O excesso de moralismo tem, sobre mim, um efeito perverso. Não é de agora e sempre me senti desconfortável quando tentaram aplicar-me figurinos do politicamente correcto.
Vem isto a propósito da malha apertada a que muitos de nós ficamos sujeitos pelo exercício de certas funções públicas ou, até, por sorte ou azar, nos termos tornado mais ou menos "afamados".
Não conheço Mario Centeno de lado algum. Nem do Banco de Portugal que ambos, em épocas diferentes, frequentámos. Nem sequer é, entre actuais ministros, aquele com quem simpatizo de modo especial. Limito-me a ter por amigo, alguém que também é seu amigo. É pouco para estar em causa qualquer conflito de interesses.
Por isso, estou à vontade para exprimir a minha opinião. Admito que pedir dois bilhetes para ver um jogo de futebol na bancada central, não tenha sido uma atitude feliz. Mas daí a acreditar na cumplicidade de favores que esse pedido representaria, vai uma distância que, neste momento, me recuso a percorrer.
Portugal precisa de ter uma comunicação social séria, que não embarque de imediato no julgamento em praça publica, apesar das audiências que isso comporta. Porque o mal que tal comportamento provoca na pessoa visada não é nada comparado com o mal que provoca no país e na imagem que este carece de projectar no exterior.
Repito, não tenho qualquer filiação partidária, nao conheço nem simpatizo muito com Mario Centeno, ninguém me encomendou o sermão e até estou em total desacordo com algumas medidas tomadas pelo Ministro da Finanças. Mas não gosto nem desejo ver um ministro português ser enxovalhado e julgado na praça publica nacional e estrangeira, sem que as instituições próprias o tenham avaliado.
HSC