sábado, 4 de novembro de 2017

Porquê, só agora?!

Se o feminismo militante sempre me irritou um pouco pela agressividade de algumas das suas praticantes, o machismo militante irrita-me muito mais, porque atinge a minha dignidade.
De repente, sem bem se perceber porquê, foram desenterrados múltiplos casos de assédio sexual, em particular na área cinematográfica e em especial na velha Hollywood. O que me surpreende é que só passadas mais de três décadas, eles venham a lume com esta intensidade. 
Compreendo que à época fosse muito difícil às assediadas falarem dum assunto que não só era melindroso, como seria difícil de provar. Mas que diabo, passados dez ou quinze anos, a maioria dessas pessoas já estaria  certamente em condições de poder falar e de ser ouvida. 
Porque é que isso não aconteceu, por exemplo, na onda de casos como o de Clinton e só agora aparecem em catadupa? Confesso que, se me causa uma enorme repulsa o que à época terá acontecido, também me incomoda que, tendo o mundo neste intervalo de tempo, mudado tanto, só decorridos mais de 30 anos aquelas pessoas se venham confessar publicamente. Até porque continuam, na maior parte dos casos, a necessitar da confissão dos visados,  para provarem o que dizem.
O que terá levado a que actrizes/actores, de reconhecidos méritos e com uma carreira consolidada, só agora tenham encontrado a coragem de se expôr?!

HSC

17 comentários:

Silenciosamente ouvindo... disse...


Não sei responder à sua pergunta drª.Helena,

mas partilho das suas interrogações.

Será que foi preciso um avançar, para outros

terem coragem?

Bom fim de semana.

Os meus cumprimentos.

Irene Alves



Anónimo disse...

Oh Dra Helena!
Esse é o velho dilema judaico-cristão, senão vejamos:
_Há 20 ou 30 anos essas donzelas(?) candidatas a actrizes, cómicas e modelitos tudo faziam e tudo agradeciam em prol de toda a elevação social e profissional, quer fosse de pé, de joelhos, ao microfone ou de frango assado, era tudo 2nice" e na boa. Cumprida a função era mais que provável que pedissem o bis ou tris, (desde que fosse entre os quadris), da mesma função. E claro partiram para outra(o) pois a fama e o proveito não podiam esperar. Entretanto passam os verões e os invernos; chegam as rugas e as plásticas as bolsas vão ficando mais recheadas e a auto estima aumenta e convém publicitar o políticamente correcto, defender causas fracturantes, e dar uma de púdicas e honestas, (As outras já só lá vão com Viagra e reparações a "laser") Pelo que e com os calafrios da menopausa a congelar-lhes as entranhas, com as hormonas a zero, metem-se nos drinks e estes a subirem á cabeça. Está na hora do arrependimento dos comportamentos pretéritos, associado a uma "revanche" contra os canastrões que as inauguraram. Claro falam e dizem o que lhes passa pela cabeça esquecida e senil. (No tempo certo não chamaram pela mãe nem pela vizinha) antes pediram para repetir o toque! Agora como o fim da vida se aproxima e o arrependimento está a chegar pois há que prestar contas ao Criador da Luxúria e Volúpia terrenas, fazem-se lacrimosos e exaltados actos de Contrição para salvar a alma, pois a carne já foi papada e o osso esburgado. E como diria o prior da minha freguesia resta-lhes o pecado da Gula e esperanças da Vida Eterna. Deus lá estará em Sua Gloria para julgar- A umas abrir-lhes-há as portas do Paraíso e as entregará ao nosso S. Gonçalo de Amarante, que as fará gozar as delícias da sua florida, fálica e robusta "cacheirinha". Aquelas a quem tocar as genas do Inferno também não lhes faltará um robusto Belzebú de barbas de bode, pata rachada e estrovenga gelada. Haverá para todas

Anónimo disse...

Sim, o catalisador pode muito bem ter sido esse. Foi necessário sentir haver receptividade e uma espécie de 'apoio de grupo' para conseguir ultrapassar a vergonha (muitas vezes) paralisadora, o medo de represálias e confessar algo tão penoso.

Há aqui anos uma minha familiar 'confessou' num contexto absolutamente improvável (leia-se, não tirava proveito algum por partilhar a situação em causa) ter sido vítima de abuso sexual.

Contexto: Vê lá tu, XPT que foi detectado um pedófilo, o primeiro da história, em Z (lugarejo de onde era natural XPT).

Resposta de XPT: não foi o primeiro, não (numa consternação extrema).

(...)

Não, já não vou chamá-lo a contas, morreu recentemente.

Falar abertamente sobre o assunto? Não. Não quero magoar os filhos dele (havia uma relação de proximidade típica nestes casos).

50 e muitos, nunca se lhe conheceu um namorado, uma série de inibições cerceadoras do fruir próprio da vida em
sentido lato.

Só aos 50 e muitos, acabou por procurar ajuda profissional.

Catalisador: a morte física do agressor.

Acredito que com os primeiros relatos, simbolicamente os agressores que vieram a público tivessem perdido poder junto das suas vítimas.

Junte-lhe o poder agregador proporcionado pelas redes sociais e tem - provavelmente - o colo necessário para assumir tamanha barbárie.

Cumprimentos.

diogo disse...

subir na horizontal ...agora que são alguém queixam-se ???
deve haver culpa dos dois lados

Zé Balázio disse...

Na época do Clinton faltavam munições. Actualmente são um fartote !
Para bom entendedor....

Pedro Coimbra disse...

Confesso que todo este barulho de assediados/as, de um momento para o outro, me deixa desconfiado.
E com um forte odor a oportunismo.
Boa semana

Anónimo disse...

Ora ora,boa pergunta! Mas por favor,não "invoque"o diabo pois já chega de inferno em Portugal.Ainda as "velhas raposas" pedófilas violam os coelhos indefesos e distraídos...vá de retro o demo!

Dr Zé

fali-vendo-me.blogspot.com disse...

Ou então, mais simples ainda...
Quando a chama de algumas estrelas começa a apagar-se, nada melhor do que avivar a sua visibilidade e prolongar a sua vida... com um "escandalozito"...

Perdoará, mas há muito gente em quem eu não confio nada...

Anónimo disse...

tenho receio que no meio disto tudo existam oportunistas, a se aproveitar da situação. o que é uma pena!
anonima

Anónimo disse...

Entre uns e outras venho o demo e escolha.
Só sei que nada sei num reino de pérfidos.

Dr Zé

Anónimo disse...

Como gosto de ler o Fio de Prumo e seus comentadores. Está agitado o "clima" por aqui.
Venham mais para que seja uma animação!

Dr Zé

Anónimo disse...

Por inerência de funções estou exposta a vítimas de crimes de natureza sexual. Na minha vida pessoal, também conheço quem o tenha sido e conheço até um perpetrador.

É confrangedor, confesso, ler alguns comentários a respeito. Revelam um - até certo ponto compreensível - absoluto desconhecimento das dinâmicas psicológicas que respeitam as experiências de vitimação, sobretudo as que dizem respeito às vítimas de crimes contra a autodeterminação sexual.

Anónimo disse...

Diana Nyad: My Life After Sexual Assault

https://www.nytimes.com/2017/11/09/opinion/diana-nyad-sexual-assault.html

Muito gráfico. Cru. Para quem tiver coragem.

Anónimo disse...

Porquê só agora? Porque nesta porcaria de sociedade patriarcal isto é considerado como normal, quando não é.

PSICANALISTA disse...

Nem mais!

Anónimo disse...

Alguns posts aqui publicados são extraordinários e, em parte, explicam o porquê de toda esta situação: há imensas referências às "galdérias" que subiram na horizontal, que há culpa dos dois lados (claro, se elas não fossem lá tentá-lo, o santinho nunca teria feito nada do género), etc. Mas quanto aos agressores não vejo uma única palavra de crítica ou repúdio. Esse não tem culpa, são anjos de bondade que foram tentados e desviados por essas vadias sedentas de fama??? Parece-me a mesma lógica de que quando uma mulher é violada é "porque estava a pedi-las" ou os "princípios" que regem os fundamentalistas islâmicos no que diz respeito à mulher. Para haver vítimas tem que haver, em primeiro, um agressor. Isto não acontece só em Hollywood, acontece no escritórios, nas fábricas, em qualquer sítio onde alguém, normalmente um homem, gosta de exercer o seu poder (porque é do poder sobre os outros que se trata) e usar e humilhar as mulheres. Aí também é a fama que faz com que as mulheres se sujeitem a isso? Essas sofrem em silêncio, envergonhadas, com medo da reação até dos seus familiares. A única diferença das atrizes é que estas, quando se decidiram a falar, têm uma voz que falta às outras todas.
Porque é que só falaram agora? Não sei, talvez porque só agora e em grupo a sua voz se conseguiu sobrepor à de homens, cuja opinião e ação é exatamente igual a algumas das publicadas nestes comentários.

Anónimo disse...

Eu diria que a maioria dos comentários aqui sao de homens que durante muito tempo achavam que mandar um piropo, dar um apalpao ou fazer um comentário mais badalhoco podia passar impune... tudo na brincadeira e na máxima "boys will be boys".

Pois, as coisas estao a mudar e há que ter mais cuidadinho na forma como se abordam e tratam as mulheres.