kits, incluído nos programas "Aldeia Segura" e "Pessoas Seguras".
Os contratos em causa foram assinados com a empresa Foxtrot, quatro meses depois da autorização do Governo, em meados de Junho de 2018.
Na sequência da Resolução do Conselho de Ministros, a ANEPC  "recorre a dois procedimentos de consulta prévia" para aquisição de golas e de kits de autoproteção.
Foram cinco as empresas ouvidas: Foxtrot Aventura, Brain One, Codelpor, MOSC - Confeções e EDSTATES - Confeções e Bordados.
No caso das golas "a empresa Foxtrot Aventura foi a única, das entidades convidadas, que apresentou uma proposta. Nos kits de autoproteção, a Foxtrot Aventura "foi a que apresentou a proposta com o mais baixo preço".
A recomendação para as cinco empresas terá partido do adjunto do secretário de Estado da Proteção Civil, Francisco José Ferreira.
A empresa Foxtrot Aventura será propriedade do marido de uma autarca do PS de Guimarães, e o jornal i acrescenta que a empresa foi criada no final de 2017, sessenta dias depois de o Governo ter decidido, em Conselho de Ministros, a criação do programa Aldeia Segura.
No fim de semana, perante as críticas e dúvidas sobre as polémicas golas, o Ministro da Administração Interna mandou investigar a forma como foi feita esta compra.
Entretanto, o Secretário de Estado da Proteção Civil, este Domingo veio defender-se das acusações de ter orientado a compra dos 15 mil kits de autoproteção do Programa Aldeia Segura, dado que a Secretaria de Estado da Proteção Civil, liderada por José Artur Neves, acompanhou todo o processo e a Autoridade Nacional de Proteção Civil só teve que autorizar o pagamento.
José Artur Neves, confrontado pelos jornalistas com esta informação, negou o envolvimento e remeteu para as conclusões do inquérito que vai arrancar.
"É um assunto da responsabilidade Autoridade Nacional de Proteção Civil. O inquérito dará nota seguramente do processo que teve também, seguramente, o desenvolvimento de acordo com as regras de contratação pública", explicou.
"Nem sei de quem são as empresas nem faço ideia nenhuma. As empresas foram selecionadas, foram convidadas, o processo foi desenvolvido pela Autoridade nacional, as conclusões virão do inquérito", concluiu.


            ( Excertos retirados de vária comunicação social publicada )

Mas afinal, alguém me explica de quem é a responsabilidade de se ter comprado material mais caro do que deveria e que em lugar de proteger os cidadãos até parece que os prejudica?
Claro que, no meio disto tudo, ainda há umas relações familiares entre quem fornece e quem adjudica. Mas os Socialistas não são uma grande e unida Família? Então qual a surpresa de se escolherem entre eles?!

HSC

sexta-feira, 26 de julho de 2019

Dia dos Avôs

Não tenho em grande apreço o hábito de dedicar certos dias a certas ocasiões. Lá temos o Dia da Mãe - agora transformado em data móvel o que lhe retira ainda mais o sentido... -, o Dia do Pai, o Dia da Mulher, etc, etc.
Hoje é o Dia dos Avós (o correto seria Avôs) e porque é o menos conhecido e celebrado, apeteceu-me falar deles e da sua importância. 
Eu tive avós maternos, mas não conheci - pena minha - os paternos. Cresci numa familia muito numerosa quer do lado da minha mãe quer do lado do meu pai. Agora, creio, isso seria impensável, porque juntos éramos mais que três dezenas.
Muito do que sou hoje devo-o aos meus avós e a minha primeira grande perda foi ficar sem eles. Julgo não ser injusta, quando afirmo que lhes devo tanto como aos meus pais.
A alegria, a ternura, a cumplicidade, foram aprendidas com a minha avó Joana. Já a força perante a adversidade, a dignidade e a honra/orgulho nos meus, foi aprendido com a meu avô José.
Em poucos tempo perdi os dois. Ele de morte natural, ela de morte por saudades dele, três meses depois.
Julgo que, ao longo da minha vida nunca terei encontrado casal que se amasse mais e nunca esquecerei a festa dos seus 50 anos de casados. Não pela festa em si que foi linda, mas pelo olhar de ambos. Se a ternura é e continua a ser, para mim, uma qualidade essencial, a eles lhe devo.
Dos avós paternos tudo o que sei foi por via oral, já que a minha tia Alda, a filha mais velha, tomou para si o papel da minha avó Augusta e, na sua casa, seguiam-se todas as tradições da casa de seus pais. 
Dizem os meus que herdei mais do lado Sacadura do que do lado Trindade e que me pareço bastante, no sentido do compromisso, ao aviador, irmão mais velho do meu pai e figura tutelar que todos admiramos. Menos o país que parece ter esquecido os seus heróis...
Apesar desta historia de família não me considero uma boa avó. Sempre disse que fui excelente mãe e creio que fiz, nesse campo, o melhor que sabia e podia, dado que não foi fácil educar sozinha dois pré adolescentes. Mas nunca fui aquela avó que mima os netos e por vezes até estraga a educação dos pais. Sempre vi nos meus dois netos uma extensão parcial do Miguel e como os nossos conceitos de educação eram diferentes, nunca tentei "intervir" nessa área.
Assim, o que neles me interessava eram os potenciais futuros adultos a quem eu pudesse transmitir alguma da minha experiência de vida. E porque eles são bastante diferentes, isso sempre foi mais fácil com um do que com o outro.
Hoje são homens com vida própria. Pouco ou nada, portanto, "intervenho"nela. Mas gosto de sentir neles - nos defeitos e nas qualidades - as marcas que, considero, são típicas das minhas duas famílias. E isso faz-me sorrir e dá-me uma certa tranquilidade. Quanto ao afecto e à ternura, dou aquela que deles recebo. Como, aliás, entendo que deve ser!

HSC

quinta-feira, 25 de julho de 2019

Tudo isto existe...tudo isto é triste!


Confesso que já me envergonho com o que vejo e com o que oiço relativamente aos incêndios em Portugal. A mensagem é sempre - acredite-se! - a de que os incêndios terão, inevitavelmente, de continuar. 
Isto, depois do ministro da Administração Interna, ter passado o inverno e a primavera a anunciar ao país que tudo se encontrava totalmente preparado para a época estival.
Mas, como os incêndios têm vontade própria e não dependem do senhor ministro, já se declararam. Face à ocorrência o mesmo ministro tenta agora repetir-nos, numa insistência ensurdecedora, que o governo fez tudo bem feito. Vê-se!
E, azar dos azares, estas declarações são feitas tendo, televisivamente, como pano de fundo, as chamas, o desespero das pessoas, as queixas dos bombeiros mal alimentados e as matas cheias de material combustível.
Assim, o ministro tenta vender a sua nova história, alimentando-a no momento, com a pequena política de acusações feitas a autarcas que não pertencem ao seu partido e até prepararam, como o de Mação, a sua região para o pior. 
Continuamos, infelizmente, com o habitual jogo político do passa culpas, em que o culpado é sempre o outro, num volte face que suavize a ideia de que a maioria absoluta do PS pode depender da forma como correr este verão. 
Que S. Pedro nos proteja do pior. E os proteja a eles, senão a sua maioria absoluta corre o risco de ficar muito esturrada...

HSC

quarta-feira, 24 de julho de 2019

As novíssimas profissões...

Um dos dramas da sociedade em que vivemos é a nossa baixa auto estima. Em particular das mulheres, que em lugar de olharem para si próprias, constatarem defeitos e qualidades e construirem a sua própria imagem, não descansam enquanto se não aproximam das imagens que a sociedade lhes vende. 
É o caso típico da moda, em que a ansiedade por copiar os últimos modelos, não dá a muitas delas qualquer trégua. E, infelizmente, também lhes não permite ver o ridículo em que muitas acabam por cair.
Em Portugal não temos revistas para mulheres comuns, temos revistas para modelos ou para criaturas saídas do photoshop. O resultado está à vista: mães e filhas usam os mesmos modelos...
Cada idade tem a sua sedução e eu sou apologista de que até ao último suspiro tratemos do corpo e do espírito. Mas parece uma evidencia que se uns calções curtos ficam bem numa jovem de 18 anos com corpo para os usar, podem ser uma verdadeira desgraça quando vestidos pela mãe de cinquenta e tal anos, por melhor figura que esta tenha. Não "encaixam"!
Há uma razão essencial nesta ditadura da juventude. É que existem muitos lugares para os quais o que se deveria exigir era cultura e capacidade de comunicação, mas que acabam por estar entregues a umas carinhas larolas, cujo único objectivo parece ser o de surpreender pelo exotismo com que se apresentam.
Esta questão põe-se muito ao nível do que entendeu chamar-se a "figura pública" e que engloba politicos, futebolistas e rostos televisivos. Acrescem agora as novas profissões dos "youtubers" e dos "influencers", seja lá isso o que for. Pessoalmente faz-me pena que as pessoas se estimem tão pouco, que só se sintam gente, quando se assemelham a uma ou mais dessas tais personagens. 
Antes a palavra socialite englobava tudo isto. Agora a coisa fia mais fino e torna-se necessário especificar a área em que a dita se destaca. 
E é assim que elas preenchem os questionários e na profissão escrevem, por exemplo, que são "blogers". Mas desde quando é que este tipo de trabalho se tornou profissão encartada?!

HSC

terça-feira, 23 de julho de 2019

A paz interior

Levei muito tempo a pensar que a paz interior só se obtinha quando perdoávamos todos os que, por um motivo ou por outro, nos tinham magoado. Tempo demais, julgo hoje, que sinto de forma diferente.
Explico-me melhor. A vida deu-me desgostos, algumas raivas, mas jamais ódios. Não sei odiar, não sei como seja possível faze-lo e não estou minimamente interessada em entender quem seja perito nestas questões.
Talvez o facto de ser católica me tenha ajudado. Mas acredito que geneticamente não recebi essa capacidade. Vivi numa familia em que muitos pensavam de forma diferente, mas isso nunca afectou o amor que os unia. Recebi, portanto, dos meus, essa dádiva.
Mas, para compensar este aspecto positivo, tenho uma memória de elefante, que não esquece nada, o que dificulta algumas vezes aquela paz interior. E ninguém a tem, se tiver mágoas. 
Muito trabalho pessoal nesse sentido, alguma ajuda lá de cima e de quem me dirigia espiritualmente, acabaram por me reduzir a memória do que era menos bom e a aumentar a lembrança do que fizera a minha felicidade. 
Os anos foram-me ajudando a perceber que as energias só devem ser gastas naquilo que nos torna melhores pessoas. Ora, para isso, não é preciso saber perdoar. É preciso saber aceitar. Aceitar nomeadamente a diferença.
Nem sempre é fácil, mas é absolutamente necessário para se ter, na minha idade, o prazer que, afinal, proporciona saber gostar dos outros como eles são, sem cair na tentação de os querer transformar à nossa imagem e semelhança.

HSC

segunda-feira, 22 de julho de 2019

É melhor esclarecer

Tudo o que aqui escrevo é de minha autoria e corresponde ao que penso, ao que sinto ou ao que julgo. Em certos casos, até esclareço, logo de início, que a minha opinião pode ser menos fiel por ter preferências.
Significa isto que quando falo de um filme, de um livro, de um creme, de um perfume, de uma loja, dou uma opinião pessoal e não recebo pagamento por isso. Há quase 11 anos que mantenho este blogue  e essa foi sempre a minha conduta. Em consequência, já em várias circunstâncias me abstive de falar de temas ou produtos, que até deviam ser publicitados. 
Decidi que isso se não repetiria e que nada justifica que eu não tenha a liberdade de dizer bem ou criticar produtos do meu quotidiano. 
Todos os que me lêem sabem, por exemplo, que tenho cinco livros de cozinha publicados. Ora nessa actividade que mantenho, há novidades que interessam a muita gente que, como eu, tem prazer em cozinhar. Algumas são boas, outras assim assim e outras são para esquecer.
Também diariariamente cuido de mim - para a idade que tenho podia estar pior, se me não cuidasse - e  tento estar confortável com a indumentária que uso. Não sou de espalhafatos, tenho bom senso e nunca escondi a minha idade. Talvez porque julgo que isso tudo junto faz parte daquilo que sou.
Por todas estas razões, vou passar a ter aqui no blog, duas secções novas: o que "gosto" e o que "não gosto". Em futuro próximo irei migrar de plataforma e fazer umas alterações no lay out do Fio de prumo de modo a conseguir âmbito muito alargado, onde possam caber as minhas "livres opiniões" sobre o que vejo, o que oiço, o que leio, enfim, o que compro ou não compro.
Assim já posso falar do que entender com a única finalidade de informar. E se, para tanto, tiver que recorrer a informações de editoras ou de marcas, tal será devidamente assinalado.

HSC

domingo, 21 de julho de 2019

As três poderosas




Na Europa, neste momento, são três figuras femininas que dominam o panorama politico europeu. 
Falamos de Angela Merkel, de Ursula van der Layden e de Annegret Kramp-Karrenbauer, conhecida pelas iniciais AKK, presidente da CDU alemã e possível sucessora da actual Chanceler. 
Teresa May e Christine Lagarde já foram importantes, nomeadamente em 2018. Aquelas três é que deterão nas suas mãos a capacidade de fazer girar o mundo.
Esta circunstância de domínio feminino, não deixa de ser curiosa quando, por outro lado,  continuam a existir países neste velho continente, em que a igualdade de género exista, mas não passa do papel. Aqui mesmo, em Portugal, começa a haver gestoras, ministras, formadoras de opinião, mas elas são, sobretudo importantes nos negócios privados. 
No domínio das funções publicas e excepto no campo da Saúde as ministras que temos, ocupam os cargos menos sofisticados. Mesmo assim, esta evolução dá-se, sobretudo, a partir do século XXI. Digamos que o domínio masculino leva séculos de poder...

HSC

A Mulher em destaque


A eleição de Ursula von der Layen para a presidência da Comissão Europeia foi um dos temas que marcaram esta semana. O facto de ser mulher, de ser alemã, de ser mãe de 7 filhos e de ser médica foram abundantemente referidos no seu retrato, como se estes factores influenciassem particularmente a forma como viria a exercer o cargo. As mulheres ainda precisam destes dados biográficos, para justificar a escolha de um alto cargo na hierarquia profissional. Talvez  também ajudasse saber se gosta de cozinhar e se o faz...
A dirigente alemã conseguiu ser eleita, por margem escassa, depois de prolongadas negociações com as famílias políticas do Parlamento Europeu. 
A sucessora de Jean Claude Juncker não vai ter a vida fácil. Com efeito, a primeira batalha que vai ter de  enfrentar até final do verão, será a formação da sua equipa de comissários.
E, no intuito de agradar a gregos e troianos, como já fez no seu consensual primeiro discurso, avisou que pretende ter consigo um executivo paritário, no qual pelo menos 50% serão mulheres. 
Promessas são promessas, mas esta encontra algumas dificuldades de concretização, já que que a maior parte dos comissários são do género masculino.
Percebo a vontade, como também percebo a questão das quotas para mulheres. Mas, pessoalmente, dizem-me pouco, porque os meus caminhos são outros. Não é pela imposição de mulheres nos centros decisórios que a nossa posição será reconhecida. 
Aqui trata-se de um direito comum aos dois sexos. E esse direito estabelece que as escolhas devem ser feitas pela excelência e não pelo género.
O que me não impede de ficar satisfeita com a escolha de Ursula von der Layen, se ela for a pessoa competente para o cargo. Este é que será o verdadeiro teste para avaliar da opção feita!

HSC

sábado, 20 de julho de 2019

A Filipa Garnel


Digo já que sou amiga da Filipa e do seu marido. E que gosto muito de ambos.
Foi por ela que fiz parte dos juris da Lux sob sua direção e devo-lhe provas de amizade de que ambas nos rimos bastante. Acresce que esta ligação se estendeu sempre aos meus filhos o que a consolidou ainda mais.Assim, quando soube que fora nomeada directora de programas da TVI fiquei muito feliz.
A Filipa é uma "cabecinha pensadora", que sempre soube rodear-se de gente competente e fiel que   a ajudou a dar corpo às suas ideias. Por isso, acredito que ela consiga dar uma reviravolta aos programas da estação e que já tenha em mente outros novos. Admito mesmo, que lá para Outubro comecemos a ver o resultado da sua "mãozinha".
A oportunidade surge-lhe na altura própria, quer pessoal quer profissionalmente, em que já deu variadíssimas provas na área da comunicação e do entretenimento. E, acima dela, tem como director geral Luis Cabral, alguém que conheci no velho Independente e que, ao longo da sua carreira já mostrou saber muito daquilo que a TVI precisa.
Tenho a certeza de que algo vai mudar para muito melhor na estação e que uma maior concorrência entre canais só pode beneficiar o entretenimento e a informação. Aguardemos pois.
Para já, deixo aqui o meu apertado abraço à Filipa Garnel e os votos de sucesso para ela e para a equipe que escolher!

HSC

quarta-feira, 17 de julho de 2019

Ainda serei economista?

As notícias sobre a banca portuguesa deixam-me o sangue a ferver. Chego, por vezes, a acreditar que se trata de uma invenção, tal a criatividade / permissibilidade que se alcançou nesta área. 
Hoje pode ler-se nos jornais a lista, sem nomes, dos maiores devedores - ia-me saindo outro nome, mas infelizmente sou muitdo educada - e nela se dá conta de que "há devedores e devedores na banca portuguesa e entre os maiores está a Grécia. É o cliente “112” da lista divulgada pelo Banco de Portugal. Os gregos deram um rombo de 766 milhões de euros ao BCP e BPI, depois do maior perdão de dívida da história, concedido ao país em março de 2012, aquando do segundo resgate financeiro internacional a Atenas".
Alguém consegue entender o que isto representa e como é que aconteceu? É que por mais que tente servir-me da preparação técnica que tenho, assola-me já sempre a dúvida, real, sobre os meus próprios conhecimentos, enquanto economista. Daí o titulo deste post...

HSC

terça-feira, 16 de julho de 2019

Destino marcado

Esta questão recente de Fátima Bonifácio, que empolgou o país, acabou por me proporcionar a leitura    de muita coisa que me fez pensar. 
O caso dos ciganos, de novo retomado, lembrou-me o drama de uma colega que tive e foi marginalizada pelos seus, porque se apaixonou por um homem que não era da sua etnia. Nem calculam o que esta mulher passou.
Do ponto de vista feminino a obrigação de casar com os seus, na adolescência, e numa iliteracia ainda muito grande, dada a pouca simpatia que os pais têm pela actividade escolar das filhas, causa-me algum incómodo.
Como conciliar tradições, que vão contra os nossos costumes, com a integração que todos desejamos porque eles são tão portugueses como qualquer de nós? Angustia-me pensar que algumas daquelas mulheres interiorizaram de tal modo em si aquelas tradições, que as sentem como fazendo parte do seu destino e nem sequer estão interessada em fazer nada para o alterar.
Aquela minha colega sofreu tanto, que quando enviuvou, quis voltar para o seu povo. Mas, entretanto, já tinha tido filhos e filhas que foram para a Universidade e a aconselharam a não o fazer, porque duvidavam que a mãe depois de proscrita, fosse aceite. E muito menos, com filhos que nunca por lá haviam passado.
Como fazer? Como integrar sem aceitar praticas que ferem os nossos princípios? Há quem acredite que é possível. Decerto têm razão. Mas parece-me tão difícil!

HSC

domingo, 14 de julho de 2019

Gosto deste júri!


Vejo pouca televisão nacional como já aqui tenho dito, nomeadamente na área do entretenimento. Todavia há um programa que vejo sempre que posso na sua nova versão. Trata-se do “A tua cara não me é estranha”, que é muito bem filmado e tem uma excelente produção.
Mas aquilo de que hoje quero falar é do actual júri, que considero uma mais valia do espectáculo. São três pessoas completamente diferentes mas que funcionam muito bem em conjunto. Destaco para já Rita Pereira, que está lindíssima depois de ter sido mãe, e Rui Maria Pego, ambos tentando e conseguindo pontuar com justiça os candidatos, também eles de excelente qualidade. A primeira vem do mundo da moda e mostra que é bastante mais que uma bela modelo. Rui Maria é ele próprio e eu nem me lembro de quem ele é filho, o que prova que quem ali está é ele próprio. E eu gosto disso.
Finalmente, Fernando Pereira está como peixe na água, já que a sua carreira tem muito daquilo que é o objectivo deste programa. Falta-me, apenas, ver o Cifrão, mas dizem-me que é ele que nos bastidores treina e coordena as danças.
Não sou perita nestas áreas mas, do meu ponto de vista, o programa parece-me totalmente novo e para mim a TVI está de parabéns com os novos jurados. Dos concorrentes hei-de falar mais tarde.

HSC

Este Domingo...


Pelo menos para mim, o domingo não devia ser o dia do Senhor, da ida à missa, das refeições tomadas em família. O domingo deve ser o dia em que se só se faz o que nos apetece. Há bastante tempo que sigo esta prática e, por isso, muitas vezes a missa do dia passa para o sábado ou até para sexta. Ou nem sequer passa. E não me sinto menos filha de Deus por estes eventuais incumprimentos, com tendência a ocorrerem sobretudo no Verão.
Hoje foi um deles. Creio que ainda irei à missa da tarde, mas a manhã foi passada num verdadeiro dolce farniente, apenas interrompido, aqui e ali, pela duvida cartesiana sobre se valeria ou não a pena fazer a cama. Vingou a negativa...
Foi com este espírito que aceitei o convite para ir almoçar ao novo restaurante JNCQUOI ÁSIA, aberto recentemente, mas já apinhado de gente como o primeiro. Valeu o convite.
O espaço é fabuloso, o ambiente ótimo - para mim, talvez, demasiado ruidoso - e a comida variada e de muita qualidade. Em certas ocasiões parece mesmo que estamos nesse outro continente, o que, creio, será o melhor dos elogios que eu posso fazer. 
Os preços não matam, ao contrário de alguns outros espaços da mesma categoria, e o pessoal é de uma enorme atenção e gentileza. Nada que espante, sabendo-se do curriculum do Miguel Guedes de Sousa - seu proprietário -, nestas matérias. 
Enfim, um bom domingo, uma boa refeição e um bom descanso a fazer aquilo de que gosto: comer bem, gozar da companhia de quem gosto e passear à sombra pela Avenida da Liberdade, deitando o olho às montras de luxo, agora já em saldos. Bela vida, esta!

HSC

sábado, 13 de julho de 2019

Mudar de vida


Há já algum tempo que me andavam a convidar para participar de uns Pequenos Almoços denominados "Breakfast Girls Just Wanna Have Fun" que se realizam mensalmente, sob inscrição, num grupo criado no Facebook pela jornalista Sandra Nobre. Impedimentos de agenda só agora tornou possível essa ida, num dia desta semana.
Foi uma experiência muito curiosa. Na minha geração, mudar de vida, de estado ou de profissão, era pouco frequente, para não dizer inaceitável, quando aplicado ao mundo feminino. E, quem, como eu, o fez no dealbar dos 30 anos, sabe bem do que fala.
Surpreendentemente, uma parte das 14 mulheres que ali estavam reunidas, eram mais novas e foram a este encontro por vontade própria, para falarem das razões porque o haviam feito. E eu tive a nítida sensação de como  as mulheres se souberam transformar nestas duas ultimas décadas.
Não foi só o acesso ao mundo do trabalho, a independência financeira, as quotas ou a pílula libertadora. Foi tudo isso, mas foi muito mais. Foi, sobretudo, a tomada de consciência de si próprias, dos sonhos que nem sempre podem ser partilhados, enfim, de que "ser" e "existir" não são a mesma coisa, embora a sociedade nos empurre a considera-los como tal.
Na orgânica de uma cidadania consciente e à semelhança do que se já faz noutros países, estes grupos de reflexão existem, são ouvidos e têm um legítimo poder representativo. Possivelmente, até já existirão entre nós, outros que não conheço. 
Se assim for, dêem-se por favor, a conhecer, contem o que fazem e porque o fazem, já que não serão só as mulheres a agradecer. É o país que fica mais enriquecido!

HSC

E as legislativas?!

As legislativas aproximam-se, de mansinho, sem que delas nos estejamos a dar conta. Sob o efeito do calor abrasivo, os nossos neurónios só acordam sob a acção de certo tipo de notícias, como desastres, de preferência com ambulâncias e mortes à mistura - e, claro, o inefável questionário a um cidadão que por acaso passava ali na ocasião e tem, nesta entrevista, o seu grande momento televisivo - ou de uma qualquer efeméride inesperada, que permita manter em lume muito brando, até Outubro, o necessário esclarecimento político. 
Assim, quanto menos os partidos falarem dos seus programas, melhor para António Costa que pode falar quanto baste do seu e, com o seu talentoso jeito nos convence de que o caminho que trilhou é o único que nos pode levar à redenção. Habilíssimo político - dos melhores que já conheci ao longo da minha também já longa vida - o que lhe interessa, mais que tudo, é a possível maioria absoluta que o liberte de compromissos muito difíceis de alcançar.
Um "fait divers" como aquele que criou o infeliz texto de Fátima Bonifácio, foi o sopro inesperado, que estava a faltar, para que o país se pusesse em pé de guerra e não fizesse nem ouvisse ou pensasse noutra coisa. Iremos, provavelmente, ouvir falar do tema durante os próximos meses, já que isso convém a todos, dando-lhes folgo para se esfolarem nos últimos 15 dias de campanha. E nós, ansiosamente  desejosos de sermos politicamente correctos, nem daremos conta da "marosca"!
Enfim, esperemos que os neurónios de alguns cerebros menos sobreaquecidos, acordem a tempo de perceber que a altura é de esclarecimento sobre os programas de cada partido que pretende governar e não para abrir a caça às bruxas, que não leva a lado nenhum!

HSC

segunda-feira, 8 de julho de 2019

Liberdade para pensar

Todos falam muito de "liberdade" de expressão. Todos falam muito de democracia. Todos falam muito de tolerância. Mas quando alguém se arroga o direito de dizer ou escrever o que pensa e esse pensamento não obedece ao que se considera politicamente correcto, cai o Carmo e a Trindade, o verniz estala e a incitação á violência de certos textos críticos, parece tudo menos de gente que tem a obrigação de ter tento na língua. Que mais não seja, por pertencer à chamada elite pensadora.
Já se sabe que Portugal é um país maioritariamente de esquerda. Mas por sorte ou por azar, nem toda a esquerda tem o monopólio da verdade, já que muito esquerdistas não passam de burgueses encapotados ou de ditadores disfarçados, que se um dia detivessem o poder, não hesitariam em liquidar quem não pensasse como eles. 
No passado, há quatro décadas - é bom não esquecer -, já tivemos quem quisesse encurralar no Campo Pequeno, oposicionistas a democratas tipo Vasco Gonçalves...
Pois bem, passou quase meio século de revolução em que se acreditou terem-se interiorizado os valores democráticos. Afinal não. Se lhes dessem uma espingarda, os iluminados democratas de hoje, feririam sem apelo nem agravo, todos aqueles que não partilhassem a sua maneira de pensar! Para os acordar e pôr no bom caminho.
É uma pena que assim seja, mas  há democracias que se assemelham muito a certas ditaduras. Depois, admiram-se que a direita se esteja a expandir e nas piores circunstâncias.

HSC

quinta-feira, 4 de julho de 2019

O que ganhou António Costa?


António Costa fez tudo, nas últimas semanas, para tirar ao PPE os principais cargos da União Europeia. Mas decorridos três dias de impasse negocial dentro do Parlamento Europeu, acabou por ceder. 
Convém lembrar que a função de um primeiro ministro é defender os interesses nacionais e não os desígnios do grupo político a que pertence. 
Ora Costa colocou-se completamente contra a Alemanha e juntou-se a Macron e a Sanchez que, claro, o haviam de abandonar, quando já não precisavam dele.
Para culminar, resolveu atacar Donald Tusk, esquecendo que quer Merkel, quer o Presidente do Conselho Europeu, sabiam que a solução de Osaka nunca poderia ser aceite pelos restantes países da União Europeia. 
Acresce que Tusk considerava – e bem - que não seria desejável aquela posição. Para perceber isso, bastava recordar o que Tusk fez em Julho de 2015, para impedir que a Grécia saísse do Euro. 
Mas, mais importante ainda, Costa sabia o papel construtivo que Tusk tem desempenhado no processo do Brexit, ajudando a manter a unidade da UE e evitando a radicalização de posições entre Bruxelas e Londres.
Quando aceitou a decisão de um pequeno directório de países, grandes e ricos, onde estava a Espanha, ignorou um princípio básico da diplomacia portuguesa. E seguiu-os até ao ponto em que já não havia ninguém mais para seguir. 
A isto chama-se um paradoxo, ou talvez... um desastre de política externa!

HSC

segunda-feira, 1 de julho de 2019

Sandra Nobre e a Sentada Familiar


Há uns meses, coloquei aqui um post sobre o programa da 24 Kitchen chamado A Sentada Familiar e elogiei a simplicidade com que a sua autora nos explicava os pratos que fazia. E nos quais a sua origem africana deixava uma marca, por mim muito apreciada, já que passei um tempo bem gostoso por aquelas terras.
Mas o que na altura me chamou mais a atenção, para além das curiosas receitas que nos disponibilizava, era a forma como ela conduzia o programa. Nada de toillettes exóticas que ninguém leva para a cozinha, apenas os jeans e as camisas constituiam a sua "farda" e isso contribuia muito para que a nossa atenção se centrasse sobre a comida. Por mim, encantada, dado que era uma mais valia. É que também é deste modo que preparo as refeições da família.
Uma vez, há talvez um ano, encontrei-a acidentalmente num jantar em casa da Rita Delgado e aproveitei para lhe elogiar o seu programa. Apesar de surpreendida, pareceu-me realmente feliz com o elogio.
Há pouco tempo soube que iria lançar um livro com as suas receitas. Recebi-o hoje das mãos da amiga comum. Estive toda a manhã a vê-lo e confirmei tudo o que antes me parecera. A Sandra Nobre do livro é exactamente aquela que vemos na televisão. Uma chef!
As receitas, excelentes, estão bem arrumadas pelas estações do ano, num livro cuidado, cuja edição pertence à Casa das Letras e ao canal onde trabalha. Vale a pena adquiri-lo e vale a pena assistir aos seus programas.
A Sandra é uma profissional que se prepara, que estuda e que, espero, tenha ambições de ir cada vez mais longe. À escala nacional, para mim, o seu programa e o da Catia Goarmon são os que mais se aproximam daquilo que eu julgo deverá ser o objectivo a atingir.
Por isso, espero que outros livros dela venham a surgir e que o seu programa continue com a mesma simplicidade a que já nos habituou.

HSC