«Há dias em que Deus é tudo para mim. Há dias
em que não é nada, como se eu nesses dias não fosse mais que uma criatura
animal ou vegetal, uma besta que treme, ou que canta, uma planta que não
precisa de mais nada a não ser ar, água e sol. Há dias em que não tenho alma.»
Esta experiência – vivida mais cedo
ou mais tarde por todos aqueles que têm uma religião – faz parte da fé e da
própria vida.
Há um tempo em que Deus parece
eclipsar-se e calar-se. Como se nós deixássemos de fazer parte das suas
preocupações. É o período do deserto, da subida ao monte Moriá como Abraão, ou
ao Carmelo como S. João da Cruz.
É uma
representação nítida e intensa da experiência que atinge também os grandes
mestres do espírito. Viveu-a Santa Teresa de Ávila na sua longa fase de «aridez
espiritual». E vivemo-la muitos de nós, no silêncio de uma vida dita normal.
A
espiritualidade de cada um não é um mar tranquilo. Ela atravessa, ao longo da
nossa existência, períodos de uma profunda intensidade, de uma imensa riqueza,
a que se seguem vagas de dúvidas, de incertezas, de inseguranças. Não desistir
de nós próprios é, talvez, a maior prova de que a Fé está lá, escondida no
canto mais recôndito da nossa alma.
HSC
6 comentários:
Subscrevo inteiramente!
Uma boa tarde
Também assim sucede comigo.
Os meus cumprimentos.
Irene Alves
Ai que tema tão importante!
Com efeito a nossa vida espiritual, seja ela religiosa ou não, traz-nos muitos períodos de travessia do deserto.
Palavras inspiradoras e tão verdadeiras.
Beijinhos
DNO
🌷
Pois é: Deus não nos larga!
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